Fundou a primeira indústria petroquímica do país

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Fundou a primeira indústria petroquímica do país

Ralph Rosenberg, empresário pioneiro da indústria petroquímica no Brasil. Era presidente do grupo Cevekol. O empresário Ralph Rosenberg era um dos homens mais ricos do país e dono de um temperamento discreto e reservado, a ponto de jamais ter concedido uma entrevista em toda a sua vida. Um mito no mundo dos negócios, um dos últimos símbolos do empresário que constrói um império a partir do nada. Rosenberg, que nasceu em Berlim, na Alemanha, fez jus a esse título: fundou várias indústrias, entre as quais a Trol, de propriedade do ministro da Fazenda, Dilson Funaro, com o qual estava com as relações estremecidas.

Foi no setor da petroquímica, porém, que Rosenberg mais se destacou como empresário. Em 1956 ele fundou a primeira indústria petroquímica do país, a Petrosil – a origem da fortuna de 700 milhões de dólares, iniciada com os 10 marcos que Rosenberg trazia no bolso em 1935, quando desembarcou no Brasil, sem saber falar uma única palavra em português, fugindo do governo nazista.

Seu primeiro emprego foi num banco em São Paulo, mas não vingou: ele não sabia datilografia e foi demitido. Tentou a sorte como vendedor de plásticos e tosava pêlos de cães de seus amigos nos fins de semana. Com suas economias, montou uma pequena fábrica de botões na garagem de sua casa, que em 1938 se transformou na Trol Indústria de Plásticos. A partir daí, Rosenberg não parou mais de expandir seus negócios, fundando várias empresas de porte, como a Trorion e a Polipropileno, sempre buscando a melhor tecnologia através de associações com empresas estrangeiras. Por conta dessa sua estratégia, frequentemente se viu acusado de representar, no Brasil, os interesses do capital estrangeiro.

POUCOS AMIGOS – Foi sob esse pretexto que, em 1980, ele foi chamado pelo deputado João Cunha a depor na CPI da Câmara Federal criada para investigar as atividades da Petrobrás – empresa da qual Rosenberg era o maior detentor das ações com direito a voto após o Estado. Em seu depoimento, Rosenberg surpreendeu o deputado ao afirmar que construíra seu império em meio a duros conflitos com as multinacionais da petroquímica, “num combate diário e desalentador”, como disse na época, numa das raras vezes em que foi visto em público. Nada de irregular foi apurado contra Rosenberg pela CPI.

Desde 1983, o empresário estava preparando sua filha, Monica Yvonne Rosenberg, para assumir o controle da Cevekol, a holding de seu grupo. Monica já estava comandando desde setembro a Cevekol e, no dia seguinte à morte do pai, estava sentada em seu gabinete, comandando a empresa. “Ela achou que a maior homenagem ao pai era justamente não deixar de trabalhar”, disse Bertholdo Sallum, conselheiro da Cevekol, que convivia diariamente com Rosenberg há sete anos. Ele acha que o êxito do empresário derivou, em parte, de um talento natural. “Assim como há pessoas que nascem para a pintura, a vocação de Rosenberg era para a arte do mercado”, diz Sallum. Rosenberg morreu dia 6 de outubro de 1986, aos 80 anos, de enfisema pulmonar, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 15 de outubro, 1986 – Edição 945 – Datas – Pág; 123 – Memória/Vai-se o mito – Pág; 146)

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