Francis Crick, biofísico inglês que descobriu a estrutura em dupla hélice do ADN.

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Francis Crick (Northampton, 8 de junho de 1916 – San Diego, 28 de julho de 2004), biofísico inglês que descobriu a estrutura em dupla hélice do ADN e do papel da molécula na transmissão hereditária.

Crick partilhou o Nobel da Medicina com o co-autor da descoberta, o norte-americano James Watson, que trabalhava com ele no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge (Reino Unido); e com Maurice Wilkins, do Kings College de Londres.

O homem que descobriu o segredo da vida está morto. O inglês Francis Crick, um dos responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do DNA, morreu em 29 de julho de 2004, no Hospital Thornton, em San Diego, nos Estados Unidos, após uma longa luta contra o câncer de cólon (intestino grosso). Tinha 88 anos.

Em 25 de abril de 1953, aos 36 anos, Crick se tornou uma lenda no mundo científico quando a revista Nature publicou um pequeno artigo que havia escrito junto com o colega norte-americano James Watson, esse com meros 24 anos.

O texto, intitulado Molecular structure of nuclear acids, revelava ao mundo a estrutura do DNA, com a hoje amplamente conhecida forma de dupla hélice. “Gostaríamos de sugerir a estrutura para o sal do ácido desoxirribonucléico (DNA). Essa estrutura tem detalhes novos que são de considerável interesse biológico”, começava o artigo que se tornaria célebre.

A descoberta, uma das maiores da história da ciência – para muitos a maior – rendeu aos dois, além da fama eterna, um óbvio Prêmio Nobel, de Medicina, em 1962, que dividiram com o neozelandês Maurice Wilkins, cujo trabalho estimulou o feito de Crick e Watson.

Os dois cientistas, que entrariam juntos para a história, não poderiam ser mais diferentes. Crick era 12 anos mais velho, discreto, inglês até a medula e, de acordo com o próprio colega, “uma espécie de cientista sabe-tudo”. Watson era norte-americano, tempestuoso e, segundo o companheiro, um “biólogo sujeito ao exagero tipicamente ianque”.

Apesar das diferenças, a parceria deu certo. A capacidade que tinham de discutir idéias um com o outro era tão efetiva e profusa que os colegas na Universidade de Cambridge costumavam trancá-los em uma sala, para que não perturbassem os outros.

A estrutura proposta pela dupla resolveu dúvidas sobre a natureza do material hereditário e sobre como esse material se transfere de uma geração a outra. A estrutura descrita continha uma elegância absoluta e mostrou como a natureza da vida poderia ser explicada física e quimicamente.

Para o jornal The New York Times, o DNA é tão fundamental à biologia que os nomes de Crick e Watson deverão ser lembrados da mesma forma que os de Darwin ou Mendel, que lançaram os pilares da biologia moderna com a teoria da evolução e as leis da genética.

Da biotecnologia industrial aos organismos geneticamente modificados, de inovações na área médica como a terapia genética a exames que determinam a paternidade de crianças ou a autoria de crimes, a novidade lançada em 1953 se expande para praticamente todos os aspectos da vida moderna.

Nos últimos anos, Crick se dedicou a tentar compreender as fundações biológicas da consciência. Para isso, criou um novo instituto, o Centro Crick-Jacobs para Biologia Computacional e Teórica, que leva também o nome do filantropo Irwin Jacobs. O centro se dedica ao estudo de como os genes no DNA humano regulam a atividade cerebral, bem como a entender como as redes de células nervosas influenciam o funcionamento do cérebro.

Desenho da mulher

Francis Harry Compton Crick nasceu em 8 de junho de 1916, em Northampton, na Inglaterra. Descobriu a ciência desde muito cedo. O primeiro experimento de que se tem notícia ocorreu aos 10 anos. Foi uma tentativa de criar pele artificial, que falhou. Teve sucesso maior com explosivos, para preocupação dos pais.

Muito tempo depois, ao ser perguntado sobre como a ciência deveria ser ensinada nas escolas, disse: “O fundamental é apelar para a imaginação. Foi assim que aprendi sozinho quando criança.”

Aos 18 anos, Crick entrou no University College, em Londres, onde se graduou em física, em 1937. Os estudos foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial, quando o cientista entrou na marinha inglesa. Em 1940, casou-se com Ruth Doreen Dodd, de quem se separaria sete anos depois. Depois da guerra, ingressou na Universidade de Cambridge, onde obteve o doutorado em 1954. Durante o tempo que passou ali, casou-se novamente – com Odile Speed, em 1949 – e conheceu um jovem cientista chamado James Watson.

O curioso é que foi Watson, o tempestuoso, que colocou em dúvida se a notícia da descoberta da estrutura do DNA deveria ser divulgada. “Jim tinha medo de estar errado e estava muito nervoso sobre dizer algo”, contou Crick. “Então, eu disse: ‘Bem, temos que falar alguma coisa.’ Do contrário, as pessoas vão pensar que esses dois camaradas desconhecidos são tão idiotas que não conseguem ao menos perceber as implicações do próprio trabalho”.

Foi Odile, uma artista plástica, que desenhou a ilustração da dupla hélice que se tornaria eternamente conhecida. Um colega, certa vez, perguntou a ela se o marido trabalhava muito. “Não”, respondeu. “Ele não trabalha muito. Ele pensa muito.”

Crick deixa a mulher e duas filhas, Gabrielle e Jaqueline, além de um filho, Michael, do primeiro casamento.

Sobre Francis Crick:

James Watson: “Sempre lembrarei de Francis por sua inteligência extraordinariamente objetiva. Ele me tratou como se eu fosse um membro de sua família. Ter estado juntos em um pequeno quarto em Cambridge foi realmente um privilégio. Sempre procurei estar ou falar com ele, até pouco antes de sua morte. Sua ausência será profundamente sentida.”

Jacques Monod (1910-1976), biólogo francês e ganhador do Nobel de Medicina e Fisiologia: “Nenhum homem descobriu ou criou a biologia molecular. Mas há um que dominou intelectualmente todo o campo, pois era quem sabia mais e quem compreendia mais: Francis Crick.”

Lord May of Oxford, presidente da Royal Society, da qual Crick fazia parte desde 1959: “Francis Crick contribuiu enormemente para a ciência e suas descobertas conduziram a uma era de ouro na biologia molecular. Sua morte é uma triste perda para a ciência.”

Richard Murphy, presidente do Instituto Salk para Estudos Biológicos, nos EUA, onde Crick ingressou em 1976: “A história irá julgá-lo como certamente um dos mais influentes biólogos do século 20 – se não o mais influente. Não estou falando apenas da importância de seu trabalho com o DNA, mas por ele ter definido o padrão do que representa ser um verdadeiro cientista.”

(Fonte: www.agencia.fapesp.br – ESPECIAIS/ Por Heitor Shimizu Agência FAPESP – 30/07/2004)
(Fonte: Super Interessante – ANO 2 – Nº 10 – Outubro de 1988 – Dito & Feito – Pág; 54)

(Fonte: http://www.publico.pt/ciencia/noticia – CIÊNCIA/ Por Ana Gerschenfeld – 12/04/2013)

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