Claudia Cardinale, atriz italiana que foi agraciada com a Legião de Honra do governo francês.

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Claudia Cardinale, atriz italiana que foi agraciada com a Legião de Honra, a maior honraria do governo francês, por sua contribuição ao cinema mundial. A comenda foi entregue pelo presidente Jacques Chirac no dia 22 de junho de 1999, em Paris.

A atriz italiana Claudia Cardinale, nascida Claude Josephine Rose Cardin, se considera uma mulher de sorte, resultado de uma vida bem vivida e de uma carreira de musa do cinema que começou no fim da década de 1950, quando ganhou um concurso de beleza na Tunísia (seu país de nascimento) e chamou a atenção do produtor italiano Franco Cristaldi.

E que chegou ao auge nas décadas de 1960 e 1970, quando foi estrela e diva de diretores italianos famosos como Luchino Visconti (”O leopardo” e “Vagas estrelas da ursa”), Federico Fellini (“Oito e meio”), Mauro Bolognini (“O belo Antonio”, “Caminho amargo” e “Desejo que atormenta”) e Sergio Leone (“Era uma vez no Oeste”).

Na década de 1960 somente, Claudia Cardinale foi capa de quase 700 revistas em todo o mundo. Transformou um disco em item de colecionador quando, em 1966, sua imagem apareceu num mosaico de fotos dentro do álbum “Blonde on Blonde”, de Bob Dylan, para desaparecer na segunda edição do álbum, em 1968. Em 1965, o famoso escritor e roteirista italiano Alberto Moravia encantou-se com ela, ainda uma desconhecida, e escreveu sua biografia. Segundo Moravia, o livro, traduzido em várias línguas, era “a descrição de um corpo no espaço”.

No lugar de Brigitte Bardot

Os cabelos longos e negros, os seios fartos, o olhar sexy e o sorriso de menina não nublaram o talento de Claudia, a ponto de a atriz francesa Brigitte Bardot, musa do cinema nas décadas de 1950 e 1960, afirmar: “Eu já sei quem está destinada a tomar o meu lugar. Só pode ser uma e somente uma. Afinal, depois do BB vem o CC, não?” Com um detalhe: nunca tirou a roupa, na tela ou fora dela.

— Atuar é exprimir emoções, menos com o corpo e mais com o olhar. E se transformar em outro à frente das câmeras. Na verdade, a primeira crítica feita ao meu trabalho foi incrível, porque foi escrita por ninguém menos que Pier Paolo Pasolini. E ele se referia à maneira como eu estava olhando, nunca de frente, mas sempre de viés. Nunca esqueci isso — conta.

Claudia Cardinale já esteve no Brasil um sem número de vezes, inclusive para filmagens. Em 1967, gravou em favelas do Rio o filme “Uma rosa para todos”, de Franco Rossi, baseado numa peça de Glaucio Gill (“Procura-se uma rosa”). No início da década de 1980, foi para a Amazônia filmar “Fitzcarraldo”, do alemão Werner Herzog.

— “Fitzcarraldo” foi a melhor aventura da minha vida. Às vezes não tinha nada para comer. As condições eram duríssimas. Depois do filme, muita gente enlouqueceu e teve até que ser internada. — conta. — Antes, os filmes não eram calcados apenas em efeitos especiais ou numa edição nervosa. Eram histórias contadas de forma pessoal e a filmagem era realista. Muitas coisas aconteciam de verdade. Quando fizemos “Les pétroleuses”, em 1971, com Brigitte Bardot, a gente realmente saía no tapa para dar um ar de verdade ao filme. Gosto de realidade e na minha carreira sempre fiz filmes baseados em livros importantes, onde a história e a atuação eram maiores que qualquer outra coisa.

A atriz italiana Claudia Cardinale se considera uma mulher de sorte, ela filma três, quatro filmes por ano, em papéis onde se exibe a mulher madura que é. Ou ainda mais velha, como em “O gebo e a sombra”, mais novo filme do diretor português Manoel de Oliveira, que acaba de ser exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e no qual contracena com outra diva do cinema, a francesa Jeanne Moreau (dez anos mais velha que ela), e o ator francês Michael Lonsdale.

(Fonte: Veja, 30 de junho de 1999 – ANO 32 – Nº 26 – Edição nº 1604 – DATAS/LUPA – Pág; 144/145)
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/claudia-cardinale- CULTURA/ Por Gilberto Scofield – 2/11/120

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