Elza Furtado Gomide, foi a primeira doutora em matemática formada pela USP (Universidade de São Paulo)

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Fez parte no desenvolvimento da ciência do Brasil

 

 

Elza Furtado Gomide (São Paulo, 20 de agosto de 1925 – 26 de outubro de 2013), foi a primeira doutora em matemática formada pela USP (Universidade de São Paulo), em 1950. Participou da criação da Sociedade de Matemática de São Paulo e na transformação dessa em Sociedade Brasileira de Matemática e fez parte de pesquisas com grandes matemáticos europeus.

 

A matemática foi primeira mulher a graduar-se em matemática numa instituição brasileira. Elza considerava que sua maior contribuição para a matemática brasileira foi, por um lado, o estímulo que deu a vários estudantes e, por outro, sua participação no Fórum das Licenciaturas, organizado pela USP em 1990. Esse Fórum promoveu amplo debate sobre a profissão de professor e o papel da universidade na formação de profissionais qualificados.

 

 

Na reforma universitária de 1970, quando o IME foi fundado, Elza, então chefe do Departamento de Matemática, contribuiu de forma significativa para que o Instituto fosse o formador de professores e pesquisadores.

Participou da criação da Sociedade de Matemática de São Paulo e na transformação dessa em Sociedade Brasileira de Matemática.

Elza Furtado Gomide nasceu em São Paulo em 20 de agosto de 1925, filha de Cândido Gonçalves Gomide, professor de matemática, e Sofia Furtado Gomide. Cursou o ginásio no então Ginásio da Capital do Estado de São Paulo (hoje é a Escola Estadual São Paulo, no Parque Dom Pedro II), único ginásio estadual da época, localizado na Rua do Carmo. Concluiu o curso secundário em 1941. Seu pai era um homem de espírito aberto, que considerava natural que as mulheres estudassem e tivessem uma carreira. Elza foi sua aluna no Ginásio do Estado, o que a fez estudar muita matemática e ter uma excelente formação naquela disciplina. Mas Elza interessou-se pela Física, influenciada pelo sucesso e a pela popularidade daquela ciência; na época, a participação do brasileiro César Lattes na descoberta do méson π tinha tido muita divulgação no Brasil, o que o tornou muito famoso e a Física muito popular no país.

 

Seguindo o exemplo de Sonja Ashauer, outra pioneira, que dois anos antes havia descoberto que a USP aceitava estudantes com somente o ginásio completo, sem terem cursado os dois anos de preparatório, prestou vestibular e ingressou naquela universidade. Bacharelou-se em física em 1944. Já na metade do curso havia percebido que gostava muito mais de matemática e, ao bacharelar-se, foi convidada a ser assistente do prof. Omar Catunda, do Departamento de Matemática. Fez, então, mais um ano de matemática e iniciou sua carreira de professora e pesquisadora. Na pesquisa, trabalhou em Análise Matemática e publicou muitos artigos. Paralelamente, exercia suas atividades de professora, pelas quais teve sempre muito gosto e dedicação.

Elza Gomide foi a primeira brasileira a doutorar-se em matemática numa instituição brasileira. Sua tese, “Sobre o teorema de Artin-Weil”, orientada por Jean Delsart, sobre um tema dado por André Weil – a conjetura de Weil – foi defendida em 27 de novembro de 1950. Jean Delsart fez parte do grupo de matemáticos europeus que trabalhou na USP a partir de 1945, como, por exemplo, o próprio André Weil e Jean Dieudonné e que estabeleceram as bases da pesquisa em matemática naquela universidade. Delsart havia sido um dos criadores do grupo Bourbaki, ao qual pertenceram matemáticos importantes como Henri e Elie Cartan, entre outros. Esse grupo, a partir de 1939, escreveu 35 volumes de álgebra, análise, geometria e topologia, segundo métodos altamente axiomáticos.

Ao longo de sua carreira, a profa. Elza orientou muitas teses de mestrado e doutorado. Sempre se dedicou com entusiasmo às atividades de ensino, que considera as mais importantes. Elza Gomide continuou trabalhando em pesquisa até a década de 60. A partir de sua eleição para a chefia do departamento de matemática em 1968, em pleno regime militar, passou a atuar mais nas questões ligadas ao ensino. Havia começado a interessar-se pela questão quando se deu conta de que a matemática moderna, em suas próprias palavras, “estava fazendo muito estrago”.

Envolveu-se muito quando o MEC resolveu impor a Licenciatura em Ciência, coisa que achava que seria extremamente prejudicial, principalmente à matemática. Esse envolvimento, acrescido dos problemas causados pela situação política, com ameaças do regime militar de um lado e a pressão da efervescência estudantil de outro, fez com que não tivesse mais disponibilidade para as atividades de pesquisa. Segundo ela, na época já era muito difícil “ficar com o nariz acima da água”. A separação dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Matemática foi finalmente efetivada no final da década de 60.

Elza considera que sua maior contribuição para a matemática brasileira foi, por um lado, o estímulo que deu a vários estudantes e, por outro, sua participação no Fórum das Licenciaturas, organizado pela USP em 1990. Esse Fórum promoveu amplo debate sobre a profissão de professor e o papel da universidade na formação de profissionais qualificados. Juntamente com Iole de Freitas Druck, Elza apresentou uma proposta de estrutura curricular para o curso de Licenciatura em Matemática que, aprovada pelo Fórum com a participação de muitos professores, permanece praticamente a mesma desde sua implementação em 1994.

Elza Gomide teve durante toda sua carreira um enorme amor pelo ensino, o que resultou em total dedicação às atividades didáticas, dentro e fora da sala de aula, e a levou a envolver-se de corpo e alma nas lutas para melhorar o ensino da matemática. Trabalhou na USP de 1945 até sua aposentadoria compulsória em 1995. Mas, mesmo depois, manteve suas atividades de professora por muitos anos, enquanto teve condições de saúde para tal. Atualmente, ainda participa de bancas de tese e continua ligada nos problemas do ensino da matemática no Brasil.

 

(Fonte: http://zip.net)

(Fonte: http://protec.org.br/senai – SENAI / NOTÍCIAS / Mulheres foram chave no desenvolvimento da ciência do Brasil – 08/03/2019)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/11-primeira-doutora-em-matematica-formada-pela-usp – COTODIANO – ANDRESSA TAFFAREL – 07/11/2013)

(Fonte: http://www.cnpq.br/web/guest/pioneiras- Portal CNPq – Geral – Programas – Mulher e Ciência – Eventos – Pioneiras)

Fontes: A Matemática no Brasil. História de seu Desenvolvimento, de Clóvis Pereira da Silva, Editora Edgard Blücher, São Paulo, 2003; entrevista concedida por Elza Furtado Gomide a Ligia MCS Rodrigues, em 19/01/2006. Elaborado por Ligia M.C.S.Rodrigues e Hildete Pereira de Melo.

 

 

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