Josué Guimarães, jornalista, ativista político e escritor. Autor de 24 obras literárias marcantes.

0
Powered by Rock Convert

Josué Guimarães (São Jerônimo, 7 de janeiro de 1921 – Porto Alegre, 23 de março de 1986), jornalista, ativista político e escritor gaúcho. Autor de 24 obras literárias marcantes.

Entre as obras mais importantes do romancista Josué Guimarães estão A ferro e fogo I (Tempo de Solidão) e A ferro e fogo II (Tempo de Guerra), romances clássicos da literatura brasileira.
(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 115 – Nº 099 – Cronologia – 7 de janeiro de 2010)
(Fonte: Veja, 2 de abril, 1986 – Edição 917 – DATAS – Pág; 75)

JOSUÉ Marques GUIMARÃES

1921

Em 7 de janeiro, nasce em São Jerônimo, JOSUÉ Marques GUIMARÃES, o penúltimo de nove irmãos, filho de José Guimarães, telegrafista de profissão e pastor leigo da Igreja Episcopal Brasileira, e de Georgina Marques Guimarães:

“Josué não tinha bem um ano quando a família mudou-se para Rosário do Sul.
Ele lembrava com detalhes os dez anos que viveu nessa cidade.
Lembrava a praça, a casa, as distâncias, o hotel, o cinema Globo, a igreja, a escola de D. Pepinha com seus castigos, sua palmatória, tudo nas enormes proporções do olhar de um menino.
Toda a sua memória e muitas passagens de seus livros são dessa época. Ele costumava dizer que a sua memória atingia até os dez anos.”

1930

A família muda-se para Porto Alegre e Josué passa e estudar no Grupo Escolar Paula Soares.

1934

Inicia o curso secundário no Ginário Cruzeiro do Sul, onde funda Grêmio Literário Humberto de Campos. Escreve de cinco a seis artigos por número no jornal do colégio e é o autor das peças teatrais encenadas a cada fim de ano.

1938

Formado no Ginásio, faz o pré-médico, mas, após as primeiras aulas de anatomia, resolve abandonar o curso.

1939

Vai para o Rio de Janeiro e inicia sua carreira de jornalista na revista O Malho e Vida Ilustrada. É declarada a II Guerra Mundial e Josué retorna a Porto Alegre. Nesse mesmo ano inicia-se no rádio-teatro da Rádio Farroupilha, trabalhando com Estelita, Peri, Capitão Erasmo Nascentes e Walter Ferreira.

1940

Aos dezenove anos casa-se com Zilda Marques.
Desse casamento nascem quatro filhos: Marília, Elaine, Jaime e Sônia.

1942

Lança em Porto Alegre a revista de rádio Ondas Sonoras.

1944

Inicia suas atividades no Diário de Notícias.
Em sua carreira jornalística, exerce as funções de repórter e secretário de redação, diretor, colunista, comentarista, cronista, editorialista, ilustrador, diagramador, analista político e correspondente internacional.

É no Diário de Notícias que mantém a coluna “de alfinetadas políticas” assinada como “D. Xicote”, onde ele mesmo faz as ilustrações, desenhos e caricaturas.

Alguns anos depois a coluna “D. Xicote” reaparece no jornal A Hora, de Porto Alegre, explorando modernos recursos gráficos e montagens fotográficas.

1948

Deixa o Diário de Notícias para tornar-se repórter exclusivo e correspondente da revista O Cruzeiro no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.

1949

Colabora na Revista Quixote 4, fevereiro de 1949, com a crônica “Sangue e Pó de Arroz”. Esta publicação de Porto Alegre divulgou por longo período, nomes da literatura rio-grandense.

Lança o jornal D. Xicote: “- Não é um jornal humorístico como poderá parecer à primeira vista, mas também não é um jornal sério.”

1951

É eleito vereador em Porto Alegre, pelo PTB, ocupando, na oportunidade, a vice-presidência da câmara. Como vereador batiza o largo próximo à praça da Alfândega de “Largo dos Medeiros”, em homenagem aos irmãos proprietários do Café e Confeitaria Central.

1952

Assina a coluna “Ronda dos Jornais no semanário carioca FLAN.

