Luís da Câmara Cascudo, historiador, antropólogo, advogado e jornalista

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Luís da Câmara Cascudo (Natal, Rio Grande do Norte, 30 de dezembro de 1898 -– Natal, Rio Grande do Norte, 30 de julho de 1986), historiador, antropólogo, advogado e jornalista.

Câmara Cascudo foi um “escritor, folclorista, etnógrafo, antropologista cultural, crítico, sociólogo, orador, conferencista”. Possuindo, “sobretudo, o dom da prosa, animada, viva, cintilante, com a faculdade rara, feliz, de espalhar bom humor e irradiar simpatia em torno de si”.
Luís da Câmara Cascudo nasceu no dia 30 de dezembro de 1898, no bairro da Ribeira, Natal, Filho do coronel Francisco Justino de Oliveira Cascudo e de dona Ana da Câmara Cascudo.
Estudou no Externato Sagrado Coração de Jesus, colégio feminino, dirigido por duas irmãs, Guilhermina e Maria Emília de Andrade.
Teve dois professores particulares, Pedro Alexandrino, ensinando Literatura Clássica, e Francisco Ivo Cavalcanti, lecionando Conhecimentos Gerais.
O pai, discordando da educação feminina que recebia, colocou o filho no Colégio Santo Antônio.
Ao crescer, Câmara Cascudo, era um jovem elegante, com roupas confeccionadas pelo Joca Lira. E fazia compras nas melhores lojas: Paris em Natal, Natal Modelo e A Chilena. Era um rapaz muito estimado pelas moças natalenses. E se dizia, inclusive, que ele possuía duas namoradas com o mesmo nome: Alzira…
Apaixonou-se, entretanto, por uma moça de dezesseis anos, Dália, filha do desembargador Teotônio Freire e de dona Sinhá Freire. Com ela se casou, no dia 21 de abril de 1929. Teve dois filhos: Fernando Luís e Ana Maria Cascudo.
Menino rico, rapaz elegante, adulto pobre, sendo obrigado a trabalhar para viver. Exerceu várias funções públicas: professor, chegando a ser diretor do Ateneu Norte-Rio-Grandense.

 

 

Exerceu os cargos de secretário do Tribunal de Justiça e consultor jurídico do Estado. Em 1951, ingressou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte como professor de Direito Internacional Público.

