Hannah Arendt nascida como Johanna Arendt, pensadora, professora de filosofia política

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Arendt: sabedoria e coragem

Hannah Arendt nascida como Johanna Arendt, (Hannover, Alemanha, 14 de outubro de 1906 – Nova York, Estados Unidos, 4 de dezembro de 1975), filósofa política alemã, uma das mais influentes do século XX. Pensadora, professora de filosofia política da New School for Social Research de Nova York. Filha de um engenheiro, nasceu em Hanôver, Alemanha, e estudou nas universidades de Marburg, Freiburg e Heidelberg, onde se doutorou e foi aluna de Martin Heidegger e Karl Jaspers; de olhos negros, expressão suave e uma dominadora segurança em todos os seus gestos, antecipou o que seria a perseguição do nazismo contra os judeus e deixou seu país, instalando-se na França, em 1933; oito anos depois mudou-se para os Estados Unidos, adotando a cidadania americana em 1951; naquele país escreveu suas obras fundamentais; lecionou nas principais universidades dos Estados Unidos, entre as quais as de Princeton, Columbia, Cornell, Califórnia e Wesleyan.

Uma contínua defesa da liberdade

Em seu primeiro livro, de 1951, “As Origens do Totalitarismo”, Hannah Arendt examina a gênese e a tipologia desse novo fenômeno de dominação, marcado pelo terror, pela ideologia e pela polícia secreta, e para o qual a tradição ocidental não tinha explicação.

Seu segundo trabalho, “A Condição Humana”, de 1958, procura, através daquilo que seria genérico e específico na natureza humana, detectar as linhas de ruptura daquela tradição, cujas consequências, para o pensamento político, Hannah Arendt examinaria em sua terceira obra. Trata-se de “Entre o Passado e o Futuro”, de 1961, no qual buscou, pela análise da liberdade, da autoridade, da História e da verdade factual, recuperar a sabedoria clássica e iluminar o presente.

No quarto livro, “Sobre a Revolução”, de 1963, Hannah Arendt mostra, pelo estudo das revoluções Francesa e Americana, a importância da fundação e do agir em conjunto para a criação do espaço público da liberdade e da ação.

A inexistência desse espaço público pode gerar tanto a banalidade do mal, como ela demonstrou em “Eichmann em Jerusalém”, de 1963, quando a vigorosa presença de “Homens em Tempos Obscuros”, de 1968, homens que enfrentam com coragem e esperança os padecimentos de sua época. “Crises da República”, seu último ensaio, de 1972, examina o papel da mentira, da violência e da hipocrisia, na vida política, como fenômenos que comprometem o espaço público da palavra e da ação.

Seu pensamento e sua ação foram uma contínua defesa da liberdade, a mensagem universal de uma experiência pessoal, para que todos pudessem, diante da pergunta “Quem Sois?”, responder: a presença de nossa conduta individual, julgada e iluminada pela palavra viva e pela ação exercida no espaço público da liberdade de uma comunidade criativa e criadora. Sua morte representou uma lacuna irreparável numa época assinalada pela ruptura entre o passado e o futuro, uma época que ela iluminou com sua sabedoria e com sua coragem. Hannah morreu em 4 de dezembro de 1975, de ataque cardíaco, aos 69 anos, em Nova York, Estados Unidos.
(Fonte: Veja, 10 de dezembro, 1975 – Edição 379 – DATAS/ Por Celso Lafer – Pág; 85)

PEDAGOGIA
Hannah Arendt
Para a cientista política, os adultos devem assumir a responsabilidade de conduzir as crianças por caminhos que elas desconhecem
Como filósofa interessada no fenômeno do pensamento, Arendt não deixou de se ocupar do ensino
Hannah Arendt nasceu em 1906, em Hannover, na Alemanha, de uma família judia. Cedo ela direcionou seus estudos para a filosofia, passando a se dedicar à ciência política. Na Universidade de Marburg, foi aluna do filósofo Martin Heidegger (1889-1976), com quem manteve uma ligação amorosa que se estendeu por 50 anos – período durante o qual ela foi casada duas vezes e ele uma. O nazismo levou Arendt a emigrar, em 1933, para Paris, de onde teve novamente de fugir em 1940, indo para Nova York. Naturalizou-se norte-americana em 1951, ano em que publicou seu primeiro livro, As Origens do Totalitarismo. Ao adotar uma perspectiva liberal, que não se alinhava com os extremos ideológicos, Arendt construiu um pensamento independente e crítico, até mesmo, às vezes, em relação a grupos com os quais compartilhava idéias, como os sionistas e a esquerda não marxista. Morreu em 1975 em Nova York, onde era professora universitária.

Ela foi uma das principais pensadoras da política no século 20, mas sua obra inspira estudos em outras áreas, entre elas a educação. Poucos intelectuais atuaram tão diretamente em seu tempo como Arendt, que foi vítima, ainda jovem, da perseguição nazista em sua Alemanha natal.

Como uma filósofa (designação que a desagradava) interessada em particular no fenômeno do pensamento e no modo como ele opera em “tempos sombrios”, Arendt não poderia deixar de se ocupar do ensino. A pensadora abordou o assunto em dois textos, A Crise na Educação (incluído no livro Entre o Passado e o Futuro) e, mais indiretamente, Reflexões sobre Little Rock, escritos em 1958 e 1959 respectivamente. Na época, as salas de aula nos Estados Unidos – para onde se mudou em 1940 – se viam invadidas por questões sociais como a violência, o conflito de gerações e o racismo.

É no primeiro dos dois textos que Arendt apresenta, com a habitual veemência e coragem, uma visão bastante crítica do tipo de educação considerada “moderna”, naquela época e também hoje. Em poucas páginas, ela questiona em profundidade alguns dos conceitos pedagógicos mais difundidos desde fins do século 19, e que se originam do movimento da Escola Nova e da concepção do trabalho educativo como um aprendizado “para a vida”.

“A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver”, escreve Arendt. Sua argumentação é a favor da autoridade na sala de aula e sua visão educativa é assumidamente conservadora. “Isso não quer dizer que ela defenda um professor autoritário”, diz Maria de Fátima Simões Francisco, professora de filosofia da educação da Universidade de São Paulo. Nem se trata de ser favorável à escola como um agente da manutenção da ordem estabelecida. Ao contrário, Arendt acreditava que o aluno deve ser apresentado ao mundo e estimulado a mudá-lo.

(Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br – 01/07/2008 – Márcio Ferrari)

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