Jean-Marie Straub, foi um dos mestres do cinema experimental ao lado da mulher, Danièle Huillet, reescreveram peças de teatro, música e ópera, além de textos literários em geral, de Franz Kafka, Cesare Pavese e Bertolt Brecht

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Jean-Marie Straub, gigante do cinema experimental

Cineasta francês foi um dos mestres do cinema experimental ao lado da mulher, Danièle Huillet.

Jean-Marie Straub, em colaboração com sua esposa Danièle Huillet, criou alguns dos filmes mais desafiadores e intensamente debatidos da era modernista.

(Foto: Digne Meller Marcovicz)

 

 

Jean-Marie Straub (Metz, França, 8 de janeiro de 1933 – Rolle, Suíça, 20 de novembro de 2022), cineasta francês, gigante do cinema autoral/experimental, ícone do cinema experimental europeu e responsável por realizar diversos filmes ao lado da sua esposa Danièle Huillet (1936-2006).

 

Straub fez parte da geração cinéfila francesa da década de 1950, responsável pela criação da cultuada revista Cahiers du Cinema.

 

Quando os críticos franceses resolveram fazer seus próprios filmes, Straub os acompanhou. Ele começou a sua carreira no cinema trabalhando como assistente de grandes cineastas, como Jean Renoir, Robert Bresson e Jacques Rivette.

 

Ao lado de sua mulher, Danièle Huillet, ele escreveu, fora do circuito das grandes produtoras, uma importante obra cinematográfica, que relacionou outras artes ao cinema, dando vazão ao seu engajamento marxista.

 

Influenciados por Jean Renoir e Jean Grémillon, “Les Straub”, “ou os Straub”, como eram conhecidos, produziram filmes como “Crônica de Anna Magdalena Bach”, de 1968, e “Relações de Classe”, de 1984, e “Gente da Sicília”, de 1999.

 

O casal renovou a linguagem cinematográfica, testando os limites do cinema. Experimentando som e imagem, eles reescreveram peças de teatro, música e ópera, além de textos literários em geral, de Franz Kafka, Cesare Pavese e Bertolt Brecht.

 

As artes plásticas também são temas de documentários como “Uma Visita ao Louvre”, de 2004, e “Cézanne”, de 1990.

 

Ficaram célebres ainda suas adaptações de clássicos da literatura mundial, como “Antígona”, de 1992 “a partir da peça de Sófocles”, “Moisés e Aarão”, de 1975, “baseado no libretto de Arnold Schönberg” e “A Morte de Empédocles”, de 1987 adaptada da peça de Friedrich Hölderlin, e que ousou não só na encenação, mas também ao trazer atores como William Berger, austríaco então conhecido por westerns spaghetti.

 

Nascido na França, foi assistente de Jean Renoir, Robert Bresson e Jacques Rivett ume. Em 1958, convocado para o serviço militar durante a Guerra da Argélia, preferiu exilar-se na Alemanha. Virou um autor franco-alemão. Integrou a geração que deu origem ao chamado Novo Cinema Alemão. Werner Hezog, Rainer Werner Fassbinder tornaram-se mais conhecidos. Straub é reputado com Alexander Kluge, de Artistas na Cúpula do Circo: Perplexos, como o mais exigente.

 

Em 1958, Straub foi convocado para o serviço militar durante a Guerra da Argélia, mas em vez disso preferiu se exilar na Alemanha. E foi lá que iniciou a sua carreira como diretor, integrando o chamado Novo Cinema Alemão, cujos maiores expoentes eram Werner Hezog e Rainer Werner Fassbinder.

No ano seguinte, Straub se casou com Danièle Huillet (1936-2006) e os dois começaram a realizar filmes juntos, começando pelo curta-metragem “Machorka-Muff”, lançado em 1963.

 

Fez filmes como Os Não Reconciliados e A Crônica de Ana Magdalena Bach, investigando a linguagem do cinema como a obra do músico. Crônica é belíssimo. A fotografia em preto e branco, uma constante na maioria dos filmes de Straub, possui camadas. Ao mesmo tempo que estética, propõe contrastes psicológicos e sociais.

