Emeric Marcier, artista escolheu as cores, as luzes e o misticismo de MG como tema de seu trabalho.

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Marcier: solidez nas composições e disciplina

Emeric Marcier (Cluj, 16 de julho de 1916 – Paris, 1° de setembro de 1990), artista romeno naturalizado brasileiro. Escolheu as cores, as luzes e o misticismo de Minas Gerais como tema de seu trabalho.

QUADROS DE PRESENTE – O compromisso de Marcier não é só com a forma. A humanidade está em primeiro lugar. Um dos seus quadros mais destacados é Garroteado – pintado em 1974, ele é uma denúncia da execução do jovem anarquista catalão Puig Antich no garrote vil, por ordem do ditador espanhol Francisco Franco.

Entre 1968 e 1980, Marcier viveu na Europa, por não concordar com o regime militar vigente no Brasil. Essa honestidade também perpassa as suas opiniões sobre arte. Ou, quando falava de mitos nacionais, ser franco para declarar que “Portinari foi um pintor feito por Getúlio Vargas. Não tinha o refinamento de Tarsila do Amaral. Carregando de elogios o trabalho pioneiro do gravador Oswaldo Goeldi não tinham o oportunismo de esquerda de Portinari, um homem tão receoso de qualquer concorrência que não deixou um só aluno.”

PAIXÃO POR BARBACENA – Filho de uma família de origem judaica, Marcier saiu da Romênia em 1935. Depois de um estágio em Paris e de uma temporada em Lisboa, onde conheceu os escritores Adolfo Casais Monteiro (1908-1972) e Almada Negreiros (1893-1970), fãs do Brasil, em 1940, devido à perseguição dos nazistas, Marcier aportou no Rio de Janeiro sem conhecer ninguém.

Aos poucos foi fazendo amigos, como os poetas Manuel Bandeira e Jorge de Lima. Foi no consultório de Jorge de Lima, que era médico, que Marcier conheceu o poeta francês Georges Bernanos, na época morando em Barbacena, seu primeiro contato com minas Gerais.

Em 1942, por encomenda da revista O Cruzeiro, viajou pelo interior de Minas para retratar aspectos das suas cidades históricas. Entre Ouro Preto, Sabará, Congonhas e Mariana, o artista europeu apaixonou-se pela cor brasileira, que, de início, o assustava. Foi a partir dessa descoberta que abandonou o surrealismo e chegou a converter-se ao catolicismo.

Nascia ali o pintor religioso, famoso por suas vias-sacras dramáticas e pungentes, cada vez mais sintéticas e despojadas. Também nasceu nessa época sua paixão por Minas Gerais. Chegou a ter um sítio, chamado Santana, em Barbacena.

As viagens, porém, são mais difíceis. A maior parte do tempo, Marcier passa em Roma e Lisboa, em exposições sempre bem recebidas pela crítica e pelo público, que paga entre 10 000 e 20 000 dólares para os poucos trabalhos de Marcier que aparecem no mercado.

(Fonte: Veja, 20 de janeiro de 1988 – ANO 20 – N° 3 – Edição 1011 – ARTE/ Por Artur Laranjeira – Pág; 96/97)
(Fonte: Veja, 12 de setembro de 1990 – ANO 23 – N° 36 – Edição 1147 – Datas – Pág; 82)

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