Marino Marini, escultor italiano que criou uma ponte entre a arte moderna e a antiga tradição romana e etrusca, foi o último domador de cavalos de bronze

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Marino Marini (nasceu em Pistoia a 21 de fevereiro de 1901 – faleceu no dia 6 de agosto de 1980, em Viareggio, na Itália), escultor italiano. Em 1949, Marino Marini quis doar uma escultura, um cavaleiro e seu falo ereto sobre um animal, para uma praça de Vicenza, e a cidade constrangida recusou o presente. Ao saber do ocorrido a milionária americana Peggy Guggenheim comprou-a para o seu Palácio dos Leões em Veneza e o “Anjo da Cidade” está para as coleções de arte moderna de Veneza assim como os cavalos da Basílica de São Marcos estão para os tesouros renascentistas da cidade.

Marino Marini, que nasceu em Pistoia a 21 de fevereiro de 1901, foi o último domador de cavalos de bronze. Suas esculturas criaram uma ponte entre a arte moderna e a antiga tradição romana e etrusca. Deixou uma respeitável coleção pessoal além de esculturas, desenhos e telas, distribuídos pelos principais museus do mundo. Na verdade, somente nos anos 50 é que a fidelidade de Marino Marini às raízes etruscas de sua escultura começaram a merecer o respeito internacional. Apesar do Grande Prêmio de Escultura na II Quadrienal de Roma, em 1935, e da cátedra como professor na Academia de Brera, desde 1940, somente em 1950 realizou uma grande exposição na Galeria Curt Valentin de Nova York, com grande sucesso de crítica. No ano seguinte, viajou para a Inglaterra para conhecer Henry Moore. Finalmente, em 1952, recebeu o grande prêmio de escultura da Bienal de Veneza.

O TERCEIRO CAVALO – Uma das esculturas apresentadas nessa Bienal, o “Grande Cavalo”, foi comprada por Francisco “Ciccillo” Matarazzo Sobrinho para Yolanda Penteado e foi instalada na sua fazenda paulista “Empyreo” em Araras. Quando a escultura ainda estava em Veneza, Nelson Rockefeller encomendou ao artista uma segunda tiragem da mesma peça, que hoje está em Nova York. No entanto, quatro anos atrás, o “Grande Cavalo” foi motivo para um rumoroso incidente. Ela foi doada por Yolanda Penteado ao Museu de Arte Contemporânea da USP, no conjunto de doações que ela e Francisco Matarazzo Sobrinho fizeram à Universidade, com a condição de que fosse construída, na Cidade Universitária, uma sede para abrigar o museu. Quando sua fazenda “Empyreo” foi vendida, o novo proprietário, o industrial Pedro Piva, mandou fazer uma cópia do cavalo, antes de entregar o original ao museu. Seu diretor, ao descobrir a existência desse terceiro cavalo, decidiu tomar providências jurídicas sobre o caso, mas o próprio industrial propôs a destruição da sua cópia, como prova de sua boa-fé. Assim, em 1976, esta cópia foi serrada e fundida em lingotes com a presença de várias testemunhas, e o caso encerrou-se. O cavalo original é uma das peças de resistência do MAC, que, ainda à espera de sua sede, funciona no Pavilhão da Fundação Bienal.

DESENHOS E RETRATOS – Os cavalos e cavaleiros de bronze são apenas a parte mais conhecida da obra de Marini, também um pintor de alto nível e desenhista excepcional. Na pintura, ele destacava a cor, libertando-se dos grandes volumes da escultura. Nestas, as figuras adquiriam uma dimensão opulenta de períodos muito antigos. A série dos Cavalos e Cavaleiros, iniciada em 1936, sempre lhe forneceu motivos para novas peças, e suas “Pomone” eram mulheres que relembravam as deusas da fertilidade, com feições tranquilas e um corpo volumoso. Além disso, os retratos em bronze, realizados de 1928 até os anos 70, revelam uma galeria importante de personagens do século, onde os exemplares mais interessantes talvez sejam Igor Stravinski e Henry Miller, retratados com especial intensidade.

Marini faleceu no dia 6 de agosto de 1980, aos 79 anos, em Viareggio, na Itália.

(Fonte: Veja, 13 de agosto, 1980 – Edição 623 – Datas – Pág; 75 – ARTE – Pág; 105)

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