Ernesto De Fiori, pintor e escultor, produziu abundantemente em ambos os setores.

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Ernesto De Fiori (Roma, 12 de dezembro de 1884 – São Paulo, 24 de abril de 1945), mestre ítalo-alemão que morou no Brasil de 1936 até sua morte, em 1945. Ao mesmo tempo pintor e escultor, De Fiori produziu abundantemente em ambos os setores – embora boa parte de suas esculturas, deixada na Europa, se tenha perdido com a guerra.

Terceira dimensão – Nascido em Roma, em dezembro de 1884, de mãe austríaca e pai italiano, De Fiori iniciou seu aprendizado em 1903, na Alemanha, particularmente em Munique, um então efervescente centro de renovação artística. Viveu a juventude em diversas cidades da Europa – Roma, Londres, Paris, Zurique e Berlim. Optando pela nacionalidade alemã, acabou por se fixar em Berlim, onde, ao longo de quase vinte anos de ininterrupta produção, realizou a maior parte de sua obra europeia. Já naquela época, firmara uma reputação no continente, participando de seus acontecimentos e salões mais importantes. Chegara mesmo à posição de um certo sucesso ao nível público, executando, por encomenda, bustos de personalidades da época, como Beniamino Gigli e Marlene Dietrich. Em 1936, finalmente, sob a pressão crescente do regime hitlerista, resolveu emigrar para o Brasil. Instalou-se em São Paulo e se dedicou mais à pintura que à terceira dimensão. Em 1904, Ernesto de Fiori ingressa na Akademie der Bildenden Künste (Academia de Artes Visuais), de Munique e freqüenta a classe de desenho do pintor alemão Gabriel von Hackl (1843-1926).

Posteriormente, conhece o escultor suíço Hermann Haller (1880-1950) e o pintor alemão Karl Hofer (1878-1955), com os quais mantém intenso diálogo artístico. Começa a expor sua pintura, que se aproxima, em suas soluções pictóricas, da realizada pelo pintor suíço Ferdinand Hodler (1853-1918). De 1911 a 1914, vive em Paris, onde freqüenta o Café du Dôme, local de grande efervescência cultural que reúne artistas, críticos e colecionadores. Nessa cidade, produz e participa de discussões sobre as novas tendências artísticas e trava contato com o pintor alemão Hugo Troendle (1882-1955) e o escultor italiano Arturo Martini (1889-1947). Conhece as obras de mestres franceses como Paul Cézanne (1839-1906) e Auguste Rodin (1840-1917).

Participou da exposição “Retrospectiva Ernesto De Fiori”, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) – MAC-SP, 1975, São Paulo. A exemplarmente organizada retrospectiva conseguiu a proeza de reunir, aos mais de cinquenta desenhos e 100 pinturas expostos, cerca de sessenta peças escultóricas, entre estudos em gesso, maquetas e bronzes efetivamente contemplados. Mais: através de uma minuciosa pesquisa em jornais estrangeiros, se obteve a documentação de obras hoje destruídas, refotografando-as e ampliando-as em painéis. Tornou-se possível, com isso, reconstituir toda a trajetória estilística do artista. A retrospectiva do MAC, ao realçar a parte escultórica, torna-se importante.

Por ela se percebe o caminho percorrido por De Fiori, desde a tradição helenizante de seus primeiros tempos à maneira de escultores fin de siècle, como Aristide Maillol (1861-1944) e Charles Despiau (1874-1946) até a escultura expressionista e quase atormentada, da maturidade. E, a despeito das sutilezas do estilo. De Fiori nunca abandonou sua coordenada fundamental: a figura humana, que retratou, seja de imaginação, em obras simbólicas, como “O Brasileiro”, “Maternidade” ou “Figura Feminina Reclinada”, (peças executadas por encomenda do Ministério da Educação, em 1938, no Rio de Janeiro, o Palácio da Cultura, seja a partir de pessoas reais, em alguns bustos de amigos e parentes. Essa fidelidade à figura assume, aliás, um caráter quase didático, quando confrontada com as menos bem sucedidas experiências figurativas do “Panorama”.

(Fonte: Veja, 3 de dezembro de 1975 – Edição n° 378 – ARTE – Pág; 103/104)

(Fonte: Veja, 21 de setembro de 1977 – Edição 472 – ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág; 124/125)

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