Dib Lutfi, considerado um dos maiores diretores de fotografia do cinema brasileiro

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Dib Lutfi, diretor de fotografia que criou a estética do Cinema Novo

 

Dib Lutfi, fazendo a câmera de "Terra em Transe", com Glauber ao lado | (Foto: Reprodução / CP)

Dib Lutfi, fazendo a câmera de “Terra em Transe”, com Glauber ao lado | (Foto: Reprodução / CP)

Dib Lutfi (Marília, no interior de São Paulo, em 1936 – Rio de Janeiro, 26 de outubro de 2016), considerado um dos maiores diretores de fotografia do cinema brasileiro, considerado o grande poeta das imagens do Cinema Novo.

Nascido em Marília, no interior de São Paulo, em 1936, Dib Mudou-se para o Rio de Janeiro no fim da adolescência. Em 1957, começou a trabalhar como câmera na TV Rio. Seu primeiro contato com o cinema aconteceu graças a um seminário promovido pelo Itamaraty, em 1962, com o sueco Arne Sucksdorff (1917-2001), com quem Dib trabalharia em seguida como assistente de câmera no longa-metragem Fábula – Minha Casa em Copacabana (1964). Mas foi com o irmão Sérgio Ricardo que ele estreou de fato como cinematografista – Sérgio chamou-o para fazer a câmera do curta O Menino da Calça Branca. Conservou-o na função em Esse Mundo É Meu, de 1963. Os diretores do Cinema Novo viram o talento do câmera e começaram a convocá-lo para seus filmes. Com isso, ele se tornou um dos principais artistas a dar um contorno ao movimento.

Trabalhou com diretores como Nelson Pereira dos Santos (em Fome de Amor, de 1968, e Azyllo Muito Louco, de 1969), Arnaldo Jabor (Opinião Pública, de 1967, O Casamento, de 1975, e Tudo Bem, de 1978), e Ruy Guerra (Os Deuses e os Mortos, 1970). A sua habilidade com a câmera na mão chamou a atenção de Glauber Rocha, que o convidou para Terra em Transe (1967).

Trabalhou ainda nos filmes ABC do Amor (1966), de Eduardo Coutinho; Edu, Coração de Ouro (1967), Feminices (2004) e Carreiras (2005), de Domingos Oliveira; Os Herdeiros (1970), Quando o Carnaval Chegar (1972) e Joana Francesa (1973), de Carlos Diegues; Como era Gostoso o Meu Francês (1970), de Nelson Pereira dos Santos; A Lira do Delírio (1973), de Walter Lima Jr.; Pra Frente, Brasil (1981), de Roberto Farias; Harmada, de Maurice Capovilla; Vida e Obra de Ramiro Miguez (2002), de Alvarina Souza Silva; e 500 Almas (2004), de Joel Pizzini.

“Ainda está para ser estabelecida a contribuição de Dib Lutfi para a estética do Cinema Novo”, escreveu no Caderno 2, em 1997, o crítico Luiz Zanin Oricchio. “Em sua origem, era caudatário de um movimento mais amplo, que vinha da nouvelle vague francesa. As câmeras começaram a ser tiradas do tripé e levadas na mão. O cinema precisava, tecnicamente, reproduzir a instabilidade de um mundo em ebulição e transformação rápida.”

Ainda segundo o crítico, Lutfi captou como ninguém essa necessidade do momento histórico e a reciclou com técnica única e pessoal. “Teve a capacidade de administrar essa instabilidade com infinita elegância. Era dotado para inventar os mais inusitados movimentos com a câmera sem que parecesse estar realizando uma proeza física. Não tremia, como constata Paulo Cesar Saraceni. Mas esse não tremer era apenas parte do segredo. “O importante é que Lutfi consegue associar a proeza técnica à uma leveza extraordinária. É só conferir alguns planos de Lira do Delírio, por exemplo. A câmera parece suspensa no ar, mas estranhamente em movimento. Como se o segredo da imponderabilidade tivesse sido descoberto. Ou como se a máquina ficasse lá, pairando, suspensa no nada, amparada apenas pela mão de Deus.”

Dib Lutfi morreu em 26 de outubro de 2016, no Rio de Janeiro. 

(Fonte: http://istoe.com.br – Estadão Conteúdo – CULTURA – 27.10.16)

 

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