É o primeiro jornalista brasileiro a ingressar na China Continental e URSS como correspondente especial da Ultima Hora do Rio de Janeiro.

Escreve o livro de viagem As muralhas de Jericó que continua inédito.

1954

Assina a coluna “Um dia depois do outro” no Jornal Última Hora do Rio de Janeiro.

Lança coluna política no jornal Folha da Tarde, com pseudônimo de D. Camilo.

Passa a exercer as funções de subsecretário do Jornal A Hora, de Porto Alegre, onde deixa marcante passagem por ter revolucionado a imprensa gaúcha, ao lado do então diagramador Xico Stockinger.

1956

Trabalha como redator na MPM Propaganda.

Assume como diretor-secretário do semanário Clarim Sete Dias em Porto Alegre.

1957

É chamado por Assis Chateaubriand para reformular o vespertino carioca Diário da Noite, órgão dos Diários Associados.

1960

Funda a sua própria agência de propaganda, dissolvida um ano depois para assumir a Direção da Agência Nacional sob o governo João Goulart.

1961

Ocupa a direçao geral da Agência Nacional, hoje Empresa Brasileira de Notícias, até 1964.

Durante o governo João Goulart integra a 1a Comitiva de Jornalistas Brasileiros em viagem à China e União Soviética.

1964

Deposto o presidente João Goulart, refugia-se em Santos, São Paulo, onde passa a viver na clandestinidade sob o nome de Samuel Ortiz.

Nesse período trabalha em dezesseis publicações diferentes e abre uma livraria.

1969

Descoberto, finalmente, pelos órgãos de segurança, responde a inquérito em liberdade e retorna a Porto Alegre.

É premiado no II Concurso de Contos do Estado do Paraná pelo conjunto de três contos – “João do Rosário”, “Mãos sujas de terra” e “0 principio e o fim” – que viriam a integrar, posteriormente, o livro Os ladrões.

1970

Publica Os ladrões, coletânea de contos, pela Fórum Editora do Rio de Janeiro. Com esta obra, Josué Guimarães inicia sua produção literária que irá se compor de 24 obras, entre romances, novelas, coletânea de artigos e de contos, literatura infantil, além da participação em várias antologias.

1971

Com o pseudônimo de Philleas Fog mantém a coluna “A Volta ao Mundo”, no jornal Zero Hora, fazendo entrevistas imaginárias, de marcante conteúdo crítico, com personalidades internacionais.

Passa a colaborar no jornal Pato Macho de Porto Alegre, com artigos de crítica política.

Mantém a coluna “Seção de Livros” no jornal Zero Hora.

1972

Publica seu primeiro romance: A ferro e fogo – Tempo de Solidão, editado pela Sabiá (José Olympio) do Rio de Janeiro, A obra trata da colonização alemã no Rio Grande do Sul e é a primeira de uma trilogia. O segundo volume é lançado três anos depois, A ferro e fogo – Tempo de Guerra.

1974

É correspondente da Empresa Jornalistica Caldas Júnior até 1976 na Africa e em Portugal, onde acompanha a Revolução dos cravos.

1976

Lança em Lisboa o Jornal CHAIMITE – “o único jornal que venceu antes de sair” (legenda da capa do número I – 26.2,76)

Retorna ao Brasil e implanta no Rio Grande do Sul a sucursal da Folha de São Paulo, que dirigiu e onde atuou como comentar político do sul até seu falecimento.

1977

O romance Tambores silenciosos é agraciado com o 1º Prêmio Érico Veríssimo da Editora Globo que, posteriormente, publica a obra.

1981

Depois de obter o divórcio do primeiro matrimônio, casa-se com Nídia Moojen Machado.

“Não considero o casamento uma instituição falida. Eu institucionalizei o meu após trinta anos de convivência.” (Zero Hora, 28 de fevereiro de 1982).

Dessa união nasceram Rodrigo e Adriana.

1986

23 de março: Morre em Porto Alegre o escritor Josué Guimarães.

Publicação de “Amor de perdição” – L&PM Editores.

Sessão solene em sua homenagem prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre, por iniciativa do Vereador Isaac Ainhorn.

1987

Lançamento (maio) de A última bruxa, último livro de Josué dedicado às crianças, L&PM.

