Dziga Vertov, fez uma revolução no cinema dentro de uma revolução política.

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Dziga Vertov (Bialystok, 2 de janeiro de 1896 – Moscou, 12 de fevereiro de 1954), documentarista, jornalista e diretor de cinema russo. Fez uma revolução no cinema dentro de uma revolução política (a russa, no caso).

Dziga Vertov foi um dos primeiros cineastas russos a usar técnicas de animação e desenvolver certos princípios fundamentais da montagem no cinema.

Nascido como Denis Abramovich Kaufman em Bialystok (então Império Russo, hoje Polônia), seu pseudônimo é a união das palavras “vertov” (fazer girar, rodar) e “dziga” (onomatopeia para o girar da manivela da câmera).
Seu cinema era sobretudo uma arte do movimento: das máquinas e dos homens.

Dziga Vertov iniciou os trabalhos como documentarista em junho de 1918, no cinejornal semanal Kinonedelia (algo como “cine-semanal”). Trabalhou em todos os filmes, ressaltando e assinalando alguns pontos que viriam a compor os conceitos do kinokismo. Escreveu e dirigiu quatorze filmes até o fechamento do jornal em dezembro de 1919, graças ao embargo europeu contra o cinema soviético, que dificultou a produção devido a falta de filme virgem.

“Nós: variações do manifesto” data de 1919, coincidindo com o fim do Kinonedelia. No entanto só foi publicado em 1922 na revista Kinofot, nº 1. O manifesto, uma espécie de carta de distinção, busca separar as aventuras americanas e o “cine-drama” alemão, do “verdadeiro kinokismo”. Acusando a subserviência daqueles que utilizam a câmara para narrar a produção literária e o teatro, Vertov defende o “estudo preciso do movimento” como forma de obter o ritmo próprio da arte cinematográfica, seu mais alto grau. Ou seja, os momentos mais radicais deste escrito (“fugir do abraço do teatro do amante” e “virar as costas à música”) dizem respeito menos às artes em questão do que à construção do cinema. Esta construção estaria atrelada ao que o manifesto chama “poesia das máquinas”, isto é, longe das imperfeições do olho humano.

O segundo manifesto do grupo, Kinoks: uma revolução (1922) foi publicado pela primeira vez em 1923 no jornal LEF, fundado no mesmo ano pelo poeta Vladímir Maiakóvski. As siglas designam algo como “front de esquerda das artes” (no inglês, Left Front of Arts). Vertov demonstra maior precisão na escolha dos conceitos, funções e propostas do cine-olho. Este texto coincide com o ínicio de seus trabalhos no Kinopravda (algo como “cine-verdade”), cinejornal cujo nome fora decalcado de outra publicação lançada por Lenine. Entre junho de 1922 e dezembro de 1925, o Kinopravda editou vinte e três filmes dirigidos por Vertov, lançando mão das teorias do kinokismo, servindo como um verdadeiro laboratório de experimentação.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1261110- Ricardo Calil – Crítico da Folha – 12/04/2013)
(Fonte: http://www.contracampo.com.br/01-10/dzigavertov)

DZIGA VERTOV

Denis Arkadievitch Kaufman
(Polônia – 1896 – União Soviética – 1954)

Muito jovem ainda Vertov começa a escrever poemas e estuda música durante quatro anos. Com 19 anos começa a estudar medicina, na mesma época em que cria o “laboratório do ouvido” onde registra e monta ruídos de todo o tipo com um velho fonógrafo Pathéphone.

É também nesse período que muda seu nome para DZIGA – palavra ucraniana que significa roda que gira sem cessar e VERTOV – do russo vertet que significa rodar, girar. Também se declara futurista, muito influenciado por Maiakovski.

Após o discurso em que Lenin considera o cinema como o principal meio de divulgação da nova ordem social que se instala na União Soviética, Vertov se põe à disposição do Kino Komittet de Moscou (1918) tornando-se redator e montador do primeiro cine-jornal de atualidades do Estado Soviético – o KINONEDELIA (Cinema Semana).

Em 1922 cria, com sua mulher Svilova e seu irmão Mijail, o “Conselho dos Três” denominando-se kinoks – um composto das palavras russas kino (cine) e oko (olho). Começam a trabalhar no Kinopravda (Cinema verdade) e produzem 23 números dessas atualidades cinematográficas.

Em 1923 o grupo publica seu primeiro manifesto teórico com o título “A revolução dos kinoks”

Desse momento em diante Vertov desenvolve uma febril atividade tanto prática, de realizações de documentários, quanto teóricas. Todos os seus experimentos com as imagens colhidas do real são objeto de textos-manifestos em que ele declara seus princípios das relações entre olho/câmera/realidade/montagem. Todos os seus experimentos cinematográficos baseiam-se no exercício exaustivo de construção da expressão através da articulação desses quatro elementos.

Podemos resumir suas principais construções teóricas em três noções diferentes e complementares:

1. a montagem de registros (visuais e sonoros)

2. o cine – olho (kino-glaz)- um meio de registrar a vida, o movimento, os sons e organizá-los através da montagem.

3. a vida de improviso – rodada sem nenhum tipo de direção documental.

DZIGA VERTOV

“Eu sou um cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário que não existia até este momento. Nesse espaço tem doze paredes que eu registrei em diversas partes do mundo. Justapondo a visão dessas paredes e alguns detalhes consegui dispô-las numa ordem que te agrada e edifiquei, da forma adequada, sobre os intervalos, uma cine-frase que é, justamente, esse espaço.

Eu, cine-olho, crio um homem muito mais perfeito que aquele que criou Adão, crio milhares de homens diferentes segundo desenhos distintos e esquemas pré-estabelecidos.
Eu sou o cine-olho.

Tomo os braços de um, mais fortes e hábeis, tomo as pernas de outro, melhor construídas e mais velozes, a cabeça de um terceiro, mais bonita e expressiva e, pela montagem, crio um homem novo, um homem perfeito.”

Filmografia:

1918 – Kinonedelia – série

1919 – O aniversário da Revolução

1920 – A batalha de Tsaritsin

1922/25 – Kinopravda – série

1926 – A sexta parte do mundo

1927/28 – O décimo primeiro ano

1929 – O homem da câmera

1934 – Três cânticos para Lenin (1)

1937 – Canção de ninar

1938 – Três heroinas

1941/44 – filmes reportagens rodados num refúgio na Ásia Central

1947 – O juramento dos jovens

1947/53 – noticiário de atualidades “Novidades do dia” – série

(1) Três cânticos para Lênin – toma como tema três canções populares inspiradas por Lênin. Mostra diversos aspectos da União Soviética, das regiões européias e asiáticas. É o filme em que Vertov pode por em prática com mais perfeição todas as teorias produzidas desde os anos 20, sobretudo acerca da montagem de imagens e sons. Vertov usa da melhor maneira, neste filme, materiais de arquivo, principalmente aqueles que registram as imagens e a voz de Lenin.

* Biofilmografia desenvolvida pela Profa. Dra. Marília Franco para a a disciplina DOCUMENTÁRIO (CTR 0662) ministrada na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

** As biofilmografias podem ser constantemente atualizadas pelos visitantes com indicações de pesquisa, publicações, sites e textos publicados sobre o autor enfocado.

(Fonte: http://www.mnemocine.com.br/aruanda/vertov)

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