Dith Pran, fotógrafo que sobreviveu a genocídio no Camboja e expôs Pol Pot, e que inspirou “Os Gritos do Silêncio”

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Dith Pran, fotógrafo sobrevivente da guerra no Camboja

Trajetória do repórter do ‘The New York Times’ foi retratada no filme ‘Os Gritos do Silêncio’, de 1984

 

 

Dith Pran

Pran, cuja trajetória inspirou o filme “Os Gritos do Silêncio” (1984), em retrato dos anos 80 (Barton Silverman/”The New York Times”)

 

 

Dith Pran, fotógrafo que sobreviveu a genocídio no Camboja e expôs Pol Pot

Dith Pran (27 de setembro de 1942 – New Brunswick, 30 de março de 2008)fotógrafo cambojano, cuja experiência de vida sob o regime dos Khmeres Vermelhos inspirou o filme “Os Gritos do Silêncio”.

O fotógrafo cambojano Dith Pran, do jornal “The New York Times” trabalhou como intérprete e assistente do jornalista Sydney Schanberg no Camboja até 1975 e ajudou a denunciar as atrocidades do regime de Pol Pot (1975-1979).

Quando o Khmer Vermelho assumiu o poder, Schanberg foi expulso do país, e Pran foi encarcerado, torturado e condenado a trabalhos forçados. Pran escapou da morte porque se disfarçou de camponês iletrado. O grupo comunista perseguia as pessoas que tivessem um grau de instrução mais elevado ou influência ocidental.

Em 1979, Pran conseguiu fugir e se mudou para os EUA. Ele se tornou embaixador do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e fundou o Projeto de Conscientização de Holocausto Dith Pran.

Em 1980, Schanberg escreveu uma reportagem sobre o amigo intitulada “A Morte e a Vida de Dith Pran”, título de um livro publicado em 1985.

A história foi ainda a base do filme “Os Gritos do Silêncio” (“The Killing Fields”), que havia sido lançado um ano antes e recebeu três Oscars.

 

 

Sam Waterston com Dith Pran e Schanberg fora do edifício New York Times em 1984 (Foto: Warner Brothers/Divulgação)

Sam Waterston com Dith Pran e Schanberg fora do edifício New York Times em 1984 (Foto: Warner Brothers/Divulgação)

 

 

Dith Pran trabalhava para Sydney Schanberg como assistente e intérprete no Camboja em 1975, quando o país passou para as mãos dos Khmeres Vermelhos. Após cobrir a chegada ao poder deste regime marxista, as autoridades não deixaram Dith Pran sair do país, apenas deram permissão ao jornalista americano, que sempre se lamentou de ter tido que abandonar Pran.

 

 

Esta foto mostra Sydney Schanberg no escritório do New York Times em 15 de junho de 1976 (City Herald)

Esta foto mostra Sydney Schanberg no escritório do New York Times em 15 de junho de 1976 (City Herald)

 

Após quatro anos de torturas e castigos, Pran conseguiu escapar para a Tailândia. Chegando no local, conseguiu enviar uma mensagem a seu antigo companheiro, que saiu imediatamente dos Estados Unidos para encontrá-lo.

“Durante quatro anos busquei, sem sucesso, qualquer prova de vida de Pran. Já estava perdendo a esperança. Mas sua ligação de esperança foi como um milagre para mim. Devolveu-me a vida”, confessou pouco depois o correspondente do “New York Times, para o qual ele trabalhou.

Em 1980, Sydney Schanberg escreveu em uma reportagem e posteriormente em um livro o sofrimento de seu companheiro, relato que serviu de inspiração para o filme, que ganhou três estatuetas do Oscar.

O artigo, que recebeu o título de A Morte e Vida de Dith Prandeu a Schanberg um Prêmio Pulitzer, em 1976. Após escapar do Camboja, Pran se instalou nos Estados Unidos e começou a trabalhar para o New York Times” como assistente do departamento de fotografia, onde aprendeu a mexer na câmara nas ruas de Nova York.

Dith Pran, que no momento de sua morte tinha 65 anos, fundou uma organização para conscientizar o mundo sobre o regime dos Khmeres Vermelhos, que governou o Camboja entre 1975 e 1979 e sob o qual morreram cerca de 2 milhões de pessoas.

Além disso, foi embaixador de Boa Vontade do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Quando o líder dos Khmeres Vermelhos, Polt Pot, morreu em 1998, Pran lamentou que o ditador nunca tivesse sido julgado perante a Justiça pelos crimes cometidos, entre eles a morte de seus três irmãos.

Quando Pol Pot morreu, Pran lamentou que o ditador nunca tenha sido julgado por seus crimes contra a humanidade. “A busca por justiça do povo cambojano não termina com Pol Pot”, disse.

Foi o próprio Dith que cunhou o termo “killing fields” (campos de extermínio), para definir os horrores que via -corpos e esqueletos das vítimas do Khmer Vermelho- durante sua jornada para escapar do país.

Entre 1975 e 1979, o regime matou 2 milhões de cambojanos -quase um terço da população do país na época.

Dith Pran faleceu em New Brunswick, Nova Jersey, em 30 de março de 2008, devido a um câncer de pâncreas.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2008/03 – ILUSTRADA / Por EFE, em Washington – 30 de março de 2008)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo – FOLHA DE S.PAULO – FOCO / Com agências internacionais – São Paulo, 31 de março de 2008)

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