Fundador da primeira ONG do país dedicada à natureza

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Fundador da primeira ONG do país dedicada à natureza

José Antonio Lutzenberger

O grande mestre

“A verdadeira, a mais profunda ESPIRITUALIDADE consiste em sentir-nos parte integrante deste
maravilhoso e misterioso processo que caracteriza Gaia nosso planeta vivo: a fantástica sinfonia da evolução orgânica que nos deu origem junto com milhões de outras espécies.
É sentir-nos responsáveis pela sua continuação e desdobramento”.
J.A. Lutzenberger

José Lutzenberger, um dos ambientalistas de vanguarda no Brasil, fundador da primeira ONG do país dedicada à natureza, a AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural).

O ecologista gaúcho recebeu, ao longo de sua vida, 85 condecorações, distinções, títulos honoríficos e comendas de estados brasileiros, de entidades civis, governos da América Latina e da Europa tamanha a importância do trabalho que desenvolveu. O sentimento de apreensão devido à perda advém da imensa responsabilidade das pessoas que ficam e que não mais poderão contar com a experiência e a militância gratuita de Lutz, que sempre foi uma grande fonte jornalística.

Segundo a própria Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, “nas décadas de 70 e 80, não havia como fazer um enfrentamento jornalístico de certas questões sem se ouvir o Lutzenberger”. O seu espírito empreendedor, engajado, razão de ser um grande incentivador da juventude para que procurasse um embasamento científico além da sua postura pró-ativa em relação às questões ambientais foram alguns dos motivos de ter ganho, em 1988, em Estocolmo, na Suécia, o The Right Livelihood Award, o prêmio Nobel Alternativo ma área de ecologia.

Histórico

Formado em 1950 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, durante dois anos fez cursos complementares na Louisiana State University, aprofundando-se em agroquímica. Voltou ao Brasil e trabalhou durante sete anos em empresas do setor de adubos, no Rio Grande do Sul. Em 1957, foi convidado para trabalhar na Basf, na Alemanha. Partiu sem intenção de voltar e ficou 13 anos fora do país, como executivo da empresa: na Alemanha, durante dois anos; na Venezuela, entre 59 e 66; e no Marrocos, até 1970.

O processo que o levou a recusar uma nova promoção na empresa, para atuar em todo o Mediterrâneo, e trocar uma confortável posição de executivo de multinacional pelas incertezas do retorno ao Brasil, foi lento. É verdade que havia constatado, já no início de suas atividades na Basf, que o horizonte científico reservado aos executivos era estreito e insatisfatório. Em depoimento ao jornalista João Batista Santafé Aguiar (32), Lutzenberger revela seu desconforto diante do conselho de um de seus superiores, logo que chegou à Alemanha: ”Vejo que você se interessa por antropologia, filosofia, se ocupa com matemática, biologia, história, história das religiões; mas precisa ter consciência de que és homem de adubo! Tem que se interessar por adubo!”. Foi como “homem de adubo” que trabalhou na Venezuela durante quase sete anos. Além de ter a oportunidade de conhecer muito bem o país e seus vizinhos, tinha tempo para estudar. Na Venezuela, conheceu Leon Croizat, que considera até hoje uma das maiores autoridades mundiais em biogeografia, com quem pôde aprofundar seus conhecimentos na área. Supria a limitação do horizonte profissional com outras atividades.

Conquistas

Em que isso tudo resultou? As conquistas são inúmeras, como a ação que ganhou na justiça contra a empresa norueguesa Borregaard, que resultou na venda da companhia para o grupo Klabin. Essa empresa, hoje, trabalha com um bem sucedido programa de reciclagem de resíduos industriais. Atuação na elaboração da lei pioneira 7747/83, sobre defensivos agrícolas. Sua luta travada contra os agrotóxicos e a investigação do acidente ecológico de Hermenegildo (conhecido também por maré vermelha) são outras bandeiras que o gaúcho levantou energicamente.

Fundou também a Fundação Gaia, com o objetivo principal de ter um centro de estudos humanistas que explora a perspectiva de conservação da vida no planeta. Além de disseminar informações sobre os perigos da globalização e suas tendências atuais, que representam um perigo para a humanidade no ponto de vista ecológico e social. A implantação do Parque Guarita, em Torres, a criação do Parque de Itapuã e dezenas de obras mais podem ser atribuídas a ele.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, disse que os brasileiros deveriam “seguir o seu exemplo, fazendo de nosso dia-a-dia uma busca permanente de novas ações capazes de assegurar respeito à fauna e flora”. Mais do que isso, segundo a visão gaiana e holística de Lutz, acredita-se que seria preciso assumir uma nova posição em relação ao modelo de desenvolvimento insustentável do nosso sistema, assim como uma revisão dos princípios que norteiam a nossa postura ética.

Em 1990, foi escolhido pelo então presidente Collor de Melo para comandar a Secretaria de Meio Ambiente. A partir de então passou a ter atritos com grupos ambientalistas do Brasil e do exterior ao levantar suspeita sobre o desvio de recursos destinados por ONGs estrangeiras ao combate ao desmatamento no Brasil. Foi paradoxalmente demitido em março de 92, três meses antes da realização do maior evento da história da ONU sobre ecologia e biodiversidade, a Rio-92.

(Fonte: www.roessler.org.br/personalidades)

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