David Farrar, ator britânico que tornou os vilões uma especialidade

 

David Farrar (Forest Gate, Londres, 21 de agosto de 1908 – África do Sul, 31 de agosto de 1995), foi um ator britânico cuja aparência sombria e bastante sinistra o ajudou a elevar-se à fama e depois a diminuí-la.

 

Farrar tornou-se conhecido do público americano na década de 1940, em grande parte por causa de seus papéis em dois filmes dirigidos e produzidos por Michael Powell e Emeric Pressburger, “Black Narcissus”, lançado em 1946, e “The Small Back Room”, feito em 1948.

 

No primeiro, considerado pelos amantes do cinema uma obra de rara beleza pictórica e um dos filmes mais eroticamente carregados da época, ele interpretou um agente do governo responsável pela segurança das freiras de convento no Himalaia.

 

No último, ele interpretou um policial destroçador de bombas fisicamente e emocionalmente incapacitado em um papel que mesclava arrogância, constrangimento e vulnerabilidade.

 

Uma revisão de “Black Narcissus” previu, com precisão, que as habilidades de ator de Farrar e “fortes características masculinas” fariam com que os agentes de Hollywood “corressem atrás dele”.

 

Infelizmente, agentes e diretores notaram certa qualidade sarcástica na atuação de Farrar e o consideraram ideal para interpretar vilões. Farrar geralmente se via desempenhando o terceiro papel, atrás de duas estrelas americanas.

 

“O Escudo Negro de Falworth”, em particular, foi uma vergonha para David Farrar. O filme de 1954, com um cenário supostamente medieval, apresentou-o por trás de Tony Curtis e Janet Leigh em um drama que um crítico criticou como “meia-calça e ternos de lata e castelos de gesso e corpetes apertados”.

 

Em 1955, Farrar foi escalado para o papel de John Wayne e Lana Turner em “The Sea Chase”, interpretando o comandante de um navio de guerra.

 

Farrar disse a amigos que se considerava primeiro um ator e depois uma estrela. Ele nasceu em Londres e teve seu primeiro papel no palco aos 12 anos em “Sonho de Uma Noite de Verão”. Ele largou a escola aos 14 anos, trabalhou brevemente para jornais britânicos e depois se dedicou inteiramente à atuação.

 

Sua descoberta veio no filme de 1944 “Meet Sexton Blake”, um thriller de baixo orçamento. Na época em que estrelou “Black Narcissus”, ele era bem conhecido dos cinéfilos americanos e passava grande parte do tempo em Hollywood.

 

David Farrar atuou em muitos outros filmes, geralmente como um vilão e, mais tarde, em participações especiais. Seu último filme foi “The 300 Spartans” em 1962.

 

David Farrar faleceu em 31 de agosto na África do Sul, onde viveu nos últimos anos. Ele tinha 87 anos.

(Fonte: https://www.nytimes.com/1995/09/09/arts – New York Times Company / ARTES / De David Stout – 9 de setembro de 1995)