João Dunshee de Abranches Moura, escritor, jornalista, historiador, jurista, professor e político.

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Como se Faziam Presidentes

João Dunshee de Abranches Moura (São Luís, Maranhão, 2 de setembro de 1867- Petrópolis, 1941), escritor, jornalista, historiador, jurista, professor, musicista e sobretudo político. Publicou mais de 120 trabalhos, de diversos gêneros.

João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI em 13 de maio de 1910, com o apoio integral do grupo que controlava a Associação e prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato.

Durante sua administração, várias providências foram tomadas, como a reforma estatutária, aprovada pela Assembléia-Geral de 23 de janeiro de 1911, e a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil. Constava do novo estatuto a criação da biblioteca e do cargo de bibliotecário ” para o qual foi escolhido Victor da Veiga Cabral ” de congressos de jornalistas ” a serem promovidos a cada cinco anos no Rio de Janeiro ” e de um Tribunal de Imprensa ” destinado a julgar conflitos da categoria.

No mesmo período, foram instituídos a carteira de jornalista, como instrumento de identidade e do exercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio, desenhado por Raul Pederneiras; e um fundo de auxílio funeral. A Associação ganhou uma sede modesta no primeiro andar de um prédio da Avenida Central ” atual Rio Branco “, na esquina com a Rua da Assembleia.

Maranhense de São Luís, Dunshee de Abranches, ainda adolescente, assustou com vivas à República as comemorações da posse do último gabinente do Império. Adulto, converteu-se em apóstolo do novo regime, trocando um diploma de médico já quase conquistado pelo de advogado, que melhores condições lhe oferecia para navegar no tempestuoso mundo da política de então.

Alicerces sólidos – Contemporâneo dos fatos que narra, Dunshee de Abranches distingue com clareza correligionários de adversários. Aos adversários reservou um estilo despojado, exato e respeitoso. Mas aos correligionários dedicou todos os adjetivos de sua admiração.

Assim, desfilam pelas suas páginas, envolvidas pelas pequenas graças do cotidiano, figuras lendárias como Francisco Glicério, Joaquim Murtinho, Pinheiro Machado, Luís Vianna (pai), Rosa e Silva, J. J. Seabra e muitos outros. Não era, certamente, um mundo de vestais, mas a oficina de trabalho dos artesãos que empreitaram a obra de reconstruir o Brasil a partir das graves opções feitas com a proclamação da República.

Cada um manobrava, com estilo próprio, o mesmo arsenal de espertezas, dissimulações, galanterias para com os adversários vencidos – e às vezes resvalavam para a mais pura velhacaria, quando se tratava da conquista de uma posição mais importante. Contudo, fiéis quase todos à regra maior da transigência, do entendimento e talvez mesmo da acomodação, puderam dar à obra feita o sentido de grandeza que ela não poderia dispensar.

Em 1973, sua filha, a condessa Pereira Carneiro, proprietária do “Jornal do Brasil”, publicou três livros reunidos num só, para formar o sétimo volume das obras completas do escritor Dunshee de Abranches. “O Livro Negro”, que trata da cisão do Partido Republicano Federal durante o governo de Prudente de Morais (1894-1898), “O Livro Verde”, sobre as infindáveis negociações que levaram à eleição de Campos Sales para a presidência da República (1897), e “O Livro Branco”, que vai desde a concentração republicana à eleição de Rodrigues Alves (1902), estão compostos no mesmo estilo minucioso, quase à moda de um diário. É o relato da surpreendente, às vezes cavalheiresca, às vezes mesquinha política das primeiras décadas da República.

(Fonte: Veja, 3 de outubro de 1973 –- Edição 265 –- Literatura/ Por Almyr Gajardoni -– Pág; 114)
(Fonte: www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste)

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