Foi a primeira transexual da história, a primeira a realizar a cirurgia de mudança de sexo

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Considerada pioneira transgênero por ter sido a primeira a realizar a cirurgia de mudança de sexo, no começo do século XX.

Lili Elbe em 1926. (Foto: Divulgação)

Lili Elbe em 1926. (Foto: Divulgação)

Pioneira na cirurgia de redesignação sexual

Lili Elbe (Vejle, Dinamarca, 28 de dezembro de 1882 – Dresden, Alemanha, 13 de setembro de 1931), foi primeira mulher trans operada da história, nascida Einar Mogens Wegener, foi a primeira transexual da história, ou pelo menos a primeira registrada, ao passar por um procedimento de redesignação de gênero. 

Lili Elbe, foi primeira mulher transgênero da história a enfrentar uma cirurgia de mudança de sexo, no ano de 1930.

Lili Elbe, cujo nome de batismo era Einar Magnus Andreas Wegener, nasceu e cresceu como homem na Dinamarca. Durante a faculdade, conheceu a ilustradora Gerda Gotillieb, com quem se casou em 1904. Depois de uma jornada de autodescoberta e autoaceitação, Lili decide se submeter à cirurgia de mudança de sexo, algo experimental à época. Foram necessárias 5 cirurgias para realizar a mudança por completo, além de, é claro, enfrentar uma sociedade tradicional e preconceituosa.

Einar antes e depois como Lili Elbe

Einar antes e depois como Lili Elbe (Fotos: Getty Images e Reprodução)

 

A fascinante vida de Lili Elbe, a primeira transexual da história

Um romance desenterrou sua vida, mas 18 anos se passaram até ser levada ao cinema

 

Naquele dia a modelo não apareceu. Gerda Wegener, a jovem ilustradora que ganhara espaço com seus estilizados retratos femininos, queria terminar seu esboço e, por sugestão de uma amiga atriz que passava por ali, pediu a seu marido, Einar Mogens, que sempre tinha sido magro e esbelto, para colocar o vestido com saia plissada, os sapatos de salto e as meias. Bastaria posar por um momento.

Filme sobre Lili Elbe estreou em 15 de janeiro de 2016.

Filme sobre Lili Elbe estreou em 15 de janeiro de 2016.

 

É impossível adivinhar se Gerda, que de boba não tinha nada e conhecia e amava Einar como ninguém, sabia onde ambos estavam se metendo quando pediu a seu marido para se vestir de mulher naquela tarde, no apartamento que dividiam em Copenhague. Mas para nenhum dos dois a vida voltaria a ser a mesma. Einar jamais se sentira tão autêntico como quando colocou aqueles saltos e, gradualmente, começou a se vestir como mulher. Não como uma mulher qualquer, mas como Lili, a persona que inventou e que cada vez foi passando mais tempo com Gerda, que a levava para os cafés e a apresentava como sua irmã. Depois de viajar pela Itália e pela França, ambas acabariam se instalando em Paris em 1912, onde Lili vivia e vestia como uma dama, e Gerda tinha relações com outras mulheres.

Alguns anos mais tarde, Lili se transformaria legalmente em Lili Elbe, a primeira pessoa transexual, ou pelo menos a primeira registrada, ao passar por um procedimento de redesignação de gênero. Primeiro se submeteu a uma castração cirúrgica sob a supervisão de Magnus Hirchsfeld, o famoso médico alemão que fundou a primeira associação de defesa de homossexuais e transexuais, e depois passou por várias operações nas mãos de Kurt Warnekros, o cirurgião de Dresden a quem Elbe se referia como seu criador e salvador. Em 1933, Warnekros planejava completar o processo implantando em Elbe um útero e criando uma vagina artificial, mas a artista (que já quase não era: Elbe pensava que a arte pertencia a Einar, a seu passado) não resistiu à cirurgia e morreu dias antes de completar 50 anos.

 

Uma luta solitária

Apesar de sua relevância, a história de Lili, que escolheu como novo sobrenome o nome do rio que passa pela cidade onde voltou a nascer, o Elba, só era conhecida entre acadêmicos e ativistas da comunidade LGBT até chegar à mãos de David Ebershoff há 18 anos. Ebershoff, então editor da Random House, a romanceou no que seria para ele sua estreia literária, The Danish Girl (A Moça de Copenhague, Rocco). Depois de muitas voltas pelos escritórios de Hollywood – durante algum tempo, Nicole Kidman esteve associada ao projeto – o livro finalmente chegou ao cinema pela mão de Tom Hooper e com Eddie Redmayne e Alicia Vikander nos papéis de Lili e Gerda.

Estreou em 15 de janeiro. O autor está orgulhoso: “Em setembro, visitei o túmulo de Lili em Dresden e o diretor do cemitério me disse que todo mês umas 10 pessoas vão lhe prestar homenagens. Deixam flores e velas ou passam tempo com ela. Imagino que o número tenha aumentado nos últimos anos e que, com o filme, se entenderá ainda mais quem foi e o que conseguiu. É por isso que precisamos de mais histórias e é por isso que o público ouviu e aceitou as de Caitlyn Jenner, Laverne Cox, Chaz Bono, Renée Richards e muitos outros. Cada vez que uma pessoa transgênero conta sua experiência, nossa compreensão coletiva cresce”.

Quando Ebershoff fala em “pioneira” o termo adquire conotações heroicas, mas ser o primeiro, neste caso a primeira, a chegar a qualquer lugar significa fazê-lo na mais absoluta solidão. Elbe não tinha sequer uma palavra para se definir. O doutor Hirchsfeld, que durante toda a sua vida tentou fazer da pesquisa sobre sexualidade e gênero uma disciplina médica tão respeitável como qualquer outra, tinha acabado de cunhar o termo “transexualismus” para se referir àqueles que queriam se transformar no sexo oposto, e não só imitar sua aparência.

