Dom Pedro II, imperador do Brasil

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Dom Pedro II (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 – Paris, 5 de dezembro de 1891), imperador do Brasil

Quando ele tinha 15 anos, recebeu a coroa, o globo, a mão da Justiça e o cetro. Foi uma magnífica festa, para a qual a cidade do Rio de Janeiro engalanou-se. Estamos no dia 18 de julho de 1841, dia da coroação do imperador, um ano depois de iniciado de fato seu reinado, com a declaração da maioridade.

Dom Pedro II mal lhe haviam crescido os pelos no rosto, resolveram que deveria se casar – não com uma índia, mas com uma princesa europeia. Muito se procurou, enfrentando o esnobismo das velhas cortes, até que se encontrou em Nápoles uma princesa disponível, Teresa Cristina. O imperador exultou. O retrato que lhe mandaram sugeria uma jovem graciosa.

Ele teria de esperar mais de um ano até ela chegar. Estamos agora em 3 de setembro de 1843. Aos 17 anos, dom Pedro arde de ansiedade para conhecer a mulher com quem já casara por procuração. Às 18h da tarde, o navio trazendo a princesa aporta na Baía de Guanabara.

O protocolo previa que só no dia seguinte ela desembarcaria, e os noivos se encontrariam. É setembro de 1891, quase dois anos depois do golpe republicano do marechal Deodoro da Fonseca, e Pedro II, aos 66 anos incompletos mas aparentando muito mais, está em Vichy, na França, fazendo tratamento de águas. A gangrena é a última das devastações provocadas pelas diabetes que acabará por matá-lo dali a três meses.

Aquele que viria a ser Pedro II é no princípio um pobre menino rico. A mãe morreu quando tinha 1 ano. O pai voltou para Portugal quando tinha 5. E lá ficou ele, menor abandonado no palácio que mais tarde foi o museu da Quinta da Boa Vista, entre tutores, aias, padres e professores que lhe inculcaram o gosto da literatura, das línguas e das ciências. Pelo estudo ele haveria de demonstrar, vida afora, apego maior do que pelo poder.

Um certo saudosismo pela estabilidade política e supostas boas maneiras do Segundo Reinado tendem a glorificar o imperador. Estabilidade virou estagnação, e a tolerância de Pedro II, que permitia até deputados republicanos no Parlamento, e a circulação de jornais favoráveis ao inimigo durante as guerras do Prata, virou abulia.

Entre o monarca europeu e o cacique, Pedro II encarnava uma ambiguidade brasileira que superava o século XIX. Ele era um exilado dos trópicos, um europeu em quem corria o sangue azul dos Habsburgo, dos Bourbon e dos Bragança, mas também, visto da Europa, um rei bufo da floresta, chefe de um país de pretos.

No caso pessoal de Pedro II, o conflito conhece um momento de inflexão quando de sua primeira viagem à Europa, em 1871, a partir daí ele se teria tornado um “parisiense”. Em consequência, experimentará um progressivo distanciamento do Brasil. A história de dom Pedro II embute uma tragédia pessoal. Ele era um deslocado irremediável, aqui ou lá, um exilado de si mesmo.

Se há duas coisas espantosas no Brasil do século XIX de dom Pedro II, uma é a própria monarquia, regime de europeus, brancos e tradicionalistas implantado na selva, e outra é o imperador que se dedicava à astronomia em São Cristóvão, falava hebraico, russo e tupi-guarani e acaba conhecendo os grandes nomes de seu tempo, de Wagner a Victor Hugo, e até o socialista Louis Blanc e William James.

(Fonte: Veja, 4 de setembro de 1996 – ANO 29 – N° 36 – Edição 1460 – HISTÓRIA/ Por ROBERTO POMPEU DE TOLEDO – Pág: 96/97)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O rei mochileiro

Diário inédito mostra as aventuras de dom Pedro II pelo Oriente Médio

(Fonte: Revista Veja, 17 de março de 1999 – ANO 32 – Nº 11 – Edição 1589 – História / Por Fernando Luna – Pág: 90/91)

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