Jaroslav Seifert, poeta checo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1984, autor de trinta livros

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Jaroslav Seifert (Foto: terrar.io/Divulgação)

Jaroslav Seifert (Foto: terrar.io/Divulgação)

Jaroslav Seifert (23 de setembro de 1901 – Praga, 9 de janeiro de 1986), poeta checo, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1984, autor de trinta livros, nenhum deles publicado no Brasil. Foi presidente da União Nacional dos Escritores em 1968, durante a chamada Primavera de Praga.

O poeta Jaroslav Seifert recebeu a notícia em 11 de outubro, de que havia ganhado o Prêmio Nobel de Literatura de 1984. Dentro e fora da Checoslováquia, a premiação foi recebida com frieza. Afinal, mesmo sendo o poeta mais popular daquele país e tendo publicado trinta livros em mais de sessenta anos de atividades literárias, Seifert era um dissidente – e o governo checo não viu motivos para comemorar o primeiro Prêmio Nobel concedido a um escritor da Checoslováquia.

Ele foi expulso do Partido Comunista em 1929, alguns de seus poemas circularam clandestinamente depois da invasão do país pela União Soviética, em 1968, e Seifert assinou manifestos pedindo direitos humanos. Nos círculos literários do Ocidente, o nome do novo Nobel também não foi aplaudido, por ser considerado mais um capricho da Academia Sueca, já que Seifert é praticamente desconhecido fora de seu país.

Há certa coerência, porém, nos caprichos da Academia Sueca. Nos últimos anos, ela vem dando as costas aos escritores consagrados e privilegiando os desconhecidos, representantes de literaturas de menor circulação internacional. Foi assim com os prêmios atribuídos de 1978 a 1981, quando os vencedores foram o polonês naturalizado americano Isaac Singer, o grego Elytis, o lituano exilado Czeslaw Milosz e o búlgaro Elias Canetti.

Depois que receberam o Nobel, descobriu-se que os quatro haviam produzido obras de alta qualidade. O “defeito” deles era justamente o de serem ignorados fora das línguas em que escrevem. Com Jaroslav Seifert, o mesmo fenômeno volta a se repetir: o Nobel revela ao mundo um escritor poderoso e de qualidades incontestáveis.

Seifert publicou seu primeiro livro de poemas, Cidade em Lágrimas, em 1921. Nele descrevia, no estilo da “poesia proletária”, a Praga dos subúrbios. Nos anos 30, ele teve um rápido namoro com o movimento surrealista, chegando a se tornar amigo dos poetas franceses André Breton e Paul Eluard.

Durante a invasão da Checoslováquia pelos nazistas, Seifert escreveu alguns de seus poemas mais conhecidos, como o que fala da destruição da cidade de Lidice. Depois da II Guerra Mundial, com a subida ao poder do Partido Comunista, ele passa a ser hostilizado pelo governo.

Suas obras, então, foram primeiro publicadas na Alemanha, e só circulavam clandestinamente na Checoslováquia. Afinal, elas acabaram por ser publicadas pelas editoras oficiais do país, mas com alguns cortes.

Jaroslav Seifert morreu dia 9 de janeiro de 1986, aos 84 anos, de ataque cardíaco, em Praga.

(Fonte: Veja, 15 de janeiro de 1986 -– Edição 906 –- DATAS -– Pág; 71)

(Fonte: Veja, 17 de outubro de 1984 – Edição 841 – Literatura – Pág: 111)

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