Jo Schlesser, foi um piloto de Fórmula 1 francês e de carros esportivos, participou de três Grandes Prêmios do Campeonato Mundial, incluindo o Grande Prêmio da França de 1968, no qual foi morto

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Última corrida de Fórmula 1 em Rouen, teve tragédia com Jo Schlesser

Perigoso circuito de estrada foi palco de acidente impressionante com piloto francês e pesou muito na decisão da Honda de abandonar projeto de equipe na categoria no fim de 1968

(Foto: Getty Images)

Jo Schlesser (Apremont-la-Forêt, 18 de maio de 1928 – Rouen-Les-Essarts, 7 de julho de 1968), foi um piloto de Fórmula 1 francês e de carros esportivos. Ele participou de três Grandes Prêmios do Campeonato Mundial, incluindo o Grande Prêmio da França de 1968, no qual foi morto. Ele não marcou pontos no campeonato. Ele era o tio de Jean-Louis Schlesser, que se tornou um piloto de Fórmula 1 na década de 1980.

No dia 7 de julho de 1968, um dos acidentes mais assustadores e trágicos da Fórmula 1 matou o francês Jo Schlesser no circuito de Rouen. O episódio foi decisivo para a Honda abandonar o projeto de ter uma equipe própria na Fórmula 1 no fim daquele ano. Uma conjunção de fatores foi decisiva para o triste defecho.

Na F1 desde 1965, a Honda obteve alguns bons resultados, mas seu motor de 12 cilindros em V, apesar da potência, era mais pesado e exigia mais combustível. Com isso, aos poucos, a equipe japonesa foi ficando para trás. Para tentar voltar a brigar por vitórias, a Honda projetou o modelo RA302, um chassis inteiramente feito em magnésio, um material mais leve, porém muito mais inflamável.

Piloto da equipe desde 1967, o campeão mundial John Surtees testou o novo carro, mas deixou claro que o modelo ainda não estava pronto para correr. E mais: disse que era uma “armadilha mortal”. Da pior forma, o tempo mostraria que o inglês tinha toda a razão.

Surtees foi inscrito para o GP da França com o modelo antigo, mas, por insistência do fundador Soichiro Honda, a equipe lançou o RA302 e convidou o já veterano Jo Schlesser, profundo conhecedor do circuito de estrada de Rouen para pilotá-lo e iniciar o desenvolvimento.

De fato, o RA302 estava muito aquém dos demais em competitividade. Nos treinos, Schlesser obteve a 17ª e penúltima colocação, com uma gigantesca desvantagem de 8s4 para o pole position Jochen Rindt (Brabham). Com o carro antigo, Surtees foi o sétimo colocado, com um tempo seis segundos mais rápido.

A corrida começou com Jacky Ickx pulando na ponta com a Ferrari, seguido por Jackie Stewart e Jochen Rindt, que não fez uma boa largada. Lá atrás, Schlesser ganhou uma posição na primeira volta, superando Johnny Servoz-Gavin. Mas tudo acabaria minutos depois.

Na terceira volta, Schlesser perdeu o controle do carro na curva Six Fréres, uma das mais velozes e perigosas do traçado, contornada para a direita. A traseira escapou e o RA302 bateu no barranco à esquerda, imediatamente explodindo em chamas.

Schlesser não teve a mínima chance. O tanque estava cheio de gasolina e rapidamente o fogo se espalhou. Preso no cockpit, o francês foi queimado até a morte, enquanto os bombeiros chegaram ao local do acidente quando já não havia a mínima esperança de resgatar Schlesser com vida.

Como praxe naqueles tempos, a corrida continuou, com os carros passando por uma estreita faixa de traçado que não o fogo não atingiu. Um caminhão de bombeiros ficou na pequena área de escape entre o asfalto e o barranco no qual o carro de Schlesser bateu para apagar o restante do incêndio que insistia em queimar.

Depois do acidente, começou a chover, e a corrida ficou em segundo plano. Jacky Ickx mostrou a habilidade que o consagraria como um dos melhores pilotos da história da Fórmula 1 em pistas molhadas. Ele atropelou a concorrência e não deu nenhuma chance aos adversários.

O belga venceu pela primeira vez na Fórmula 1 com 1m58s de vantagem, ironicamente, sobre John Surtees, que conquistou o pódio na corrida em que seu companheiro de equipe morreu no carro que ele se recusou a competir.

Apesar de acidentes fatais serem até uma rotina naqueles tempos, a tragédia com Schlesser abalou ainda mais uma F1 que já tinha perdido naquele ano Jim Clark, Mike Spence e Ludovico Scarfiotti. A Honda imediatamente desistiu de seu projeto do carro em magnésio, e no fim do ano abandonou a Fórmula 1, voltando apenas em 1983, como fornecedora de motores.

Amigo de Jo Schlesser, Guy Ligier fez uma singela homenagem quando virou dono de equipe. Todos os carros que construiu passaram a ter na denominação as iniciais JS.

Curiosamente, o torcedor brasileiro conheceria mais a fundo o sobrenome Schlesser quando o sobrinho de Jo, Jean-Louis, se envolveu num acidente com Ayrton Senna na penúltima volta do GP da Itália de 1988. O retardatário Schlesser não se afastou o suficiente, Senna também arriscou na manobra, e o choque foi inevitável. Coisas do automobilismo.
(FONTE: https://ge.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2018/07/07 – FÓRMULA 1 / F1 MEMÓRIA/ por Fred Sabino/ Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro – 07/07/2018)

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