A Biblioteca Pública Municipal, do centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, passa a denominar-se Biblioteca Pública Municipal Josué Gumarães(julho).

Lançamento da 3° edição do livro de contos O cavalo cego, L&PM Editores (1° edição 1979)

COMENTÁRIOS:

“Foi nos anos 70 que Josué Guimarães surgiu na literatura brasileira com um desejo muito maior do que a necessidade de ser original e singular: o desejo de comunicar-se com o outro e ajudar na transformação de seu país. Seu primeiro livro, “Os ladrões”, já apresentava a constatação de que o homem moderno vai-se tornando cada vez mais fragilizado diante de um mundo que o oprime, e a noção de que as artes, em específico a literatura, têm o dever de ir à frente de sua época, transformá-la, e construir novos valores.

A tarefa de pensar o novo mundo, transformar sua época, construir novos valores, não tem início em Josué Guimarães quando ele inaugura as suas atividades de ficcionista. Ao contrário, ela já fazia parte de sua vida desde 1939, no começo de sua carreira de jornalista na revista O Malho e Vida Ilustrada, no RIo de Janeiro. Cidadão do mundo, esse escritor que nasceu em janeiro de 1921, na cidade de São Jerônimo, no interior do Rio Grande do Sul, afirma que “escrever é comunicar-se”, entendendo que a tarefa de comunicar-se implicava a necessidade de seguir em frente, encontrando sempre novo caminho na experiência adquirida através de sua vivência e na tarefa de descobrimento, ato de libertação de estruturas sócio-político-econômicas petrificadas.

Sua visão crítica da realidade, já esboçada nos primeiros contos, é constante em toda sua obra ficcional. Reitrando a matéria prima de seus romances da paisagem regional, procura refazer o sistema de relações sociais, caracterizando, então, o discurso ideológico da sociedade sul-riograndense. Assim, criando universos ficcionais incomuns, retratou aspectos do Rio Grande do Sul que poucos conheciam.”

Pesquisador incansável, descobriu, amou e reinventou sua gente.

Romancista e homem de ação, Josué Guimarães era um político nato, foi eleito vereador em Porto Alegre pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), em 1951. Destacou-se na vereança pelo exemplo de coerência e coragem, o que justifica toda a perseguição que lhe foi movida pela ditadura. A obra ficcional que produziu compreende-se inteira no curto espaço de dezesseis anos, de 1970 a 1986. Consequentemente, ele é por excelência “o narrador da trágica década de 1970″, o que explica a natureza de sua narrativa e a grande importância que desempenhou na interpretação crítica da história brasileira.”

Texto de Maria Luíza Ritzel Remédios, organizadora do livro “Josué Guimarães – o autor e sua ficção”, editado em conjunto pela Editora da UFRGS e Editora da PUCRS.

BIBLIOGRAFIA:

O material utilizado para construção desta homenagem ao escritor Josué Guimarães teve como origem o excelente fascículo “Josué Guimarães”, da Coleção “Autores Gaúchos”, editada pelo IEL – Instituto Estadual do Livro RS, na data de 1988.
(Fonte: www.paginadogaucho.com.br – A referida biografia constante neste fascículo foi organizada por Vera Regina Luz Grecco)

Nydia Guimarães, viúva do escritor gaúcho Josué Guimarães.
Entre as obras mais importantes do romancista Josué Guimarães estão A ferro e fogo I (Tempo de Solidão) e A ferro e fogo II (Tempo de Guerra), romances clássicos da literatura brasileira.
Nydia mudou-se para Canela em 1989 e, com a filha Adriana, criou a Fundação Cultural de Canela, principal órgão incentivador da cultura na cidade. Atualmente responsável pela organização do Sonho de Natal e ações como o Clube do Livro e o Cine Clube, a Fundação é presidida por Adriana Guimarães.
Nydia Guimarães morreu dia 1° de maio de 2012, em Gramado, aos 82 anos, em decorrência de falência múltipla de órgãos.
(Fonte: www.zerohora.clicrbs.com.br/rs – cultura-e-lazer/segundo-caderno/ por Vanessa Franzosi – ANO 48 – Edição n° 16.999 – 02/05/2012)

Powered by Rock Convert
Share.