Gervásio Baptista, fotojornalista que registrou alguns dos principais momentos da história do Brasil, é autor de uma das mais icônicas fotos de Juscelino Kubitschek, em que o presidente acena com uma cartola na mão no dia da inauguração de Brasília

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Fotógrafo Gervásio Baptista, autor do registro mais famoso de JK

 

Baptista é autor de uma das mais icônicas fotos de Juscelino Kubitschek, em que o presidente acena com uma cartola na mão no dia da inauguração de Brasília

 

O fotógrafo Gervásio Baptista em 25/03/2008 (Foto: Gervásio Baptista / Arquivo pessoal)

Artista é lembrado por ter eternizado aceno do ex-presidente Juscelino na inauguração da capital federal.

 

 

O ex-presidente Juscelino Kubitschek acena com cartela na inauguração de Brasília; ao lado, foto do ex-presidente Tancredo Neves hospitalizado, — (Foto: Gervásio Baptista/Divulgação)

 

 

ÍCONE DO FOTOJORNALISMO BRASILEIRO

 

 

Gervásio Baptista (Salvador, 19 de junho de 1923 – Distrito Federal, 5 de abril de 2019), ícone do fotojornalismo brasileiro, fotógrafo conhecido como o “fotógrafo dos presidentes”. O artista é lembrado por ter eternizado o aceno de Juscelino Kubitschek na inauguração de Brasília.

 

 

O fotojornalista registrou alguns dos principais momentos da história do Brasil. Gervásio Baptista trabalhou na Agência Brasil por cerca de três décadas; em 2018, foi condecorado com a Medalha Ranulpho Oliveira, da Associação Bahiana de Imprensa, destinada aos maiores nomes do jornalismo que trabalharam na imprensa da Bahia.

 

 

Ícone do fotojornalismo brasileiro, Gervásio captou com suas lentes a famosa foto de Juscelino Kubitschek acenando com a cartola para o povo na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960.

 

 

Com as mãos ágeis, o olhar aguçado e uma câmera, ele presenciou momentos que, em boa medida, se tornaram parte da história brasileira porque foram eternizados em suas fotografias. Com sensibilidade, destreza e domínio técnico, Gervásio Baptista fez da fotorreportagem seu ofício e, assim, mesmo por trás das lentes, tornou-se protagonista do cotidiano nacional, fotografando de presidentes a misses.

Nascido em Salvador, Baptista se dedicou à profissão por mais da metade da vida. No âmbito político, ficou conhecido por registrar diversos presidentes, acompanhando de Getulio Vargas a Dilma Rousseff. É dele um dos cliques mais famosos do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Na foto, o criador de Brasília acena com a cartola na mão, tendo o povo e o Congresso Nacional ao fundo, no dia da inauguração da capital, em 21 de abril de 1960.

 

De Salvador para o mundo

 

 

Foto emblemática de Juscelino Kubitschek nos festejos da inauguração de Brasília. (Foto: Arquivo Público do DF)

 

 

Entre outros destaques do fotojornalista está a última imagem pública de Tancredo Neves vivo, tirada no Hospital de Base do DF, em março de 1985, onde o ainda não empossado Presidente da República aparece ao lado da equipe médica. Pelos trabalhos, ficou conhecido como o “Fotógrafo dos Presidentes”, sendo dele, inclusive, a credencial de número 001 do Palácio do Planalto.

 

 

A carreira, no entanto, não se restringiu a esse universo. Cobriu a Guerra do Vietnã, a Revolução Cubana e acompanhou a queda do ex-presidente argentino Juan Domingo Perón. Só de Copas do Mundo, participou de sete, e registrou 16 concursos de Miss Universo. É, como dizem os colegas (e aprendizes de profissão), uma lenda da fotografia.

 

 

Gervásio Baptista na Guerra do Vietnã (Foto: Jose Varella/CB)

 

 

 

Talento precoce

 

 

Gervásio ainda era menino quando foi contratado pelo primeiro jornal por onde passou. Aos 12 anos, estreou como fotógrafo-assistente para o Estado da Bahia. Não demorou muito para que o talento, que vinha desenvolvendo desde os 9 anos, fosse percebido pelo dono do periódico e de todo o grupo Diários Associados, Assis Chateaubriand. Pela revista Manchete, Gervásio começou a ser reconhecido no meio, fotografando toda a construção de Brasília.

