Ivete Vargas (1926-1984), deputada federal e presidente nacional do PTB, sobrinha-neta de Vargas

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Ivete Vargas (1926-1984), deputada federal e presidente nacional do PTB, sobrinha-neta de Getúlio Vargas. Durante a campanha eleitoral de 1982, Ivete disputou uma cadeira na Câmara Federal. Ivete elegeu-se com mais de 260 000 votos e partiu para Brasília disposta a costurar um acordo com o PDS. Deputada pela primeira vez em 1951, aos 25 anos, Ivete foi uma política capaz de conseguir em suas negociações frutos desproporcionalmente grandes em relação às cartas que tinha na mão. Com o governo Figueiredo, por exemplo, comandando uma bancada de apenas treze deputados, ela conseguiu selar um acordo com o PDS, garantindo cargos na administração federal para o seu partido.

A última batalha da deputada não foi travada na arena política, seu campo de luta favorito. Depois de enfrentar, durante mais de dois anos, um câncer inicialmente localizado no seio esquerdo – extirpado em dezembro de 1981 – e que em seguida se espalhou por seus ossos, Ivete sofreu duas embolias graves, que acabaram infeccionando seus pulmões, e morreu, aos 57 anos, em São Paulo, no dia 4 de janeiro de 1984. Até três dias antes de falecer, a deputada não esmoreceu ante a doença, e costumava rascunhar bilhetes para seus correligionários do PTB, pedindo notícias políticas.

“BONDADE PODEROSA” – Durante o seu internamento, o apartamento 408 do hospital transformou-se num território suprapartidário, ao qual acorreram desde o presidente João Figueiredo até o governador Franco Montoro, do PMDB. Para o médico Sérgio Simon, a doença da deputada foi agravada por um problema psicológico, decorrente da morte, em dezembro de 1981, de seu marido, o advogado Paulo Guilherme Martins, autor do célebre panfleto nacionalista Um Dia na Vida do Brasilino, com quem esteve casada durante dezoito anos. No Rio de Janeiro, políticos de todos os partidos renderam-lhe uma última homenagem. “Ela trazia no coração a força de uma bondade poderosa”, disse o governador Tancredo Neves. O ex-presidente Jânio Quadros, que condenou o acordo de Ivete com o governo, e o governador Leonel Brizola, que disputou agressivamente a sigla do PTB com a deputada, em 1980, elogiaram sua tenacidade. O deputado Ulysses Guimarães, presidente nacional do PMDB, comparou Ivete à “Passionária”, Dolores Ibarruri, a legendária líder comunista espanhola. Esqueceu-se, portanto, de que Ivete sempre se disse anticomunista. “A morte de Ivete Vargas deixa um grande vazio no panorama político”, avaliou o ministro Leitão de Abreu, chefe do Gabinete Civil da Presidência.

(Fonte: Veja, 11 de janeiro de 1984 – Edição 801 – PTB – Pág; 23 – DATAS – Pág; 98)

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