Jacques Delors, foi um dos grandes idealizadores da União Europeia (UE) e da criação do euro, era ministro da Economia entre 1981 e 1984, sob o mandato do presidente socialista François Mitterrand

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Jacques Delors, pai do euro e da modernização da UE

Delors, um fervoroso defensor da integração europeia do pós-guerra, serviu como presidente da Comissão Europeia, o Executivo da União Europeia, durante três mandatos – mais do que qualquer outro titular do cargo.

Jacques Delors, então presidente da Comissão Europeia, apresenta a moeda de 100 francos, em 19 de agosto de 1982, em Paris

 

 

Jacques Delors (nasceu em Paris em 20 de julho de 1925 – faleceu em 27 de dezembro de 2023, em Paris), foi um dos grandes idealizadores da União Europeia (UE) e da criação do euro, era ex-presidente da Comissão Europeia, um dos fundadores do histórico projeto da moeda única da União Europeia, foi um fervoroso defensor da integração europeia do pós-guerra, serviu como presidente da Comissão Europeia, o Executivo da União Europeia, durante três mandatos – mais do que qualquer outro titular do cargo – de janeiro de 1985 até ao final de 1994.

Durante a década dinâmica de Delors como chefe da Comissão, a União Europeia concluiu o seu mercado único integrado e concordou em introduzir uma moeda única e construir uma política externa e de segurança comum.

O então bloco de 12 nações também estabeleceu as condições sob sua supervisão para eventualmente admitir os ex-Estados comunistas da Europa Central e Oriental após a queda do Muro de Berlim em 1989.

 Delors, um federalista convicto, era um defensor apaixonado de uma “união cada vez mais estreita” que, à frente do Executivo da União Europeia, entrava frequentemente em conflito com a então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, que resistiu vigorosamente a qualquer transferência de poder para Bruxelas.

Ministro da Economia entre 1981 e 1984, sob o mandato do presidente socialista François Mitterrand, Delors frustrou as esperanças da esquerda francesa ao se recusar concorrer às eleições presidenciais em 1995, apesar de ser o favorito nas pesquisas.

 

Jacques Delors, um dos grandes idealizadores da União Europeia © -, PIERRE GUILLAUD, Georges GOBET, -, JOEL ROBINE

Jacques Delors, um dos grandes idealizadores da União Europeia © PIERRE GUILLAUD, Georges GOBET -, JOEL ROBINE

 

Posteriormente, o francês foi nomeado presidente da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, com sede em Bruxelas. Sua gestão, de 1985 a 1995, foi marcada pela queda do Muro de Berlim (1989) — que pôs fim à divisão existente na Europa após a Segunda Guerra Mundial —, e o início das negociações para integrar os países do antigo bloco soviético à UE.

Delors teve um papel central na concepção da Europa atual com a criação do mercado único, a assinatura dos acordos de Schengen (de livre circulação de pessoas), o lançamento do programa de intercâmbio de estudantes Erasmus e da reforma da Política Agrícola Comum.

Sob seu mandato também lançou a união econômica e monetária que levaria à criação do euro, a moeda única utilizada por 20 dos 27 membros atuais da UE.

– ‘Senhor Europa’ –

“O grau em que ele personificou a ‘Europa’ ficou evidente em como a imprensa mundial se referia a ele: ‘Senhor Europa’, ‘Czar da Europa’, etc.”, escreveu a biógrafa Helen Drake em “Jacques Delors – Perspectives on a European Leader” (Jacques Delors – Perspectivas sobre um Líder Europeu, em tradução literal).

 

(1994) Jacques Delors se prepara para entrevista em Bruxelas, durante seu mandato como presidente da Comissão Europeia © PHILIPPE BUISSIN

(1994) Jacques Delors se prepara para entrevista em Bruxelas, durante seu mandato como presidente da Comissão Europeia. (© PHILIPPE BUISSIN)

 

O impulso de Delors em favor de uma integração europeia maior, entretanto, encontrou resistência em alguns dos países-membros, sobretudo por parte do Reino Unido da primeira-ministra Margaret Thatcher, do Partido Conservador.

Londres deixou a UE em 2020. Em março do mesmo ano, Delors instou os chefes de Estado e de governo dos Estados-membros do bloco a serem mais solidários no enfrentamento conjunto da pandemia de covid-19.

Até seus últimos dias, Delors defendeu o fortalecimento do federalismo europeu e pediu mais “ousadia” como resposta à saída do Reino Unido da UE e aos ataques de “populistas de todo tipo”.

O francês também fundou incubadoras de ideias como “Club témoin” e “Notre Europe”, que mais tarde se transformou no “Instituto Jacques-Delors”.

Na França, sua recusa a concorrer às eleições de 1994 surpreendeu o país. “Vou completar 70 anos, 50 deles trabalhando sem parar e é mais razoável, nestas circunstâncias, considerar um estilo de vida mais equilibrado entre reflexão e ação”, argumentou na ocasião perante 13 milhões de telespectadores.

Em 2021 ele revelou que havia outros motivos para sua desistência. “Estava preocupado demais com a independência e me sentia diferente dos que estavam ao meu redor. A minha forma de fazer política não era a mesma”, disse ao jornal francês Le Point. “Não me arrependo”, mas “não digo que estava certo”, acrescentou.

Nascido em Paris em 20 de julho de 1925, Delors se casou com Marie Lephaille em 1948, com quem teve dois filhos: Martine Aubry, nascida em 1950 e atual prefeita de Lille (norte), e Jean-Paul, nascido em 1953, que morreu de leucemia em 1982.

Jacques Delors faleceu na quarta-feira (27), aos 98 anos.

“Morreu nesta manhã, em sua residência em Paris, enquanto dormia”, informou à AFP Martine Aubry, filha de Delors.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu Delors como “um visionário que tornou a nossa Europa mais forte” e cuja “obra moldou gerações inteiras de europeus”.

O socialista Pedro Sánchez, chefe de governo espanhol, publicou no X: “Sem ele, a Europa não seria o que é hoje. Seguiremos seu legado, para consolidar mais avanços e progressos na União.”

Michel Barnier, o principal negociador da União Europeia durante a saída do Reino Unido da União Europeia, disse que Delors foi uma inspiração e uma razão para “acreditar em uma ‘certa ideia’ de política, de França e de Europa”.

(Direitos autorais: https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo – AFP/ NOTÍCIAS/ MUNDO/ História por AFP – 28/12/2023)

(Direitos autorais: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/12/27 – MUNDO/ NOTÍCIA/ Por Reuters – 

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