Dmitri Shostakovich (1906-1975), compositor russo.

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TRILHA SONORA PARA TIRANIAS

Como os compositores eruditos conviveram com os regimes autoritários do século XX. O stalinismo preferia os temas folclóricos russos, e o nazismo substituiu a inovação por obras que resgatassem o “espírito” alemão – obras baseadas em mitos germânicos ancestrais. O fascismo não tinha um ideário artístico tão claro.

MÚSICA & PODER – Os compositores e suas homenagens as ditaduras

FASCISMO – NAZISMO – STALINISMO

Principais colaboradores – O que compuseram

 

Dmitri Shostakovich (1906-1975), compositor russo. Nascido no dia 25 de setembro. No dia 21 de novembro de 1937, o compositor apresentou sua Quinta Sinfonia ao público de Leningrado, atual São Petersburgo. As dissonâncias e o ritmo caótico da obra causaram a princípio um estranhamento. Perto do final, a mudança para um andamento de marcha militar conquistou a plateia. Os integrantes do Partido Comunista ouviram a música da seguinte forma: ela mostrava o progresso da Rússia, do caos czarista a glória e a ordem trazidas pela revolução de 1917.
O compositor soviético Shostakovich tinha relações dúbias com o regime comunista. Ele compôs obras como a 11ª Sinfonia, em que condenou o massacre de civis pelo czar russo. Em compensação, a ópera Lady Macbeth de Mtsensk desagradou a Josef Stalin.
Shostakovich é um caso dúbio. Foi criticado por Stalin quando apresentou a ópera de vanguarda Lady Macbeth de Mtsensk, em 1936. Como bom comunista, aceitou as críticas e dedicou-se a obras de tom oficial – nas quais, porém, as vezes semeava suas dissonâncias. Compôs até a trilha de A Queda de Berlim, filme de guerra propagandístico em que Josef Stalin era retratado como herói. Sempre que o ditador aparecia em cena, o fundo musical era meloso, sem grandes inovações.

Richard Strauss (1864-1949), compôs e regeu o hino das Olimpíadas de Berlim (1936) e colocou frases anti-semitas no libreto de suas óperas. Após a derrota da Alemanha na II Guerra, ofereceu seus dotes musicais aos aliados. Há quem avente uma desculpa para a adesão de Strauss ao nazismo: teria sido uma tentativa de salvar sua nora, que era judia. O nazismo substituiu a inovação por obras que resgatassem o “espírito” alemão – obras baseadas em mitos germânicos ancestrais, como Carmina Burana, de Carl Orff (1895-1982).

Carl Orff (1895-1982), compositor alemão, era um soldado bem mais dedicado do regime nazista. Orff ganhou a simpatia do regime nazista com a obra Carmina Burana, que tinha como influências a poesia medieval alemã e mitos greco-romanos. Ele também foi convidado a reescrever a música da ópera Sonho de uma Noite de Verão, cujo autor, Mendelssohn, era judeu. Hitler na verdade entendia pouco de música – gostava de ópera por sua teatralidade. Mesmo assim, admirava a exaltação germânica de Orff – que foi até incumbido de reescrever a música da peça Sonho de uma Noite de Verão, do judeu Felix Mendelssohn (tarefa nunca concluída). O nazismo substituiu a inovação por obras que resgatassem o “espírito” alemão – obras baseadas em mitos germânicos ancestrais, como

Pietro Mascagni (1863-1945), mais conhecido pela ópera La Cavalleria Rusticana, Mascagni era simpático ao ditador Benito Mussolini. Foi eleito o compositor oficial do regime e compôs a ópera Nerone, em homenagem ao ditador. O fascismo não tinha um ideário artístico tão claro. Violinista e cantor diletante, o ditador Benito Mussolini usava a música de forma populista, como mais um instrumento para conquistar as massas. Ele fazia as orquestras italianas tocar nas cidades do interior porque defendia que a música tinha de ser levada ao país inteiro.
Toda ditadura, claro, sempre contou com adesistas. Bajulados pelo regime fascista, os italianos Pietro Mascagni e Alfredo Casella compuseram óperas inspiradas nas campanhas militares do Duce.

Ottorino Respighi (1879-1936), foi autor de A Trilogia Romana, uma das obras prediletas do ditador Benito Mussolini, mas se esquivou de apoiar o ditador em público. O fascismo não tinha um ideário artístico tão claro. Violinista e cantor diletante, o ditador Benito Mussolini usava a música de forma populista, como mais um instrumento para conquistar as massas. Ele fazia as orquestras italianas tocar nas cidades do interior porque defendia que a música tinha de ser levada ao país inteiro.
Toda ditadura, claro, sempre contou com adesistas. Bajulados pelo regime fascista, os italianos Pietro Mascagni e Alfredo Casella compuseram óperas inspiradas nas campanhas militares do Duce.

(Fonte: Revista Veja, 6 de setembro, 2006 – Ano 39 – N° 35 – Edição 1972 – Música/ Por Sérgio Martins – Pág; 132/133)

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