Gustav Mahler, foi uma das figuras mais fascinantes da história da música na virada do século XIX para o século XX

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Mahler, o profeta de si mesmo

 

Gustav Mahler (Kalischt, Boêmia (atual Polônia), 7 de julho de 1860 – Viena, Áustria, 18 de maio de 1911), compositor e maestro austríaco, foi uma das figuras mais fascinantes da história da música na virada do século XIX para o século XX.

Discípulo de Bruckner, contemporâneo de Richard Strauss (1864-1949), ídolo dos fundadores da segunda escola austríaca (Shoenberg, Berg e Webern), Mahler foi por muito tempo depreciado pela crítica como um compositor prolixo e que disfarçava a inspiração pouco original com espalhafatosos efeitos orquestrais.

Só nos últimos trinta anos é que o mundo das sinfonias e dos ciclos de canções do compositor conseguiu o aplauso do público e o respeito da crítica.

Gustav Mahler ocupava a maior parte do seu tempo como regente, primeiro em Hamburgo, depois na Ópera de Viena e finalmente em Nova York, compondo quase exclusivamente durante as férias de verão. As suas virtudes como extraordinário regente são amplamente documentadas pelas crônicas da época, e a Ópera de Viena atravessou um período de esplendor sob s sua direção musical.

A história descrevem Mahler como um temperamento de angustiado a neurótico, obcecado pela ideia da morte a partir de 1908 (ele morreu em 1911, aos 51 anos de idade). Ao mesmo tempo, é apresentado como um idealista próximo da santidade.

A principal fonte de referências biográficas são os livros escritos por sua viúva, Alma, que obviamente dispunha de informações privilegiadas sobre a intimidade do casal. O verdadeiro Mahler e sua obra, tratando da vida do compositor e a sua obra musical. O relacionamento difícil do casal Gustav e Alma, que se explica pelos dezenove anos de idade a mais do compositor em relação à esposa e pelo temperamento, ora leviano, ora calculista, desta última.

A análise musical, apresentada com extrema competência, situa as várias fases da criação de Mahler, desnvolvidas desde os primeiros ciclos de canções e a primeira sinfonia até a Canção da Terra, a nona e a décima sinfonias.

No início do século XX, o compositor austríaco Mahler lançou uma profecia à soprano alemã Lilli Lehmann: “Daqui a 100 anos, haverá festivais dedicados às minhas sinfonias, e elas serão executadas em enormes salas de concerto.” Mahler não mexeu na estrutura das sinfonias. Mas aumentou sua duração, volume e densidade, e introduziu nelas instrumentos e gêneros musicais alheios ao mundo sinfônico.

Mahler, o maestro, era também celebrado pelas leituras revolucionárias que fazia das obras de clássicos como Mozart e Beethoven. O fato de conhecer a fundo as engrenagens de uma orquestra fez com que ele criasse novas técnicas de composição>: em suas sinfonias, a melodia pode ser dividida de instrumento para instrumento – o tema começa nas codas, passa para o clarinete e termina no trompete.

O compositor austríaco foi banido das salas de concerto durante o nazismo e, a exemplo de outros autores judeus, quase terminou relegado ao esquecimento. A obra de Mahler reviveu quando, na década de 60, o regente americano Leonard Bernstein resgatou suas sinfonias e canções e defendeu sua genialidade em palestras em universidades e nas apresentações especiais que fazia para o público jovem.

(Fonte: Veja, 8 de fevereiro de 1989 – ANO 22 – Nº 6 – Edição 1066 – LIVROS/ Por MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN – Pág: 78)

(Fonte: Veja, 17 de março de 2010 – ANO 43 – Nº 11 – Edição 2156 – MÚSICA/ Por Sérgio Martins – Pág: 124/125)

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