John Gorrie, teve a ideia de pendurar sacos de gelo nas salas do hospital para tornar ameno o ar

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Foi o primeiro a fabricar um aparelho comercialmente viável

John Gorrie (Charleston, Carolina do Sul, 1803 – 1855), devotado médico americano que passou boa parte da vida interessado em melhorar as condições dos doentes, na maioria marinheiros sofrendo de febre amarela, que eram tratados em seu hospital.

A crítica do jornal americano The New York Times foi contundente: “Existe um excêntrico na cidade de Apalachicola, Flórida, que pensa poder fazer gelo tão bem quanto Deus Todo-poderoso”. O excêntrico era John Gorrie, nascido em Charleston, Carolina do Sul, em 1803, tinha se mudado aos 30 anos para a cidade portuária de Apalachicola, conhecida por seu clima extremamente quente e úmido. A partir de 1838, ele teve a ideia de pendurar sacos de gelo nas salas do hospital, para tornar mais ameno o ar que seus pacientes respiravam.

O difícil era conseguir gelo em quantidade suficiente. Frederic Tudor, um mercador de Massachusetts, tentou resolver a questão armazenando gelo dos lagos e rios no inverno, para depois vendê-lo nas cidades quentes no verão. A conservação era feita em silos isolados com serragem. Mas a entrega era irregular e a quantidade não era o suficiente para o consumo. O preço era também exorbitante: 2,75 dólares o quilo, um absurdo na época. Diante disso, em 1850 Gorrie resolveu por em prática seus conhecimentos de Física: construiu uma máquina a vapor que movia um pistão dentro de um cilindro. Em volta do sistema havia um recipiente com água salgada, que congela a uma temperatura mais baixa que a água pura.

O pistão comprimia e expandia alternadamente vapor de água, que por sua vez roubava calor do meio externo – o recipiente de água e sal – para passar do estado líquido ao gasoso. Quando a água salgada não tinha mais calor para ceder ao gás, os dois se resfriavam. O ar então era liberado no ambiente, enquanto a água salgada congelava ainda outro frasco de água doce colocado no recipiente. Assim, de uma só tacada Gorrie tinha inventado o ar-condicionado e a geladeira. Ele foi também o primeiro a fabricar um aparelho comercialmente viável. A primeira apresentação pública da engenhoca se deu em 1850, no dia 14 de julho, quando os franceses comemoraram o aniversário da queda da Bastilha.

Como todos os seus colegas no mundo inteiro, todos os anos o cônsul da França em Apalachicola dava uma festa nesse dia. Mas, ao contrário dos outros anos, nenhum navio havia aportado ali trazendo um gênero de primeira necessidade para comemorar comme Il faut a data nacional francesa – o gelo, indispensável para resfriar o champanhe. O pobre cônsul já se resignara a servir a bebida morna, quando quatro empregados do bom doutor Gorrie entraram no salão, cada um com uma bandeja de prata onde Luzia um bloco de gelo do tamanho de um tijolo. “A um gênio americano”, brindou o cônsul.

Gorrie acabou obtendo a patente da máquina que obedeceu ao mesmo mecanismo de funcionamento – com a diferença essencial de que, com o advento da eletricidade, o sistema deixou de ser movido por uma máquina a vapor, substituída pelo motor elétrico. Mas, nos idos de 1850, o invento não chegou a impressionar os incrédulos banqueiros a quem o médico procurou em busca de dinheiro para construir uma fábrica. “Uma tonelada de gelo poderá ser feita em qualquer lugar da Terra por apenas 2 dólares”, dizia ele, em vão. Gorrie morreu desacreditado e pobre em 1855. Pouco antes, previra que seu sistema seria usado em navios e residências.

(Fonte: Super Interessante – ANO 2 – N° 12 – Dezembro de 1988 – Grandes Ideias – A geladeira – Pág; 40/41)

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