Foi o primeiro artista negro a se tornar famoso na França

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Foi o primeiro artista negro a se tornar famoso na França

Varilux: ‘Chocolate’ resgata história do 1º palhaço negro da França, o artista mais popular da sua época. 

Filme francês é protagonizado por Omar Sy, que conquistou fama internacional com ‘Os Intocáveis’

Omar Sy no filme 'Chocolat'(VEJA.com/Divulgação)

Omar Sy no filme ‘Chocolat'(VEJA.com/Divulgação)

 

Um dos destaques da edição de 2016 do Festival Varilux de Cinema Francês, o filme Chocolate conta a história real do primeiro artista negro a se tornar famoso da França, o palhaço Chocolat (Omar Sy). O longa segue a vida de Rafael Padilla, um ex-escravo de origem cubana que fugiu para a França no final do século XIX e tornou-se uma estrela de Paris com a ajuda de seu parceiro Tony Grice, conhecido como o palhaço Footit (James Thiérrée).

O homem branco, Footit, parceiro de Chocolate, também se mostrou uma forma ótima de mostrar como era a sociedade francesa do período, a partir da relação entre os dois.

 

George Foottit e Rafael Padilla (Foto: information.tv5monde.com/Divulgação)

George Foottit e Rafael Padilla (Foto: information.tv5monde.com/Divulgação)

 

Ele era o único homem negro na França a atingir tamanha popularidade. Ele é um herói, pois o que ele fez para os negros foi incrível, pois os desmarginalizou um pouco, mesmo sem nenhum tipo de apoio.

Depois do sucesso que fez, a história de Chocolat ficou esquecida por anos, até que o diretor Roschdy Zem o redescobriu e resolveu levá-lo aos cinemas. “Eu fiquei completamente surpreendido e fascinado por ele. Um dos meus produtores viu um pequeno artigo em um jornal sobre uma peça justamente sobre Chocolat. Ele me mostrou e disse: ‘Essa parece uma boa história’. Nós decidimos então escrever um roteiro. E encontrei documentos que nos surpreendiam cada vez mais”, diz o diretor.

O filme é carregado por seus dois protagonistas, Omar Sy (Os Intocáveis) como o palhaço titular que usou o riso para lutar contra o preconceito; e James Thiérrée (Eclipse de uma Paixão), o neto de Charlie Chaplin, que traz toda a sua experiência familiar com o circo na hora de interpretar o palhaço Footit. “Ele foi o nosso segredo para todas as sequências de circo. Ele fez as coreografias e deu muito suporte”, afirma Zem.

 

Omar Sy desempenha Rafael Padilla, também conhecido como o palhaço Chocolate em "Chocolat" de Zem.  (Foto: Julian Torres / Mandarin Cinema - Gaumont/Divulgação)

Omar Sy desempenha Rafael Padilla, também conhecido como o palhaço Chocolate em “Chocolat” de Zem. (Foto: Julian Torres / Mandarin Cinema – Gaumont/Divulgação)

 

Ao retratar o primeiro palhaço negro da França, Chocolate não poderia deixar de falar sobre preconceito. O tema surge logo no começo, quando crianças não acreditam que o artista seja negro de verdade e pensam que ele maquia o rosto. O preconceito teve um forte peso na vida pessoal e artística de Rafael Padilla. Footit (que recebe o dobro do que ganha o colega por show) busca a parceria porque acredita no ineditismo do personagem, mas percebe que os dois só farão sucesso se Chocolat for humilhado em frente à plateia rica e branca, que se diverte ao ver o palhaço levando diversos pontapés no traseiro e tapas na cara.

O sucesso de Chocolat acaba se tornando um paradoxo. Sua ascensão ao estrelato vem à custa de zombar da própria cor, o que aceita fazer por um tempo, até que uma torturante passagem pela prisão o faça ver de forma diferente como é tratado e representado diariamente. A partir daí, ele decide tomar controle da própria carreira. A cena em que finalmente desafia seu parceiro em público é certamente um dos momentos mais poderosos do filme. Omar Sy faz um bom trabalho como protagonista, canalizando o espírito de um homem preso entre seu desejo de ser rico e livre, e o reconhecimento gradual de que ele é ainda controlado e manipulado por outros.

Chocolate traz um palhaço negro e um branco, eles são bem separados, mas precisam trabalhar em conjunto para sobreviver.

O fim de Chocolat é bem triste, depois de uma vida de dificuldades, marcada pelo preconceito. Mas ele era humano, não era santo. O maior erro dele foi viver intensamente. Ele adorava as mulheres, bebida e jogo. Seu erro foi apenas devorar e aproveitar o máximo que podia da vida. Ele acabou gastando rápido a fama. Mas isso foi porque ele sabia de onde tinha vindo, ele era um escravo, que chegou ao país da liberdade. Ele estava lutando sozinho.

(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento – ENTRETENIMENTO/ Por: Rafael Aloi – 13/06/2016)

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