Marcelo Damy de Souza Santos, considerado um dos pilares do ensino e pesquisa de física no Brasil

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Pioneiro no ensino de física experimental desenvolveu primeiro reator nuclear e primeiro acelerador de partículas no país

O físico Marcelo Damy de Souza Santos (Campinas, 14 de julho de 1914 – São Paulo, 29 de novembro de 2009), foi considerado um dos pilares do ensino e pesquisa de física no Brasil, ao lado de César Lattes, José Leite Lopes e Mário Schenberg, Damy nasceu em Campinas (SP), em 1914. Em 1933, ingressou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para cursar engenharia elétrica. Acabou migrando para a física a convite do então professor da universidade, Gleb Wataghin, cujas aulas gostava de assistir como aluno ouvinte. Graduou-se na primeira turma do curso de física na USP.

Durante a graduação, começou a se interessar pelos fenômenos radioativos descobertos no início do século pelo casal Pierre e Marie Curie. Após a Segunda Guerra Mundial, o conhecimento da energia dos átomos consolidou-se em um novo ramo de estudo no qual Damy se destacaria, a física nuclear.

Também foi pioneiro no ensino de física experimental no Brasil. “Naquele tempo o professor estudava na véspera para no dia seguinte passar para os alunos”, disse em entrevista à revista Pesquisa FAPESP, criticando o ensino puramente teórico.

Outra de suas marcas era a engenhosidade. Um aparelho que desenvolveu durante a pós-graduação na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, obteve medidas de radiação cósmica em intervalos de tempo da ordem de 1 centésimo de 1 milionésimo de segundo, dez mil vezes mais sensível que os disponíveis até então. O aparelho proporcionou no Brasil a descoberta dos chuveiros penetrantes, um fenômeno dos raios cósmicos.

Damy foi professor do Instituto de Filosofia da USP, tendo auxiliado na instalação, em 1950, do Betatron, o primeiro acelerador de partículas a funcionar na América Latina. Desenvolveu também o primeiro reator nuclear brasileiro.

Foi um dos fundadores do Instituto de Energia Atômica, atual Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), e seu primeiro superintendente, de 1956 a 1961. Também foi presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) de 1961 a 1964.

Aposentado como professor emérito da USP, em 1968, auxiliou a consolidação da recém-criada Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) assumindo o cargo de diretor do Instituto de Física, o qual receberia o nome de seu ex-professor, Gleb Wataghin.

Trabalhou depois como professor titular de física nuclear da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e, a partir de 1988, passou a colaborar com trabalhos feitos no Ipen.

Foi colega de graduação de Schenberg, com o qual dividia a apertada sala de Wataghin, e professor de Lattes, o qual se notabilizaria mais tarde ao descobrir a partícula atômica méson pi.

Marcelo Damy morreu em 29 de novembro de 2009, aos 95 anos. Estava internado havia cerca de um ano no Hospital Albert Einstein em São Paulo, após sofrer um acidente vascular cerebral.

Damy considerava o ensino de ciência uma atividade intimamente ligada à pesquisa. “Um bom professor é um pesquisador que gosta de contar as coisas que faz e que viu outros fazerem. Eu não conheço nenhum bom professor que não tenha sido, ou não seja ainda, um pesquisador,” disse.

(Fonte: www.ipen.br – Agência Fapesp/ Por Fábio Reynol – Ciência e Tecnologia – 01 de Dezembro de 2009)

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