“Lucro não é pecado, mas simplesmente a consequência do trabalho empresarial bem-sucedido. No Brasil, os intelectuais têm preconceito contra o lucro e os empresários.” Roberto Gusmão (1923-2019), advogado e empresário, ex-ministro da Indústria e do Comércio, ele integrou a UNE e diversos partidos, participando do processo de redemocratização

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Nas frases, o retrato fiel de Roberto Gusmão

 

Mineiro radicado em São Paulo, o ex-ministro da Indústria e do Comércio, é habitualmente identificado como a face dura da administração Sarney.

 

Franco, de paciência curta e muitas vezes próximo do mau humor, esse homem que na juventude flertou com a esquerda aproximou-se, depois de cassado pelo regime ditatorial de 1964, dos círculos conservadores.

 

Não costuma medir palavras quando fala de coisas que o aborrecem – a inarredável inoperância colada na burocracia estatal. Cultiva, algumas excentricidades. Uma delas é que, na condição de diretor licenciado da Antarctica, não há hipótese de beber cerveja de outra marca.

 

Das pérolas desse fazendeiro de café em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, pode-se colher provavelmente o seu perfil mais fiel. Uma amostra delas:

 

No fundo, a questão é muito simples: o caixa está pequeno e tem muita gente de olho nele.”

 

Lucro não é pecado, mas simplesmente a consequência do trabalho empresarial bem-sucedido. No Brasil, os intelectuais têm preconceito contra o lucro e os empresários.”

 

A iniciativa privada deve gerir seus próprios negócios, cabendo ao Estado apenas uma função normativa. O paternalismo e a intervenção estatal inibem a eficiência e a produtividade.

 

Se algum dia alguém me encontrar falando em “economês”, pode ter certeza de que estou delirando.”

 

O Brasil tem muitas potencialidades, mas também muita desordem. Um pouco de ordem na casa não faria mal a ninguém.

 

Não é com discurso ideológico ou com palavras de ordem que vamos resolver os problemas do país.”

 

Não me abalo em ser chamado de homem da linha dura do governo. O que eu não tolero é a hipocrisia social.”

 

Não dou importância aos choques entre os ministros. Cada um de nós sabe o que o outro é.”

 

É natural que os ministros imprimam suas convicções pessoais nas respectivas áreas e que discordem entre si. O que não pode acontecer é divergência com o presidente da República.

 

Os sindicatos devem estar desvinculados do Ministério do Trabalho. Não devem também ser sustentados pelo imposto sindical.”

 

Esse pessoal atira em você e erra. Quando você atira de volta e acerta, eles dizem que você é violento. O que eles têm é inveja da pontaria.”

 

Na área da informática, temos uma indústria nascente que deve ser protegida, sem chegar ao ponto de a reserva de mercado torná-la obsoleta por causa de um protecionismo exagerado.

 

A pobreza ideológica no país é imensa. Há os que leram Marx e não entenderam e os que citam Marx sem tê-lo lido.”

 

Maquiavel é muito citado como exemplo de esperteza política, quando na verdade é um exemplo de lógica política.

 

Sempre defendi a legalização dos partidos comunistas, pois todo grupo tem o direito de se organizar para manifestar suas ideias. Só existe uma barreira a esse direito: a lei.”

 

O que me aconteceu, dos anos 50 para cá, foi que envelheci. Diz um ditado popular que o diabo sabe mais porque é velho.”

 

Vender, não está no campo de competência do Estado. Que cada um ponha a mercadoria nas costas e vá vender. Os fenícios já faziam assim 3 000 anos atrás, e nós temos que aprender.”

Roberto Gusmão (1923-2019), advogado e empresário, ex-ministro da Indústria e do Comércio, ele integrou a UNE e diversos partidos, participando do processo de redemocratização.

(Fonte: Veja, 7 de agosto de 1985 – Edição 883 – ECONOMIA & NEGÓCIOS – Pág; 104/111)

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