Foi o primeiro carnavalesco a entender o que significaria a inauguração do sambódromo

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Joãosinho Trinta (São Luís (MA), 23 de novembro de 1933 – São Luís (MA), 17 de dezembro de 2011), carnavalesco, elevou o nome do Maranhão com sua maestria e genialidade, transformando o Carnaval do Rio de Janeiro e do Brasil, esbanjando irreverência e criatividade. Ele será lembrado eternamente por sua capacidade de vencer desafios e traduzir em belos enredos a alegria de ser brasileiro. Joãosinho foi um grande campeão em toda sua vida.

História no Carnaval

Inventivo. Revolucionário. Polêmico. Inovador. O artista plástico ficou conhecido nacionalmente por sua história no Carnaval. Sua primeira escola foi a Salgueiro, agremiação que ingressou como assistente e se tornou o carnavalesco da agremiação, após a saída dos antigos detentores do posto.

Foi o primeiro carnavalesco a entender o que significaria, a partir da construção e inauguração do sambódromo, em 1984, a transformação do carnaval. Joãosinho fez alegorias maiores, com mais esculturas, atento aos detalhes. Revolucionou a forma de apresentar um desfile, pensando não só em quem o via pelas arquibancadas, mas também pela televisão.

Da Acadêmicos do Salgueiro, Joãosinho seguiu para a Beija-Flor, onde ficou por 15 anos. Em 1989 fez um dos desfiles mais emblemáticos da história da Marquês de Sapucaí, “Ratos e Urubus… larguem minha fantasia”. O abre-alas teve que ser coberto por sacos plásticos, porque a Arquidiocese proibiu o uso da imagem do Cristo Redentor. As primeiras alas presentavam mendigos e maltrapilhos. Uma imagem que ficou na memória de quem acompanha o carnaval carioca.

Ele teve passagens também pela Viradouro, escola onde faturou o título de 1997 com o enredo “Trevas! Luz! A explosão do universo”. O ponto alto do desfile, além do refrão impactante e de paratinha funk, foi a divisão por cores de cada setor. Um desfile que tinha um enredo cientifica demais – o abre-alas era um big-bang, a expansão do universo – mas que, com a criatividade do “mago” Joãosinho tudo ficou às claras. E ele, amis uma vez, trouxe a luz. (“Lá vem a Viradouro aí, meu amor!/É Big-Bang, coisa igual eu nunca vi!/Que esplendor!”).

Entre altos e baixos

Na Grande Rio causou mais polêmica com um desfile sobre camisinhas e o perigo da Aids. Um dos carros alegóricos simulava o ato sexual. Teve que ser coberto. Dessa vez a “censura” dos plásticos pretos não surtiu o mesmo efeito de décadas anteriores. O enredo “Veste a camisinha, meu amor” foi um dos mais criticados de sua trajetória no carnaval carioca.

Entre seus trabalhos de destaque na última década, enredos como “Gentileza, o profeta do fogo” (Grande Rio, 2001, 6º lugar), “Orfeu, o negro do carnaval” (Viradouro, 1998, 5º lugar) e “O Brasil que Vale” (Grande Rio, 2003, 3º lugar).

Seu último trabalho como carnavalesco foi pela Vila Isabel, em 2005, auxiliado por Alexandre Louzada, com “Singrando em mares bravios… E construindo o futuro”. Em 2010, ele foi homenageado pela Grande Rio em um desfile que dava conta de narrar os vinte anos da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

Nos últimos anos, Joãozinho vinha se dedicando a fomentar o desfile de escolas de samba em Brasília. Em 2010 foi lançado o documentário “A Raça Síntese de Joãosinho Trinta”, de Paulo Machline e Giuliano Cedroni, bem recebido pelo público no Festival do Rio. Paulo trabalha no roteiro e produção do filme em formato de ficção.

O carnavalesco Joãosinho Trinta morreu dia 17 de dezembro de 2011, aos 78 anos, Joãosinho Trinta. Ele estava internado desde o dia 3 de dezembro, no Hospital UDI, em São Luís, no Maranhão, com pneumonia e insuficiência respiratória. Nessa sexta-feira (16), ele passou por uma cirurgia de desobstrução intestinal. O artista faleceu em decorrência de um agravamento no quadro de pneumonia, infecção urinária e choque séptico.
(Fonte: www.gente.ig.com.br – iG Gente – 17/12/2011)

Nascido João Clemente Jorge Trinta, em 1933, o carnavalesco, artista plástico, cenógrafo e bailarino chegou a capital carioca em 1951, aos 18 anos – antes disso trabalhava como escriturário. Cinco anos depois, passou a integrar o Balé do Teatro Municipal do Rio. Amigo do poeta Ferreira Gullar, chegou a dividir um apartamento no Catete com o conterrâneo.

Em 1963 ingressou na Acadêmicos do Salgueiro e ajudou o carnavalesco Arlindo Rodrigues com o enredo “Xica da Silva” (samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira). A escola foi campeã.

Criador dos grandes carros alegóricos, só foi “assinar” um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro.

Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje. Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de “ópera popular”, em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.

Repleta de sucessos, a carreira de Trinta como carnavalesco foi polêmica.

Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”.

Para burlar a proibição e ao mesmo tempo criticar a Igreja, que havia recorrido à Justiça para vetar o uso da imagem, Joãosinho envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia “Mesmo proibido, olhai por nós”. A escola ficou em segundo lugar –a campeã foi a Imperatriz Leopoldinense– mas o carnavalesco fez um desfile histórico, lembrado até hoje como um dos mais emocionantes da passarela do samba.

Foram 17 anos na Beija-Flor de Nilópolis e sete na Viradouro, mas no início dos anos 2000 Joãosinho transferiu-se para a Grande Rio.

Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo “Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor…”. Segundo a Grande Rio, a ideia da escola era realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis.

No entanto, a concepção do carnavalesco era mais sexualizada, com carros alegóricos que reproduziam imagens do “Kama Sutra” (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola classificou-se em 10º lugar.

Joãosinho se afastou do Carnaval em 2006, depois de ter sofrido dois AVCs (acidente vascular cerebral) e continuado a trabalhar –o primeiro foi em 1997 e o segundo, em 2004.

De tão associado à festa virou tema de documentário, livro e, claro, samba enredo. No filme “A raça síntese de Joãosinho Trinta”, lançado em 2009, os autores investigam o processo de criação de um enredo para uma das muitas escolas de samba em que ele trabalhou.

No Rio, atuou na Beija Flor, Viradouro, Rocinha, Grande Rio e Vila Isabel, onde coordenou seu último Carnaval.

Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012. Ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, repleto do luxo que o tornou famoso, para contar a trajetória da cidade.

O carnavalesco Joãosinho Trinta, 78, morreu dia 17 de dezembro de 2011. Ele estava internado desde o último dia 3 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do UDI Hospital, em São Luís (MA), cidade onde nasceu. Fiel à máxima de que “Pobre não gosta de pobreza, gosta de luxo”, o maranhense foi um dos responsáveis por modernizar o Carnaval do Rio.

(Fonte: www1.folha.uol.com.br/cotidiano – COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO – 17/12/11)

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