 

 

Pelas mãos do repórter fotográfico passaram das máquinas mecânicas e negativos aos equipamentos digitais. No mesmo compasso, acompanhou as inovações tecnológicas e não fez delas uma barreira para exercer a profissão. Mesmo com a fama, costumava negá-la, assim como fez em uma entrevista que concedeu ao repórter do Correio Renato Alves, em 2015. “Todos a quem fotografei eram mais importantes do que eu. Nunca fui famoso, nunca fui rico e nunca fotografei por dinheiro. Quem faz isso não é um bom fotógrafo. No jornalismo, só ganhei bons amigos”, afirmou, na ocasião.

 

 

 

Trajetória

 

 

Natural de Salvador (BA), Baptista tem um currículo expressivo. Ele esteve em sete Copas do Mundo, 16 concursos de Miss Universo, presenciou a Revolução Cubana, a Revolução dos Cravos, em Portugal, acompanhou a queda do ex-presidente argentino Juan Domingo Perón e registrou a Guerra do Vietnã.

Na década de 1950, o fotógrafo registrou a construção da capital do país, e clicou momentos da ditadura militar brasileira.

 

 

Com Gervásio Baptista vai um pouco da história, mas ficam imagens que ele eternizou. Uma delas correu o mundo, virou símbolo de Brasília.

“Eu consegui fazer JK levantar essa cartola e ele disse: ‘O que você quer que eu faça?’. E eu disse: ‘Me obedece que você vai se dar bem’. Foi capa da Manchete e correu o mundo essa foto”, lembrou Gervásio em uma entrevista.

Obra de Gervásio também é aquela que seria a última foto de Tancredo Neves.

“Houve um mal-entendido com alguns colegas, que acharam que ele já estava morto. Estava vivo”, contou.

A amizade com a máquina de clicar veio de criança. O baiano baixinho virou gigante na arte da imagem. E voou alto, correu o mundo, testemunhou revoluções, guerras, copas, o funeral de Getúlio Vargas, em 1954.

Gervásio conhecia o Planalto como ninguém. Fotógrafo oficial de três presidentes, o olhar atrás das lentes era certeiro, sabia muito: do que via e ouvia. Não por acaso, o mestre do fotojornalismo era reverenciado pelos colegas.

Trabalhou nas revistas “Cruzeiro”, “Manchete”, na Radiobrás, no Planalto, no Supremo. E se dependesse dele, não se aposentaria nunca desse ofício que marcou sua vida por 77 anos. E, no meio de poderosos, o velho Gervásio costumava dizer: “Todos a quem fotografei eram mais importantes do que eu. Não fui famoso, nem rico. No jornalismo, só ganhei bons amigos”.

E era fácil gostar do Gervásio de sorriso largo.

“A vida é um sorriso, e sem sorriso a vida não vale nada. Quem não ri, vive no escuro”, disse.

 

 

Obras icônicas

Entre as obras mais marcantes, a exposição traz imagens históricas como a última foto do ex-presidente Tancredo Neves (veja acima) vestindo um roupão no Hospital de Base de Brasília.

 

Em entrevista concedida em 2016, Baptista contou que após conseguir o registro, pediu que o então presidente se aproximasse da janela para que os colegas também pudessem fotografá-lo.

“Ele me disse: ‘Não, hoje fotografou você. No sábado, eles fazem o que quiserem’. Mas isso não foi possível. Ele teve uma recaída, foi para São Paulo e fez a ‘passagem’.”

Já sobre a imagem icônica de JK acenando com a cartola, “entregando” a cidade à população, Baptista afirmou que fez a foto quando abordou o então presidente em meio à multidão, na subida da rampa do Congresso Nacional. A situação foi durante a inauguração de Brasília.

