Luís Sérgio Person (1936-1976), ator, cineasta e diretor teatral.

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Luís Sérgio Person (São Paulo, 12 de fevereiro de 1936 – São Paulo, 7 de janeiro de 1976), ator, cineasta e diretor teatral.

Apesar de sua preocupação em realizar uma obra crítica, Luís Sérgio Person jamais se considerou filiado ao cinema novo, movimento que à época de seu primeiro filme (“São Paulo S.A.”, em 1965) produzia a maior efervescência cultural no cinema brasileiro. “São Paulo S.A.”, na verdade, pareceu desconcertar a crítica. Dele, inesperadamente, brotaram objetivos e até então inusitadas preocupações de ordem social (a ascensão da burguesia nacional, com a industrialização ocorrida em fins da década de 50), e se revelaram angústias existenciais semelhantes às das conturbadas personagens de Michelangelo Antonioni e Alain Resnais.

Bem sucedida, a combinação deu ao cineasta um prestígio imediato, especialmente entre o público jovem. De fato, “São Paulo S.A.” tornou-seum dos filmes, desde então, mais frequentemente exibidos no circuito paralelo de fafaculdades e cine-clubes. A realização seguinte de Person, “O Caso dos Irmãos Naves” (1967), baseado num episódio ocorrido no país durante o Estado Novo, expôs de forma impiedosa a prisão, a tortura e a condenação de dois irmãos, no interior de Minas Gerais, por um crime do qual estavam inocentes.

Depois sua carreira tomou rumos para muitos surpreendentes, com as comédias “Panca de Valente” (1968) e “Casy Jones, o Magnífico Sedutor” (1972). E em 1973, junto com Glauco Mirko Laureli, o paulistano Person, com cursos no Centro Sperimentale di Cinematografia de Roma, dotou São Paulo de mais um teatro, o Auditório Augusta, inaugurado com o musical “El Grande de Coca-Cola” e no qual encenou, em 1974, “Entre Quatro Paredes”, de Jean-Paul Sartre. A ligação de Person com o teatro, em todo caso, vinha já da década de 50, quando dirigira vários espetáculos amadores, juntamente com Flávio Rangel e Antunes Filho. Há tempos acalentava a ideia de filmar “A Hora dos Ruminantes”, de J. J. Veiga. E seus planos futuros incluíam a encenação de um musical que estava escrevendo, “Pegando Fogo”, no qual evocaria a década de 30, e um filme sobre a violência no mundo moderno, projeto, aliás, que discutia animadamente, dias antes da morte, com o cineasta Jorge Ilelli. Person morreu em 7 de janeiro de 1976, aos 39 anos, em acidente automobilístico na BR-116, quando se dirigia a seu sítio em Itapecerica da Serra, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 14 de janeiro, 1976 – Edição 384 – DATAS – Pág; 53)

• Nome Completo: Luís Sérgio Person
• Natural de: São Paulo, SP, Brasil
• Nascimento: 12 de Fevereiro de 1936
Curiosidades
– Estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia (Roma) e foi professor na Escola Superior de Cinema São Luiz (São Paulo).

– Aos vinte anos Person já havia dirigido o filme Um Marido Barra Limpa. Diretor, produtor e roteirista, entre suas obras, o seu primeiro longa foi São Paulo, Sociedade Anônima, 1965, que definitivamente solidificou seu currículo cinematográfico.

– Em 1954, entra na Faculdade de Direito (USP), porém, ele não chega a formar-se desistindo no último ano.

– Em 1955, encena peças teatrais em casa de amigos, mais tarde, apresenta-se pela Companhia de Comédias de Odilon Azevedo, no Teatro Municipal de Campinas na peça Vamos brincar de amor.

– Seu primeiro filme foi Um Marido Barra Limpa foi iniciado em 1957 e conclúido somente dez anos depois e inicialmente teve o título de Um Marido para Três mulheres.

– Person, além de atuar, produzir, dirigir, em longas e curta-metragens, fez também filmes publicitários, recebendo o prêmio de melhor comercial de cinema, Casa Zacharias, em 1969, prêmio dado pelos cronistas publicitários de São Paulo.

– Ao retornar para o cinema em 1961, após dois anos dedicando-se à diretoria da empresa Person Bouquet S/A, Person foi fazer curso de direção no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. Junto aos colegas do curso ele realizou o curta Al Ladro (1962), ainda em 62, foi assistente de direção de Luigí Zampa em Anni Ruggentti. Em 1963, fez o curta L’Ottimista Sorridente em 16 mm e dirigiu o documentário II Palazzo Doria Pamphili.

– Seu segundo longa, não menos marcante, foi O Caso dos Irmãos Naves. Do roteiro de Jean-Claude Bernardet, o filme tem no elenco Anselmo Duarte, Juca de Oliveira e Raul Cortez. Na pequena cidade de Araguari, no Estado de Minas Gerais, ao mesmo tempo em que ocorria a ditadura de Getúlio Vargas no ano de 1937, dois irmãos eram acusados por um assassinato que não cometeram. Tortura, autoritarismo e a condenação injusta, são fielmente demonstrados e interpretados por esse ótimo elenco.

– Em 1968 O Caso dos Irmãos Naves é considerado o melhor filme do ano, e em 1972 faz grande sucesso em Nova Iorque, impressionando a crítica local.

– Falece em acidente automobilístico em 7 de Janeiro de 1976.

– Em 2003 sua filha mais velha, Marina Person, dirige um documentário sobre sua vida. Como o documentário aborda muito da vida pessoal de Luiz Sérgio Person, foram aproveitados trechos de filmes em Super-8, realizados pelo próprio cineasta ou pela sua esposa, Regina Jehá, com as filhas Marina e Domingas.
Prêmios
– São Paulo S/A, recebeu o Prêmio de Público na 1a. Mostra Internacional do Novo Cinema que aconteceu em Pesaro na Itália; Prêmio Cabeza de Palenque no VIII Festival Internacional do Filme de Acapulco/México; Prêmio Governador do Estado, da Comissão Estadual de Cinema de São Paulo; vários prêmios Cidade de São Paulo; os Prêmios Saci do Jornal O Estado de S.Paulo para melhor direção, melhor montagem e melhor filme.

– Cassy Jones, O Magnífico Sedutor que recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Gramado e prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) novamente como melhor filme do ano. O filme recebe o prêmio INC e Carlos Imperial foi premiado com o troféu Coruja de Ouro de melhor autor de partituras musicais.

Filmografia – Ator

2003 – Person
1968 – Anuska, Manequim e Mulher
1968 – O Quarto
1967 – O Estranho Mundo de Zé do Caixão
1967 – Um Marido Barra Limpa
1957 – Casei-me com um Xavante

Filmografia – Diretor

1974 – Vicente do Rego Monteiro
1972 – Cassy Jones, o Magnífico Sedutor
1968 – Panca de Valente
1968 – Trilogia do Terror (episódio: A Procissão dos Mortos)
1967 – O Caso dos Irmãos Naves
1967 – Um Marido Barra Limpa
1965 – São Paulo S/A
1963 – II Palazzo Doria Pamphili
1963 – L´Ottimista sorridente (curtametragem)
1962 – Al Ladro (curtametragem)

(Fonte: www.meucinemabrasileiro.com – Personalidades)

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