Ninguém contou para Einar. Os médicos que consultou durante sua juventude na Dinamarca qualificaram-no de histérico ou pervertido. “Uma das coisas que acho mais significativas sobre Lili Elbe é que ela não teve exemplos ou modelos, nenhum mentor a quem admirar, nenhum recurso, nenhum meio que refletisse sua vida e praticamente nenhuma informação médica. Não só percorreu um caminho inóspito, como teve de ir lançando os alicerces desse caminho. Estava sozinha, a não ser por sua esposa”, diz Ebershoff.

Gerda Wegener, A Summer Day, 1927.

Gerda Wegener, A Summer Day, 1927.

 

Depois de quase duas décadas vivendo como mulher com uma biografia inventada, a história de Lili se tornou pública e causou em seu país um barulho similar ao gerado por Christine Jorgensen nos Estados Unidos nos anos 1950. Jorgensen, o soldado que combateu na Segunda Guerra Mundial que passou por uma cirurgia de redesignação de gênero, tornou-se uma celebridade menor e objeto de fascinação para os tabloides. “Quando sua história veio a público, Lili não teve outra opção a não ser sair do armário e contá-la”, relata seu biógrafo. “Por um lado, desfrutou da oportunidade de contar sua transição, mas por outro hesitava sobre como o mundo responderia. Parte de Lili amava a atenção, mas outra parte só queria ser uma garota dinamarquesa com uma vida normal”. Transformar-se em figura pública obrigou-a a romper com seu passado e com Gerda. A Dinamarca reconheceu sua nova identidade com um passaporte e anulou o casamento. Lili nutria ilusões fantasiosas, como conceber um filho com seu novo parceiro, mas tinha premonições sombrias. Antes de passar pela operação que a mataria, escreveu a um amigo: “Provei que tenho o direito de viver existindo como Lili durante 14 meses. Podem dizer que 14 meses não são muito, mas para mim é uma vida humana completa e feliz”.

De candente atualidade

Não é coincidência que o filme tenha se materializado agora e não há cinco ou dez anos e que tenha conseguido uma distribuição invejável – para Redmayne é seu primeiro papel depois do Oscar e Vikander vive um momento estelar com Ex Machina e Testament of Youth. Caitlyn Jenner, Transparent, Laverne Cox e Andrej Pejic entre outros conseguiram dar visibilidade às reivindicações das pessoas transgênero. A Garota Dinamarquesa foi apresentado na Casa Branca em um evento dedicado aos direitos dos transexuais. O fato de ser dirigido por Hooper, um diretor de quem se pode dizer que tem um gênero “oscarizável” (são dele O Discurso do Rei eOs Miseráveis) já é significativo por si, como ele mesmo admite em uma entrevista à revista Time: “Agora todo mundo acredita que é uma opção óbvia para mim; diz muito da revolução ocorrida na aceitação das histórias trans”. A escolha de Redmayne, no entanto, não esteve livre de polêmica. Destacou-se que Elbe deveria ser interpretada por uma atriz transexual. David Ebershoff, pelo menos, está satisfeito com o ator cisgênero (o contrário de transgênero) e heterossexual que dá vida a sua Lili. “Quando visitei o set, vi que Eddy derramava cada gota de seu talento interpretando-a com profundidade, sutileza e uma ampla gama de emoções. Como escritor, eu não gosto da ideia de que algumas histórias estão fora de meu alcance”. Mesmo assim, reconhece a necessidade de levar em conta essas vozes dissidentes. “Lili é uma parte importante da história dessa comunidade. Orgulham-se dela e sua vida precisa ser contada com empatia e dignidade”.

lili elbe
Eddie Redmayne (vencedor do Oscar por sua interpretação de Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”) no papel de Lili.

 

Filme ‘A Garota Dinamarquesa’, retrata uma das primeiras pessoas a realizar uma cirurgia de mudança de sexo

 

Eddie Redmayne como mulher no filme 'The Danish Girl', previsto para o fim de 2015 (VEJA.com/Divulgação)

Eddie Redmayne como mulher no filme ‘The Danish Girl’, previsto para o fim de 2015 (VEJA.com/Divulgação)

 

O filme estrelado por Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), A Garota Dinamarquesa, que retrata uma das primeiras pessoas a realizar uma cirurgia de mudança de sexo, é dirigida pelo produtor Tom Hooper (O Discurso do Rei) e trouxe Redmayne como Lili Elbe, considerada pioneira transgênero por ter sido a primeira a realizar a cirurgia de mudança de sexo, no começo do século XX. O longa acompanha a história de Lili e sua esposa, Gerda Wegener (Alicia Vikander), que inicialmente incentiva o marido a se vestir como mulher para ajudá-la em um trabalho.

 

 

Cartaz do filme A Garota Dinamarquesa (Foto: www.cafecomfilme.com.br/Divulgação)

Cartaz do filme A Garota Dinamarquesa (Foto: www.cafecomfilme.com.br/Divulgação)

(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento – ENTRETENIMENTO – 11/01/2016)

(Fonte: http://www.taofeminino.com.br – CULTURA/ Por Ana Paula Sanches em 2 de setembro de 2015)

(Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/02/estilo/1451748884_931165 – EL PAÍS – ESTILO/ Por BEGOÑA GÓMEZ URZAIZ – 2 JAN 2016)

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