George Orwell, foi um célebre escritor e jornalista britânico.

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Lista de Orwell

Escritor entregou relação de criptocomunistas

Eric Arthur Blair (Motihari, 25 de junho de 1903 – Londres, 21 de janeiro de 1950), popularmente conhecido pelo pseudônimo de George Orwell, foi um célebre escritor e jornalista britânico.

O britânico George Orwell só precisou de dois livros para sangrar toda a propaganda do stalinismo no período pós-guerra.

No romance que o tornou célebre, 1984, o Estado totalitário dominado pelo Grande Irmão é uma paródia do país de Stalin. Em A Revolução dos Bichos, a diferença entre a teoria e a prática do marxismo é exposta na fazenda onde todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros. Partidário do socialismo desde que passou dois meses entre mineiros de carvão (tema do livro O Caminho para Wigan), nos anos 30, o escritor foi o primeiro intelectual de esquerda a denunciar, antes da II Guerra, os crimes de Josef Stalin. Avesso a todo tipo de totalitarismo, Orwell dedicou a segunda metade da vida a combater aquilo que chamou de “pequenas ortodoxias fedorentas que disputam nossas almas”. Mais do que combater no campo intelectual, no entanto, ele também colaborou com os serviços de informação e, num passo além, apontou nomes de simpatizantes reais ou potenciais do comunismo.

Uma edição de vinte volumes com as obras completas do escritor, possui a lista dos intelectuais que Orwell entregou aos arapongas do serviço secreto inglês em 1949, um ano antes de morrer de tuberculose. São 130 nomes, incluindo o ator Charles Chaplin e o dramaturgo Bernard Shaw.

A existência da lista é conhecida desde 1996, mas agora se tem detalhes de sua extensão e das circunstâncias em que foi elaborada. Orwell foi procurado no leito do hospital por Celia Kirwan, funcionária do Departamento de Pesquisa de Informações, um obscuro braço do Ministério das Relações Exteriores inglês, que o convidou a escrever artigos anti-soviéticos. Celia era cunhada do escritor Arthur Koestler, amigo de Orwell, e, anos antes, o autor de 1984, apaixonado, havia-lhe proposto casamento. Os trás tinham em comum a mesma desilusão com a União Soviética. Como ele era de esquerda, com histórico de militância na Guerra Civil Espanhola no Partido Operário de Unificação Marxista, o Poum (uma frente de anarquistas e trotsquistas), seus escritos estariam acima de qualquer suspeita. Orwell recusou o pedido, por causa da saúde debilitada, mas ofereceu-se para elaborar a lista. A maior parte das pessoas listadas era gente da esquerda intelectual que, na época, acreditava que Moscou estava do lado progressista da História.

George traiu seus amigos. Essas pessoas não eram suas amigas e também não seriam fuziladas. Elas simplesmente não receberiam convites para colaborar com o governo inglês. Embora se possa questionar o papel de delator, agravado pela leviandade das impressões pessoais, Orwell não causou maiores danos aos incluídos em sua lista negra. Na época, Chaplin já estava na mira do FBI americano e Bernard Shaw era um senhor nonagenário que ninguém levaria a sério como ameaça à segurança nacional. Orwell apenas notou que o brilhante dramaturgo irlandês era “pró-russo nas questões mais relevantes”. Faltou a Orwell dizer isso em público — como tudo em sua biografia indica que teria coragem de fazer.

(Fonte: Veja, 1° de julho de 1998 – ANO 31 – N° 26 – Edição 1553 – INTERNACIONAL – HISTÓRIA – Pág; 57)

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