Em 1948, recebeu o título de “Historiador da Cidade do Natal”, das mãos do prefeito Sylvio Pedroza.
Ingressou no jornalismo, escrevendo a seção “Bric-à-Brac”, no jornal de seu pai, “A Imprensa”. Assinou uma crônica diária, em “A República”, que o tornou famoso:: “Acta Diurna” (foram escritas, ao lado cerca de 3.200 crônicas).
Colaborou em vários órgãos de imprensa de Recife: Jornal do Comércio, Diário de Pernambuco, Diário da Manhã, e, também, em outros jornais do país.
Câmara Cascudo foi, como disse Luiz Gonzaga de Melo, “um dos maiores divulgadores da ideologia da Ação Integralista Brasileira”, chegando, inclusive, a ser o chefe desse movimento no Rio Grande do Norte. Toda a divulgação, feita por Cascudo, foi através da imprensa. Ele se tornou um assíduo colaborador do semanário “A Ofensiva” e, ainda, das revistas “Anauê” e “Panorama”.
Em artigo publicado na revista “A Ofensiva” (31-05-1934). Câmara Cascudo faz um questionamento de uma impressionante atualidade: “para a burguesia liberal, governar é arrecadar impostos. Que importa o sofrimento dos homens? Que importa o desenvolvimento constante de classe exploradas ao lado de um pequeno grupo de exploradores? Que importa o acorrentamento da nação ao capitalismo estrangeiro?
Musicólogo, como esclarece Gumercindo Saraiva, “não é somente aquele que executa melodia, compõe peças ou estuda acústica e teoria musical”. E, sim, igualmente aquele “que se dedica em torno da musicologia, abordando qualquer dos aspectos dessa ciência, o biógrafo, o historiador este sim é um musicólogo”.
Gumercinco Saraiva faz uma afirmação que demonstra todo o prestígio de Câmara Cascudo em sua cidade natal: “Nada fazia na província em sentido de cultura sem primeiro ouvi-lo”. Desfrutando esse prestígio quando possuía apenas 39 anos. Gumercindo Saraiva disse ainda o seguinte: “Sua orientação nos setores artísticos, contribuindo com ensinamentos sábios, trouxeram novos horizontes para a cultura musical do Estado”. Alguns títulos de crônicas de Cascudo comprovam sua atuação como musicólogo: “Prelúdio sobre Bach”, “Modinhas e modinheiros de Natal”, “Da canção brasileira”, “A cantoria sertaneja”, etc.
Câmara Cascudo fundou a Sociedade de Cultura Musical, presidiu o Instituto de Música do Rio Grande do Norte e dirigiu a revista “Som”.
Câmara Cascudo é considerado ainda hoje como sendo um dos maiores folcloristas do mundo, o maior do Brasil. A sua obra mais importante, nessa área, chama-se “Dicionário do Folclore Brasileiro” (1954). Outros livros de Cascudo sobre o folclore: “Geografia dos Mitos Brasileiros” (Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras, 1948), “Folclore do Brasil” (1976), etc.
Renato Almeida, escrevendo sobre o mundo folclórico de Câmara Cascudo, disse que “não limita aos livros que tem publicado, numa imensa bibliografia, todo o seu cabedal de conhecimentos. Tem a arte difícil de conversar e ouvi-lo é um encanto continuado. A ele podemos aplicar em tudo quanto se refere ao folclore, aquele dístico do já desaparecido jornal cinematográfico Pathé – tudo vê, tudo sabe, tudo informa”.
Como historiador, Cascudo escreveu uma obra definitiva, “História do Rio Grande do Norte” (1995) e, ainda, o livro que até o presente não foi suplantado: “História da Cidade do Natal” (1947).
No campo da etnografia, escreveu um livro completo: “Jangada” (1957). Outros livros: “Nomes da Terra” (1968), “História da Alimentação no Brasil” (3 vols- Iº vol. (1967), “Rede de Dormir” (1959), “O Tempo e Eu” (1968) etc. Escreveu, ao todo, 150 livros.
Recebeu diversas condecorações: “Comendador da Ordem de Cristo” (Portugal), “Comendador da Ordem dos Cisneiros” (Espanha), “Comendador da Ordem de São Gregório” (Santa Sé), “Oficial da Ordem da Coroa” (Itália), “Medalha Nina Rodrigues” (S. Paulo), “Medalha da Campanha do Atlântico Sul” (Aeronáutica) etc.
Distinções recebidas: “Prêmio Nacional de Cultura” (1970), concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal; “Troféu Juca Pato”, dado pela União Brasileira de Escritores (1976); “Prêmio Henning Albert Boilesen” (1973); “Doutor Honoris Causa”, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, etc.
Câmara Cascudo pertenceu a diversas instituições culturais: Academia Nacional de Filosofia, Sociedade Brasileira de Antropologia e Enologia, Sociedade de Folk-lore do México, Sociedade de Geografia de Lisboa, Societé des Americanistas de Paris, entre outras.

(Fonte: Correio do Povo – N.° 91 – Ano 116 – Geral – Cronologia/ Por Dirceu Chirivino – 30 de dezembro de 2010 – Pág; 20)

(Fonte: www.tribunadonorte.com.br – 30 de dezembro de 2010 – Pág; 20)

 

 

Maior estudioso da comida brasileira

Viagem de Cascudo à África, em 1963, em pesquisa sobre alimentação dos escravos vindos do Brasil (Foto: Ed Keffel/Acervo do Ludovicus)

Viagem de Cascudo à África, em 1963, em pesquisa sobre alimentação dos escravos vindos do Brasil (Foto: Ed Keffel/Acervo do Ludovicus)

Considerado um dos mais importantes pesquisadores da cultura popular brasileira

Luís da Câmara Cascudo (Natal, 30 de dezembro de 1898 – Natal, 30 de julho de 1986), historiador, folclorista, advogado, etnólogo e professor. Escreveu mais de 160 livros sobre a cultura brasileira, entre eles o clássico Dicionário do Folclore Brasileiro, de 1954.

Durante mais de cinquenta anos foi professor na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Era o único estudioso de sua especialidade que tinha uma visão verdadeiramente nacional do folclore brasileiro.

Cascudo foi um sujeito erudito que encheu cadernos de notas, observou os costumes do brasileiro sem trégua, ouviu escravos de “inesgotáveis recordações”, leu vagarosamente receitas escritas à mão.

Já dizia ele, “o alimento contém substâncias imponderáveis e decisivas para o espírito, a alegria, a disposição criadora, o bom humor.”

Câmara Cascudo morreu dia 30 de julho de 1986, aos 87 anos, de ataque cardíaco, em Natal.

(Fonte: Veja, 6 de agosto, 1986 –- Edição 935 -– Datas -– Pág; 111)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/comida/2015/10/1693465- COMIDA/ Por Luiza Fecarotta, crítica da Folha – 14/10/2015)

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