Marcelo Déda, governador de Sergipe por duas vezes, em 2006 e 2010.

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Marcelo Déda (Simão Dias, 11 de março de 1960 – São Paulo, 2 de dezembro de 2013), escritor e jornalista, formado em direito, foi deputado estadual, federal por dois mandatos, prefeito de Aracaju duas vezes e estava pela segunda vez à frente do governo sergipano. Um dos fundadores do PT, costumava relatar que começou a trabalhar na criação do PT em 1979, durante a reforma partidária do governo Figueiredo, o último do período militar. Dessa reforma, a Arena, partido governista, se transformou em PDS. O MDB, em PMDB. O PTB, extinto na ditadura, reapareceu. E surgiram o PDT e o próprio PT.

Caçula entre os cinco filhos de Manoel Celestino Chagas e Zilda Déda Chagas, gostava de ressaltar “as influências decisivas” que recebeu do avô materno, José de Carvalho Déda.

Nascido em 11 de março de 1960, em Simão Dias, cidade a 110 km de Aracaju, Marcelo Déda Chagas migrou para capital sergipana aos 13 anos para estudar e acabou engajado em movimentos culturais – especialmente com cinema. Formou-se em direito pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde estudou de 1980 a 1984, período em que iniciou a militância política e ajudou a criar o PT. Foi deputado estadual, federal por dois mandatos, prefeito de Aracaju duas vezes e estava pela segunda vez à frente do governo sergipano, ao qual chegou após derrotar o então governador João Alves Filho, em 2006.

Déda iniciou militância política aos 19 anos, ainda no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFS. A primeira disputa eleitoral dele foi em 1982, quando saiu derrotado para deputado estadual. Em 1985, foi derrotado na corrida pela prefeitura de Aracajú e, no ano seguinte, eleito deputado estadual – perdeu a reeleição para o cargo em 1990. Em 1994, conseguiu a última vaga na bancada de oito deputados federais por Sergipe, com 26 mil votos – quatro anos depois foi o federal mais votado pelo estado com 83 mil votos.

A vitória à prefeitura da capital sergipana ocorreu em 2000, com 52% dos votos válidos no primeiro turno – a reeleição também aconteceu em primeiro turno, com 71% dos votos em 2004. Déda foi eleito governador em 2006, com 52,48% dos votos válidos do primeiro turno e a reeleição, em 2010, com 52,08% das confirmações nas urnas.

O passo seguinte ensaiado por Déda era disputar o Senado em 2014. O governador falava a interlocutores da vontade de fortalecer o PT no Nordeste para despolarizar o partido das regiões Sul e Sudeste, onde estão as principais lideranças petistas. O objetivo era se tornar o articulador petista para a região.

Sua habilidade na articulação política era reconhecida pela oposição, com a qual mantinha diálogo com personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). A fama de bom de papo rendeu a Déda um pedido do ex-presidente Lula no começo de 2013: amenizar o ânimo do colega pernambucano Eduardo Campos – com quem, à época, o PT imaginava ser possível evitar a ruptura que levou ao desembarque do governo Dilma pelo PSB, para lançar Campos como pré-candidato ao Planalto.

Relação com Dilma

Déda era um dos poucos quadros do PT com o qual a presidente Dilma Rousseff mantinha relação próxima – ela o chamava de “Dédinha”. A presidente costumava ligar para o governador para conversar sobre literatura e arte renascentista, tema de bate-papos informais entre os dois também no Palácio do Planalto. Dilma chegou a dizer publicamente que o governador era “uma explosão de poemas, de arte e de visão de mundo”.

No Planalto, em fevereiro de 2013, ele foi destacado pela presidente para falar em nome dos governadores presentes na comemoração da meta atingida de 2,5 milhões de pessoas atendidas pelo programa Brasil Sem Miséria.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, de 53 anos, morreu em 2 de dezembro de 2013, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde se tratava de um câncer gastrointestinal descoberto em setembro de 2009.

Déda buscou no personagem Velho do Restelo, deOs Lusíadas, escrito por Luís de Camões, e no poeta Fernando Pessoa o argumento para falar do programa. “A história não existe para registrar as lágrimas do Velho do Restelo, mas a frase que nos estimula: navegar é preciso, viver também é preciso. E vencer os desafios que o Brasil tem hoje não é apenas preciso, é possível”, disse.

A oratória foi tonificada nos tempos de estudante como cineasta amador no final da década de 1970 e início de 80, época em que Déda foi premiado em seu estado. Foi a habilidade de discursar que lhe rendeu o segundo lugar na disputa pela prefeitura de Sergipe aos 25 anos, em 1985, quando fazia o programa eleitoral de televisão ao vivo por falta de dinheiro para produções elaboradas em estúdio. “A lei me facultava fazer ao vivo, então eu ia cru, pregava uma bandeira com durex e estava pronto o cenário do ao vivo. Aquilo que era uma desvantagem virou uma vantagem porque me transformei no âncora do programa eleitoral, comentando criticamente o programa dos meus adversários”, dizia ao relembrar a campanha.

O tom literário das conversas de Dilma com Déda, neto do escritor e jornalista José Carvalho Déda, fizeram a presidente dar ao político sergipano a alcunha de “poeta”. “Eu sempre me encanto com a capacidade do Déda de, ao falar, também fazer poesia”, afirmou a presidente, na sequência do discurso do governador no Planalto. “O Déda inspirado é algo, de fato, bom de ver, bom de ouvir”, disse.

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-12-02 – POLÍTICA – Por Nivaldo Souza, iG Brasília – 02/12/2013)

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