Eugene Tisserant, cardeal francês, decano do Sagrado Colégio de Cardeais, colaborador de seis papas.

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Eugene Tisserant (Nancy, 24 de março de 1884 – Roma, 21 de fevereiro 1972), cardeal francês, decano do Sagrado Colégio de Cardeais, colaborador direto de seis papas. O estojo de prata contendo um manuscrito e algumas moedas de ouro do pontificado de Paulo VI foi colocado cuidadosamente no caixão, junto com a mitra episcopal. Era o último ato de uma cerimônia simples, antes que a pesada tampa de carvalho descesse sobre 65 anos de história da Igreja Católica. Tisserant morreu dia 21 de fevereiro, aos 87 anos de idade, vítima de uma enfermidade cardíaca.

O próprio Paulo VI oficiou a cerimônia de absolvição, além de permitir que o corpo ficasse exposto na Basílica de São Pedro, normalmente uma honra concedida apenas aos papas. Provavelmente uma compensação do Vaticano pelas mágoas causadas ao velho cardeal – não voluntariamente, mas pelas exigências da renovação com a qual Tisserant nem sempre concordou, apesar de seu rigorismo senso de disciplina, treinado não só no ambiente austero dos antigos seminários, mas também nas fileiras do exército francês, onde serviu como tenente-intérprete durante a I Guerra Mundial. Em 1971, juntamente com o poderoso cardeal Ottaviani, criticou asperamente, num manifesto público, as renovações autorizadas por Paulo VI na liturgia.

O conselheiro – Mais do que a fúnebre tampa de carvalho, entretanto, o Concílio Vaticano II marcara significativamente o fim da era Tisserant. No tempo de Pio XII, ele havia chegado ao auge do prestígio. Foi o principal conselheiro do papa nos tempos difíceis do nazismo. Mas apenas uma vez manifestou-se pública e violentamente, ao sair em defesa de Pio XII, acusado pelo dramaturgo alemão Rolf Hochhut, na peça “O Vigário”, de haver-se omitido diante da perseguição aos judeus. Quando Pio XII morreu, Tisserant ainda liderava o Sagrado Colégio, tendo sido um dos principais articuladores da eleição de Angelo Roncalli, um papa provisório. Mas foi no pontificado de João XXIII que Tisserant sofreu o primeiro golpe: o papa aconselhou-o a deixar seu cargo de prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, sob sua responsabilidade desde os tempos de Pio XI.

Como bom soldado, Tisserant aceitou o conselho papal, mas fez questão de toma-lo como uma ordem de demissão. Não concordava com a medida. “Principalmente”, disse na ocasião, “não se diga que estou doente, pois teria de desmentir.” Voltou às suas pesquisas na biblioteca do Vaticano que ele organizara e enriquecera com obras às vezes raríssimas. Um paciente trabalho de mais de meio século, graças ao qual se tornou um dos maiores orientalistas em todo o mundo.

A aposentadoria – Com a morte de João XXIII e a eleição do cardeal Montini (Paulo VI) os ventos renovadores do Concílio Vaticano II começaram a fustigar o combativo cardeal com a velocidade de um furacão – e acabaram por derrubá-lo. Em 1970, Paulo VI recomendava a todos os padres e bispos a aposentadoria aos 75 anos de idade e proibia aos cardeais com mais de oitenta anos a participação nos conclaves para a eleição do papa. Novamente Tisserant obedeceu, e outra vez manifestou sua amargura, mais ostensivamente do que nunca, inclusive fazendo alusões à saúde precária do papa. As pazes foram feitas pouco tempo depois na viagem à Ásia.

Paulo VI ao acompanhar o enterro de Tisserant – outra homenagem rara ao lutador (o papa o chamava “carvalho de antiga solidez”) e ao velho cardeal que, em 1954, sagrara bispo o monsenhor Montini.
(Fonte: Veja, 1° de março, 1972 – Edição n° 182 – DATAS – Pág; 72 – RELIGIÃO – Pág; 53)

 

 

 

Em 21 de junho de 1963, Giovanni Montini é eleito papa, mandato que exerceu por 15 anos como Paulo VI.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – Nº 17.785 – 21 de junho de 2014 – Almanaque Gaúcho – Ricardo Chaves – Hoje na História – Pág: 32)

 

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