Dóris Monteiro, foi uma das precursoras do grande movimento da música brasileira no século 20, a bossa nova

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Cantora Dóris Monteiro

(Crédito da fotografia: © Divulgação/Wikimedia Commons)

 

Dóris Monteiro (nasceu no Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1934 – faleceu em sua casa no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 2023), cantora que antecipou a bossa nova, foi uma de suas mais expressivas vozes da música brasileira.

A artista, que estreou ainda na década de 1940, ficou conhecida pela “voz pequena”, conforme ela mesma definia, e gravou mais de 60 álbuns ao longo de sua carreira.

Dóris Monteiro, cujo nome de batismo era Adelina Dóris Monteiro, nasceu no Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1934.

Filha de Glória Monteiro Murta, portuguesa que trabalhava como empregada doméstica, Dóris nunca conheceu o pai biológico.

Sua trajetória na música começou cedo, quando aos 16 anos estreou na Rádio Nacional, no programa de imitações “Papel Carbono”, de Renato Murce.

Associada à bossa nova, Doris começou sua carreira profissional bem antes do movimento estourar, quando lançou em 1951, aos 16 anos, um disco de 78 rotações pela gravadora Todamérica, com duas músicas. As gravações não foram recebidas muito bem pela crítica, mas uma delas, a canção Se Você Se Importasse, se tornou sucesso e impulsionou a carreira de Doris.

Com voz suave, sem a impostação e os vibratos tão característicos da maioria dos cantores daqueles tempos, caiu muito bem para os sambas-canção mais românticos da fase pré-bossa-nova. O canto de Doris ajudou a fundar a fase da moderna música brasileira, impulsionada pelas inovações rítmicas trazidas por nomes como João Gilberto, João Donato, Tom Jobim e Johnny Alf.

Em 1958, emplacou um novo sucesso, o samba-canção Dó-Ré-Mi, composta por Fernando Cesar. Em 1964, em um disco que levava apenas seu nome do título, abraçou a bossa nova com canções como Samba de Verão, de Marcos e Paulo Sérgio Valle, e Sambou Sambou, de João Donato.

Em 1969, Doris gravou o samba Mudando de Conversa, de Herminio Bello de Carvalho e Maurício de Tapajós, que se tornaria um de seus grandes sucessos de carreira.

Nos anos 1970, Doris gravou discos que hoje são cultuados pelos fãs da música brasileira, que a fizeram ser associadas ao que se chamou de sambalanço, com instrumentos de sopro para marcar bem o ritmo e com influência caribenha. As gravações de Coqueiro Verde, Garota do Pasquim e A Feira, do disco que a cantora lançou em 1970 são exemplos disso.

Essa fase de Doris, inclusive, já foi revisitada por cantoras brasileiras contemporâneas ao longo dos anos. Roberta Sá, por exemplo, regravou Alô, Fevereiro, que Doris lançou em 1972. Já Paula Lima buscou É Isso Aí no disco que Doris lançou em 1971.

Ainda na década de 1970, Doris estabeleceu uma parceria com o cantor Miltinho. Juntos, gravaram três discos com repertórios que privilegiavam sambas canção e sambas. Doris também continuou a gravar regularmente, com versões para canções de João Donato, Billy Blanco e João Nogueira.

A partir da década de 1980, as gravações se tornaram menos frequentes, mas Doris continuou ativa em shows e participações em álbuns de colegas.

A Precursora da Bossa Nova

Dóris Monteiro foi uma das precursoras do grande movimento da música brasileira no século 20, a bossa nova. Com sua “voz pequena”, cantando coisas “mais mexidinhas”, como sugerira a ela o compositor Billy Blanco, já cantava no estilo da bossa nova em 1957, quando gravou “Mocinho Bonito”, de autoria de Blanco, a música mais tocada nas rádios brasileiras naquele ano. O espetáculo “O Encontro”, com João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que marcou o início da bossa nova, só aconteceria cinco anos depois.