 

Dois anos depois ele lançou “Os Não-Reconciliados”, um filme de 55 minutos que narra a história de diferentes gerações de uma família alemã. Straub assinou a direção do filme sozinho, mas escreveu o roteiro em parceria com a esposa.

 

Straub e Huillet dividiram a direção do filme seguinte deles, “Crônica de Anna Magdalena Bach” (1968), uma cinebiografia do compositor Johann Sebastian Bach contada pelo olhar da sua esposa, Anna. O filme arrancou elogios rasgados da crítica e consagrou o casal de cineastas, que começou a assinar suas obras como os Straubs.

Logo em seguida, o casal se mudou para Roma, onde iniciou nova fase com o lançamento de vários longas. Em cinco décadas, os dois buscaram manifestar o que chamavam de “um sonho pictórico-abstrato”, criando homenagens a cineastas como Jean Renoir e Robert Bresson.

Em 1970, Straub foi filmar em Roma a sua adaptação da tragédia de Corneille, Othon. Apaixonado pela Itália, fixou residência no país com sua companheira, na arte e na vida. Danièle Huillet coassinava os filmes com ele. Danièle morreu em 2006. Straub viveu mais um tempo em Roma e se transferiu para Rolle.

 

Em 1999. fez outro de seus grandes filmes. Sicília!, no original – Gente da Sicília, no Brasil – baseia-se no romance de Elio Vittorini, Conversazione in Sicilia. O próprio escritor volta à casa. Conversa com a mãe. Esse diálogo é o mais belo que existe. Discutem ancestralidade. Como quase toda obra de Straub, Gente da Sicília é rigoroso. Nada de movimentação da câmera, preto e branco, diálogos recitados em tom monocórdico. O resultado poderia ser muito chato, mas o mistério de Straub torna a obra uma joia.

 

Ele filmava figuras extraordinárias – Lição de História, sobre Júlio César; Othon; A Morte de Empédocle – como se fossem seres comuns. Buscava uma espécie de transcendência. Sua importância é inegável. Para conferir, A Crônica de Ana Magdalena Bach e Othon estão disponíveis na plataforma da MUBI.

 

A lista de obras dos Straubs ainda inclui “Moisés e Aarão” (1975), “Da Nuvem à Resistência” (1979), “Relações de Classe” (1984), “A Morte de Empédocles” (1987), “Antígona” (1992), “Gente da Sicília” (1999) e “Esses Encontros Com Eles” (2006).

Mas apesar de prolíficos, a dupla nunca teve um grande acolhimento popular ou sucesso comercial, ainda que tenham construído sua carreira adaptando obras conhecidas da literatura ou do teatro. Entre os nomes adaptados por eles estão Bertolt Brecht, Franz Kafka e Elio Vittorini.

Depois da morte da esposa, em 2006, Straub praticamente abandonou os longas, dedicando-se à realização de curtas-metragens. Ele dirigiu mais de 20 curtas num período de 14 anos. Seu único longa nesse intervalo de tempo foi “Kommunisten” (2014) e seu último crédito como diretor foi no curta “La France Contre les Robots” (2020).

O casal recebeu um Leão de Ouro horário pela carreira no Festival de Veneza de 2006 e Straub foi homenageado com um Leopardo de Honra no Festival de Locarno de 2017. Além disso, sua influência abrange uma nova geração de cineastas, como o português Pedro Costa (“Cavalo Dinheiro”) e o americano Thom Andersen (“Los Angeles Por Ela Mesma”), que já admitiram publicamente a sua admiração pela dupla.

 

Jean-Marie Straub faleceu na noite de sábado (19/11) em Rolle, na Suíça. Ele tinha 89 anos.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – ENTRETENIMENTO / NOTÍCIAS/ Luiz Carlos Merten – 20/11/22)
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias ENTRETENIMENTO/ por HENRIQUE ARTUNI E GUSTAVO ZEITEL -SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 20/11/22)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/filmes – DIVERSÃO / ENTRE TELAS / por Daniel Medeiros / Pipoca Moderna – 21 nov 2022)

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