Gravado no estúdio da Victor em Nova York o primeiro disco de jazz

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Jazz celebra cem anos da gravação de seu primeiro disco

Nascida entre os negros dos EUA, música de apelo irresistível é hoje um ritmo universal

 

Dixieland Jass Band, foto sem data - (Foto: Divulgação / Agência O GLOBO)

Dixieland Jass Band, foto sem data – (Foto: Divulgação / Agência O GLOBO)

 

Em 26 de fevereiro de 1917 —, foi gravado no estúdio da Victor, em Nova York, o que os historiadores consideram o primeiro disco de jazz: um 78 rotações por minuto (número 18255), com “Livery stable blues” de um lado e “Dixie jass band one-step” do outro, ambos pela recém-criada Original Dixieland Jazz Band, do cornetista ítalo-americano Nick LaRocca (1889-1961). Mas talvez não haja motivos para que os jazzófilos mais devotados comemorem essa data redonda do jazz, música de história tão rica quanto complexa, tão mais ligada à formação de um povo do que a uma individualidade, com sementes mais fortemente fincadas nas plantações do Sul do que na cera de um disco. Como a história do samba, a do jazz não teve um primeiro dia: veio vindo através dos séculos.

Que o jazz nasceu com os negros levados da África para a Louisiana, sul dos Estados Unidos, no século XVII, não se discute. Nem que evoluiu dos cantos tribais dos escravos para os spirituals de caráter religioso e coletivo, destes para o blues de expressão pessoal, deste para as primeiras formas instrumentais, destas para a improvisação coletiva do dixieland, deste para Chicago — e assim sucessivamente até se definir como, simplesmente, jazz. Nome com o qual se consagraria já na segunda metade do século XX.

A palavra tem origem incerta, sendo possível que venha de “jasm” ou “jass”. Para alguns estudiosos, termo associado a sexo. Desde sua origem, em Nova Orleans, com a importante escala posterior em Chicago, o jazz é a música dos negros, escravos ou ex-escravos. Mas foi, pouco a pouco, adotado pelos brancos, que passaram a chamar de jazz toda música popular que vingou na década de 1920. Ou seja, uma infinidade de ritmos tocados por orquestras brancas e dançados pela população branca. Toda ela, do one-step ao charleston, do fox-trot ao black-bottom, contendo elementos copiados da música dos negros. Esta, a original, só iria conquistar Nova York nos anos 1930.

Como era inevitável, o jazz evoluiu. Ou melhor, transformou-se numa música mais mestiça. Por seu irresistível apelo — invenções harmônicas, acidentes rítmicos, riqueza de solos simultâneos, tudo criado quase por instinto — o que era música dos negros foi sendo adotada pelos compositores populares e até por músicos eruditos como Stravinsky, Milhaud, Ravel, Shostakovich, Hindemith e, claro, Aaron Copland e George Gershwin.

A partir da década de 1930 e indefinidamente para adiante, o jazz tomou vários caminhos, traçados não só pelos brancos que povoaram a Era do Swing, como por negros de novas gerações, criando o cool, o bebop, o hard bop, o free, estilos vários e — por que não? — o rock ‘n’ roll e suas variantes, estudados em separado. O mesmo apelo que, para o bem ou para mal, atraiu os brancos, atravessou fronteiras e foi adotado por toda a Europa, pela Ásia, pelo mundo, convertendo-se na mais universal de todas as formas de música, clássica ou não.
Grandes nomes do jazz que fariam 100 anos em 2017

Laurindo Almeida (1917-1995): 2 de setembro

Extraordinário violonista, foi o primeiro músico brasileiro a se firmar nos Estados Unidos, no jazz, em discos e em trilhas de filmes. Impressionava os americanos pelo som obtido com os dedos, dispensando palhetas. Ganhou cinco Grammys.

 

Thelonious Monk (1917-1982): 10 de outubro

Das mais místicas e enigmáticas personalidades do jazz, Monk foi, em todos os sentidos, um gigante. É estudado entre os nomes do bebop, mas sua genialidade não cabe num único estilo. Foi um compositor inspirado (“Round midnight”) e pianista raro.

 

Nat King Cole (1917-1965): 17 de março

A alta e famosa torre da Capitol Records, em Los Angeles, é conhecida como “a casa que Nat King Cole construiu”. Motivo: foi ele o maior vendedor de discos da gravadora, mesmo na época em que Frank Sinatra vivia seus melhores anos.

 

Lena Horne (1917-2010): 30 de junho

Por seu começo como estrela do Cotton Club, e mais ainda pela cena em que canta “Stormy weather” no filme em “Tempestade de ritmos”, tinha tudo para ser vitoriosa vocalista de jazz. Contudo, algum talento e grande beleza levaram-na a investir na carreira de atriz, quando não havia bons papéis nos cinema para mulheres negras.

 

Dizzy Gillespie (1917-1993): 21 de outubro

Fundamental na evolução do bebop (no parecer do jazzófilo Leonard Feather, o principal arquiteto do estilo, ao lado de Charlie Parker), o trompetista tomou caminho distinto de outros músicos desse importante período do jazz.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica – CULTURA – MÚSICA/ POR JOÃO MÁXIMO – 24/02/2017)

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