Dóris Monteiro teve uma carreira de sucesso tanto na música quanto no cinema. Seu primeiro disco, “Todamérica”, lançado em 1951, com a canção “Se Você Se Importasse”, fez um enorme sucesso. Além disso, a cantora estreou no cinema em 1953, em “Agulha no Palheiro”, de Alex Viany. Fez mais sete filmes, incluindo o premiado “De Vento em Popa”, de Carlos Manga, lançado em 1957, que lhe rendeu prêmios e reconhecimento, e “A Carrocinha” (1957), ao lado do comediante Mazzaropi.

Nos anos 1970, ela embarcou na MPB, gravando composições de Erasmo Carlos (“Glória, Glorinha”, “Coqueiro Verde”), Caetano Veloso (“De Noite na Cama”), Antônio Carlos e Jocafi (“Mas que Doidice”) e Sidney Miller ( “É Isso Aí”, que foi redescoberta nos anos 1990, virando um hit das pistas da dança).

Ao longo da carreira, ela gravou mais de 60 álbuns de estúdio, a maioria pela Odeon, e participou em coletâneas e reedições posteriores. Alguns de seus maiores sucessos, além de “Mocinho Bonito”, foram “Mudando de Conversa”, composta por Maurício Tapajós e Hermínio de Carvalho, “Conversa de Botequim”, de Noel Rosa, e “Dó-Ré-Mi”, de Fernando César e Nazareno de Brito.

O Legado de Dóris Monteiro

Dóris Monteiro deixou um legado inestimável para a música brasileira. Sua voz suave e delicada marcou a história do rádio e do cinema brasileiro e também alcançou o cenário internacional. Em 1990, a convite da cantora Lisa Ono, realizou shows em Tóquio, Osaka e Nagóia, no Japão. Também se apresentou no Cassino de Punta del Este, no Uruguai, e em Lisboa e Coimbra, em Portugal, ao lado de Dorival Caymmi. Essas apresentações internacionais reforçam a importância de Dóris Monteiro para a música brasileira e seu reconhecimento além das fronteiras do Brasil.

A cantora, que nunca teve filhos, foi casada com o tecladista Ricardo Júnior, com quem manteve uma parceria artística que durou mais de 40 anos, só terminando com a morte do músico em março de 2017.

Em 2020, o produtor Thiago Marques Luiz juntou Doris a Claudette Soares e Eliana Pittman no álbum As Divas do Sambalanço, gravado ao vivo em São Paulo. Nele, Doris canta faixa como Balanço Zona SulBolinha de Papel e Mancada. As três cantoras passaram a fazer apresentações com esse projeto pelo Brasil.

Em dezembro de 2022, Doris, Claudette e Eliana se apresentaram no programa Faustão na Band, quando cantaram ao vivo. Doris, na ocasião, já aparentava estar com a saúde debilitada.

Doris também fez sucesso no cinema brasileiro. Em 1953, foi convidada para participar do filme Agulha no Palheiro, de Alex Viany, com o qual recebeu o prêmio de Melhor Atriz. Trabalhou ainda ao lado de nomes como Tônia Carrero, José Lewgoy, Mazzaropi e Oscarito.

Moradora de Copabacana, na zona sul carioca, costumava andar pelo bairro e a conversar com os fãs. Foi casada com o pianista Ricardo Junior, morto em 2017, que a acompanhava em shows. Doris não teve filhos.

Em entrevista ao Estadão em março de 2021, Doris falou sobre o orgulho de estar completando 70 anos de carreira. “De repente, passaram-se 70 anos. Cantei em diversos países como Portugal, Japão e Argentina. Fiz cinema. É uma carreira maravilhosa. Eu sou uma mulher feliz. O Ruy Castro (jornalista e pesquisador) me disse que sou a única cantora que fez 70 anos de carreira na ativa”, disse à época.

Dóris Monteiro faleceu na segunda-feira (24/7) aos 88 anos, em sua casa no Rio de Janeiro.

(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – Pipoca Moderna/ MÚSICA/ NOTÍCIAS/ História por Marcel Plasse – 24/07/23)

(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – Estadão Conteúdo/ MÚSICA/ NOTÍCIAS/ História por Danilo Casaletti – 24/07/23)

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