Giulio Andreotti, dirigente da Democracia Cristã e símbolo do poder na Itália.

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Giulio Andreotti, símbolo do poder na Itália

Giulio Andreotti (Roma, em 14 de janeiro de 1919 – Roma, 6 de maio de 2013), dirigente da Democracia Cristã e símbolo do poder na Itália, sete vezes primeiro-ministro e 20 vezes ministros.

Conhecido como “Belzebu” por sua astúcia para permanecer nas altas esferas do poder, Andreotti representava o melhor e o pior da Itália por sua refinada cultura combinada com o cinismo de velha raposa política.

“O incombustível” e “o equilibrista”, entre outras alcunhas, era considerado o homem que administrou o poder na Itália após a Segunda Guerra Mundial, sendo um dos líderes mais influentes da Democracia Cristã.

Nascido em Roma em 14 de janeiro de 1919, Andreotti, senador vitalício, recebeu muitos elogios e homenagens há quatro anos, quando completou 90 anos.

Andreotti escapou de todos os escândalos aos quais foi relacionado durante mais de 60 anos na política, dos contratos no setor do petróleo dos anos 60, passando pelo sequestro e morte de Aldo Moro em 1978, e até a acusação de cumplicidade com a Cosa Nostra nos anos 90.

Seus eternos inimigos nunca pouparam críticas venenosas.

“Um grande estadista. Do Vaticano. O secretário permanente da Santa Sé”, o definiu uma vez o falecido ex-presidente da República Francesco Cossiga, rival e correligionário.

Pouco antes de completar 90 anos, Andreotti ainda fazia bom uso de seu surpreendente sarcasmo e senso de humor. Participava de importantes programas de televisão e concedia entrevistas a várias publicações.

Confiou seu lendário e temido arquivo pessoal com 3.500 pastas, entre elas 200 sobre o Vaticano e 80 sobre Estados Unidos, ao católico Instituto Don Sturzo.

“Conheço alguns segredos de Estado, mas os levarei ao paraíso. Nunca gostei da política espetáculo”, afirmou em uma entrevista ao jornal La Repubblica.

“O inoxidável”, que foi membro da Assembleia Constituinte em 1946 aos 27 anos e iniciou a carreira parlamentar em 1948, admitiu que tinha um desejo, que Deus concedesse uma “prorrogação”.

O personagem, provavelmente o político que tinha mais segredos escondidos, também será lembrado por suas frases célebres.

“O poder desgasta quem não o tem”, “fora as guerras púnicas, me culpam por tudo”, “é pecado pensar mal dos outros, mas com frequência se acerta” estão entre os aforismos que entraram para a história.

Suas relações privilegiadas com o Vaticano, iniciadas quando era um brilhante estudante de Direito e frequentava a biblioteca da Santa Sé, o transformaram na face política da Igreja Católica.

“Sobrevoou com invejável leveza a longa resenha dos anos passados”, escreveu em 2009, L”Osservatore Romano, depois de publicar uma ampla entrevista na qual falava de sua juventude, de alguns dos seis pontífices que conheceu de perto, da história e do futuro.

Com problemas de saúde, não participou nas votações de abril de 2013 no Parlamento para a eleição do presidente da República, cargo que nunca conseguiu alcançar.

Com seu habitual tom enigmático confessou ser esse seu maior fracasso pessoal: não ter conseguido a presidência da República.

“Como os militares olham as insígnias dos generais, eu também tinha aspirações, objetivos importantes”, admitiu.

Andreotti morreu dia 6 de maio de 2013, aos 94 anos, em Roma, e foi homenageado como um dos políticos mais brilhantes e controversos dos 70 anos na história italiana.

“Com ele, desaparece um dos principais atores de 70 anos de vida nacional”, declarou o chefe do Governo, Enrico Letta.

O presidente da República, o ex-comunista Giorgio Napolitano, adversário político histórico de Andreotti, enalteceu o importante papel que ele teve para as instituições nacionais e internacionais, em particular para a construção da Europa Unida.

Segundo a secretária pessoal de longa data, Patrizia Chilelli, não serão realizados funerais de Estado nem haverá uma capela ardente.

Andreotti, que morreu em casa, no coração de Roma, terá um funeral discreto nesta terça-feira, na igreja de São Giovanni dei Fiorentini, a poucos metros de onde morava e onde assistia às missas todos os dias.

A morte do político, imortalizado no filme “O Divo”, de 2008, gerou inúmeras reações em todo o país e, inclusive, as autoridades esportivas decretaram um minuto de silêncio em todos os eventos que serão realizados esta semana.

“Ele me surpreendia com seu humor, sua forma imperturbável de reagir, sua capacidade de se mover nas situações mais difíceis, sem jamais perder o rumo”, comentou o cardeal Camillo Ruini, ex-presidente da Conferência Episcopal Italiana.

O jornal L”Osservatore Romano elogiou sua “inteligência e ironia” e, principalmente, o respeito “pelas instituições e seu sentido de Estado”.

(Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/europa – NOTÍCIAS – MUNDO – EUROPA – 6 de Maio de 2013)
(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – N° 17.377 – MEMÓRIA – 7 de maio de 2013 – Pág; 45)

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