Friedensreich Hundertwasser, o arquiteto que deixou sua marca em Viena.

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Obras do arquiteto vanguardista tornaram-se símbolo da cidade austríaca

Hundertwasser: PELA ARQUITETURA ECOLÓGICA

Friedensreich Hundertwasser (Viena, Áustria, 15 de dezembro de 1928 – 19 de fevereiro de 2000), pintor e arquiteto austríaco, o arquiteto que deixou sua marca em Viena.

Demonstrou aptidão para as artes desde cedo. Viajou pelo mundo todo a bordo de seu barco. Introvertido, inteligente, extravagante, polêmico. Suas ideias utópicas foram expressas especialmente em sua arquitetura, performances e manifestos, mas sua produção é ampla e envolve muitas linguagens e meios. Apaixonado pela arte, pela natureza e pela liberdade. Envolveu-se em diversas campanhas ecológicas e ações a favor da preservação ambiental.

Filho único, órfão de pai quando tinha apenas 1 ano de idade, Hundertwasser abandonou a escola ainda no ginásio. Seu horror ao ensino é tão grande que, convidado certa vez a lecionar pintura durante um mês numa escola alemã, exortou os alunos a abandonarem a sala de aula e aprenderem por conta própria. “Disse a eles que, quando se é criativo, não se necessita de escola; e quando não se é, muito menos. Basta imitar o que os outros fazem e ler os livros.”

Campo de concentração – Seu assunto preferido, entretanto, foi a combinação arquitetura-ecologia. Hundertwasser revelou algumas de sua preocupações de: “O desmatamento da Amazônia põe em perigo todo o continente, pois as terras brasileiras não possuem húmus como as europeias, impossibilitanbdo de fertilizá-las.”

Brasília, para ele, não passava de “um grande campo de concentração com grandes monumentos, onde é impossível o homem viver. Na verdade, são esculturas para fazerem a glória dos arquitetos.”

Hundertwasser morou em Veneza, na ilha da Giudecca, onde passava de dois a três meses por ano. O restante do tempo, ele vivia em seu barco, misto de casa e ateliê, atravessando os mares rumo à Nova Zelândia, país que lhe deu o título de cidadão. Depois de casamentos sem sucesso, chegou à conclusão de que não poderia “suportar uma mulher quando ela se torna mãe de família.” Na sua opinião, a humanidade chegará a um ponto em que os casamentos terão tempo limitado de um a dois anos, “para evitar que os casais se assassinem”.

Para o pintor, os dez primeiros anos de sua carreira, pobres, foram os mais felizes. Viveu um bom tempo dormindo nas ruas, alimentando-se de restos.

Muitas cidades de renome têm um arquiteto que deixa em suas ruas uma marca particular. Assim como Gaudí se tornou um símbolo para Barcelona ou Calatrava da Valência mais moderna, Friedensreich Hundertwasser é o arquiteto ícone da Viena mais vanguardista. Hundertwasser, que nasceu em 1928, em Viena, como Friedrich Stowasser, morreu em 2000, naturalizado neozelandês. Suas áreas de conhecimento foram a pintura e a arquitetura, sendo de grande influência na arquitetura orgânica moderna, na qual substituiu a monotonia por variedade. Comprometido com o meio ambiente e com a busca harmoniosa de curvas, espirais e cores, rejeitava as linhas retas e os autoritarismos. Hundertwasser fundou uma corrente que ele próprio denominou de transautimatismo, uma espécie de surrealismo centrado na interpretação subjetiva do espectador.

Embora suas obras estejam espalhadas por todo o mundo, é na Áustria, mais especificamente em Viena, que se concentra a maioria de seus trabalhos. Uma das características mais marcantes da obra vienense de Hundertwasseer, segundo artigo publicado pelo jornal espanhol El País, é a funcionalidade que dá a suas criações. Um exemplo disso é a Fernwärme Wien, uma usina térmica que usa lixo para produzir energia, muito utilizada na calefação de novos prédios. Sua inconfundível torre se destaca no nono distrito da cidade e pode ser visitada.

A KunstHaus Wien, a Casa de Arte de Viena, é um museu cuja principal obra exposta é o próprio edificio. Além de uma exposição temática permanente dedicada ao próprio Hundertwasser, o público pode desfrutar de exposições temporárias de vários artistas.

A poucos metros da KunstHaus Wien, e sem sair do terceiro distrito de Viena, encontramos a Hundertwasserhaus, a Casa das Cem Águas, um prédio residencial de caráter social. Bem em frente, situa-se a Hundertwasser Village, um centro comercial onde a obra do artista é colocada à venda: são presentes ou souvenirs que atendem a todos os gostos. Se o bolso permitir, vale curtir o hotel de quatro estrelas localizado em Bad Blumau, em Estiria, que foi completamente projetado por Hundertwasser e onde tudo gira em torno da água, elementos orgânicos e a fusão com a natureza.

Hundertwasser morreu a bordo de um navio no Pacífico em 2000, e foi enterrado na Nova Zelândia, nu, sob uma Tulipeira, no Jardim dos Mortos Felizes.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/imoveis/friedensreich-hundertwasser- ECONOMIA – RIO DE JANEIRO – 19/08/13)
(Fonte: Veja, 7 de setembro de 1977 – Edição 470 – ARTE/ Por Ferreira Gullar – Pág; 122/124)

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