Guerra no Vietnã — (Foto: Gervásio Baptista/Reprodução)

Tancredo

 

Entre as obras presentes, estão imagens históricas. Gervásio é autor de uma das fotos mais famosas da inauguração de Brasília. “Ele se emociona com esta imagem. É o presidente Juscelino Kubitschek acenando para o povo com uma cartola na mão”, descreve Ivaldo. O baiano foi também o fotógrafo oficial de Tancredo Neves e fez a última imagem do ex-presidente vestindo um roupão no, à época, Hospital de Base de Brasília.

“É importante que as pessoas compareçam (à exposição). Há imagens muito impactantes. As pessoas precisam conhecer o trabalho porque, para mim, ele foi o único fotógrafo de rua mesmo, por isso teve leituras diferente de alguns fatos, como a Revolução Cubana”, convida Ivaldo.

A exposição faz parte do projeto Imagem sem fronteira, que está na segunda edição. O proprietário da galeria conta que houve dificuldades para reunir o acervo. “Ele começou na Manchete, aos 14 anos, a convite de Assis Chateaubriand, e por lá ficou até encerrarem as atividades em 2000. Muitos negativos sumiram quando a Manchete fechou. Não se sabe se alguém pegou, se tornou uma lenda urbana, mesmo assim conseguimos encontrar alguns negativos originais”, explica Ivaldo.

Placa

 

Não é a primeira vez que o espaço honra Gervásio Baptista. Lá também há uma biblioteca que recebe o nome do fotógrafo. Ao fim da exposição, o homenageado vai receber uma placa produzida pelo artista Greg Calígrafo.

Para Ivaldo, as ações em respeito a Gervásio não devem parar por aí. “Ele sempre foi muito querido por onde passou, então merece. O último emprego dele foi no STF (Superior Tribunal Federal) e, quando decidiu sair, os próprios ministros pediram para ele ficar”, acrescenta.

A ideia de Ivaldo, agora, é criar uma fundação com o nome de Gervásio Baptista. “Estou correndo atrás de colegas, correndo atrás de outros fotógrafos e conversando com o governo também. Precisamos juntar o dinheiro para conseguir concretizar o projeto. Precisamos encontrar os negativos da época da Manchete, é propriedade da família por direito”, completa.

Uma das últimas aparições públicas de Gervásio foi em janeiro, quando compareceu à inauguração de uma exposição fotográfica que retratou a trajetória profissional dele. “O grande legado deste brilhante profissional permanecerá vivo. Ele é dono do acervo mais rico da história do país e, por isso, é uma figura que o Brasil não pode esquecer”, disse Ivaldo Cavalcante, responsável por organizar a exposição, realizada na Galeria Olho de Águia, em Taguatinga Norte.

 

No espaço da galeria, uma biblioteca já levava o nome de Gervásio Baptista desde 2012, quando foi inaugurada. Ivaldo quer, agora, criar uma fundação com o nome ícone do fotojornalismo brasileiro. “Há um acervo riquíssimo que precisa ser recuperado, já que faz parte da história, é um direito patrimonial. Temos grandes fotógrafos em Brasília e acredito que, reunindo os colegas, consigamos concretizar a ideia com a ajuda do governo”, espera.

 

 

Gervásio Baptista faleceu aos 96 anos, em 5 de abril de 2019, por causas naturais. Ele estava em um espaço para idosos em Vicente Pires, no Distrito Federal.

 

Em nota, o MDB lamentou a morte do fotojornalista. “O Brasil perde o ‘fotógrafo dos presidentes’. Ele retratou clássicos retratos dos presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e a última foto de Tancredo Neves no hospital. Ele foi também o fotógrafo oficial de José Sarney. Um dos maiores fotógrafos do país se despede hoje. Deixando em nossas memórias as melhores fotos do jornalismo.”

(Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/04/05 – DISTRITO FEDERAL / NOTÍCIA / Por G1 DF – 05/04/2019)

(Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/04/05 – JORNAL NACIONAL / NOTÍCIA / Por Jornal Nacional – 05/04/2019

(Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/04/05 – CIDADES / NOTÍCIA / Por Bruna Lima – 05/04/201)

(Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/04/05 – CIDADES / NOTÍCIA / Por Diego Marques* postado em 09/01/2019)

* Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

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