Celso Pitta, esteve à frente da Prefeitura de São Paulo de janeiro de 1997 e dezembro de 2000

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Celso Pitta (Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1946 — São Paulo, 20 de novembro de 2009), Político e economista, ex-prefeito de São Paulo.

Celso Pitta esteve à frente da Prefeitura de São Paulo de janeiro de 1997 e dezembro de 2000. O mandato foi marcado por suspeitas de corrupção, com denúncias surgindo em março de 2000, principalmente por parte de sua ex-esposa, Nicéia Camargo. As denuncias envolviam vereadores, subsecretários e secretários – entre as denúncias, está o escândalo dos precatórios.

A assessoria de imprensa do Hospital Sírio-Libanês, a pedido da família de Pitta, afirmou que só poderá passar qualquer informação depois das 10h, horário em que a esposa do ex-prefeito prometeu falar com a imprensa no hospital.

Economista

O primeiro emprego de Pitta foi como contínuo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vindo de uma família classe média do Rio de Janeiro, Pitta é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em economia pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, com curso de Administração Avançada em Harvard, nos Estados Unidos. Trabalhou por muitos anos como executivo de várias empresas. Uma delas, a Eucatex, da família Maluf. Em março de 1987, Pitta foi convidado por Roberto Maluf, irmão do ex-prefeito Paulo Maluf, para ser diretor financeiro da Eucatex. Pitta trabalhou por dez anos na empresa.

Secretário de finanças

Por causa da morte de José Augusto Savasini, Pitta assumira o cargo de secretário municipal das Finanças da gestão de Paulo Maluf (PPB) na prefeitura de São Paulo. Um dos primeiros problemas da administração Pitta/Maluf começou com a compra de 823 toneladas de frango congelado pela Prefeitura. O negócio favorecia as empresas ADoro Alimentícia e Obelisco Agropecuária.

O empresário Fuad Lutfalla, cunhado de Maluf, era dono da ADoro. Sylvia Maluf, mulher do então prefeito Paulo Maluf, era dona da Obelisco. As transações com títulos públicos para pagar precatórios durante a gestão resultaram na obtenção de R$ 2,1 bilhões da União, dos quais R$ 1,8 bilhão não foi destinado a pagar precatórios, como determina a lei, segundo a CPI da Dívida Pública da Câmara Municipal de São Paulo. Essas operações teriam beneficiado corretoras de valores e bancos que participaram de transações, além de particulares e agentes públicos.

Apadrinhado por Maluf

Em 1996, Paulo Maluf lançou seu secretário de finanças como candidato a prefeito de São Paulo. “Se Celso Pitta não for um bom prefeito, não votem mais em mim”, repetiu Maluf na televisão, lendo o script do publicitário Duda Mendonça. Dois anos depois, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, apareceu no vídeo dizendo que, ao contrário do que prometia seu aval, Pitta não estava fazendo um bom governo.

“Pitta me derrotou em 1998, com seqüelas em 2000 (quando perdeu as eleições municipais para Marta Suplicy), mas não conta mais. Apagou de vez. Não tenho mais nenhum relacionamento pessoal com ele. Nem gostaria de ter. Sofri as conseqüências da administração de Pitta, mas ela não pesa mais em 2002. Eu ganho pelo que fiz, outros perdem pelo que deixaram de fazer.” Com essas palavras, Maluf tentou apagar de seu currículo o ex-secretário municipal de Finanças que apoiou em 1996. Foi uma escolha pessoal, com prejuízo de outros pretendentes – entre os quais os também secretários Paulo Roberto Richter e Reynaldo de Barros -, mas com a chancela de Calim Eid, seu braço direito e conselheiro político.

Prefeito

Eleito com 3.178.330 votos em 15 de novembro de 1996, 57,37% do total, Pitta assumiu o cargo com 73% dos paulistanos esperando que a cidade estaria melhor do que no último ano de governo de Paulo Maluf. Com uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão herdada de seu antecessor e alvo de denúncias de irregularidade na emissão e colocação dos Títulos Públicos de São Paulo no mercado financeiro, o prefeito de São Paulo cortou a verba de investimentos, serviços e manutenção da cidade para tentar controlar a crise financeira. O resultado dessa decisão administrativa foi o acúmulo de lixo nas ruas, calçadas, parques públicos e a invasão do mato sobre as praças e jardins.

Processos

Pitta já havia sido condenado em 1ª instância a 4 anos e 4 meses de prisão pela emissão irregular de precatórios quando ainda era secretário de Finanças de Paulo Maluf. A gestão Pitta ainda ficou marcada pela Máfia dos Fiscais, esquema de extorsão a donos de imóveis e ambulantes, que levou à cassação de dois vereadores. Ainda surgiram denúncias de desvios no Plano de Atendimento à Saúde (PAS), nomeação de fantasmas no governo e irregularidades com empresas de lixo. Pitta foi afastado do cargo por 19 dias em 2000, acusado de usar a Prefeitura para beneficiar empresário que lhe emprestou dinheiro. Ele foi reconduzido pela Justiça. Não tentou reeleição e fracassou na campanha a deputado federal.

Casamento

As controvérsias entre o ex-prefeito e sua ex-mulher, Niceia Camargo, tiveram início após a separação do casal, em 1999. Insatisfeita com a quantia supostamente oferecida pelo ex-prefeito em uma espécie de acordo de separação, a ex-primeira dama acusou Pitta de comprar parlamentares da Câmara dos Vereadores para encerrar uma CPI que poderia terminar com um processo de impeachment.

Três anos depois, em 2003, durante depoimento à CPI do Banestado, ela disse que Pitta recebeu propina quando era prefeito e enviou recursos ilegalmente ao exterior. Outro imbróglio entre o casal ocorreu quando Pitta foi condenado a pagar uma dívida de R$ 100 mil a Nicea referente a cinco meses de pensão alimentícia atrasada.

Neste último episódio, o ex-prefeito não foi encontrado pela polícia e foi considerado foragido por uma semana. Durante este período, Niceia não poupou esforços para constranger o ex-prefeito: primeiro, ofereceu R$ 1 mil para quem apresentasse informações que levassem à sua prisão. Depois, ameaçou usar dois algozes do ex-prefeito – o mentor da operação Satiagraha, Protógenes Queiroz, e o promotor Silvio Marques, que move ação por improbidade contra Pitta – para provar que ele tinha condições de quitar sua dívida.
Por falta de pagamento, Pitta começou a cumprir prisão domiciliar em abril após determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele havia recorrido da decisão anterior, de prisão comum, alegando que estava com câncer e precisava de tratamento.

Operação Satiagraha

Pitta foi preso em julho durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, acusado de envolvimento em crimes financeiros, assim como Daniel Dantas e Naji Nahas. Todos foram libertados alguns dias depois. Ele é acusado de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, falsidade ideológica, fraude na administração de sociedade anônima e formação de quadrilha.

Segundo a PF, Pitta era sócio de Nahas e mantinha contas no exterior com dinheiro desviados de obras públicas durante seu mandato. Depois, esse dinheiro voltava para o Brasil através de doleiros. A defesa do ex-prefeito nega que ele tenha cometido qualquer um dos crimes.

Celso Pitta faleceu, aos 63 anos, em 20 de novembro de 2009. Ele vinha lutando contra um câncer e estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.

O estado de saúde de Pitta se agravou muito nos últimos dias e o quadro já estava irreversível. No dia 24 de janeiro, o ex-prefeito passou por uma cirurgia no mesmo hospital para retirada de um tumor no intestino. Os médicos responsáveis pela equipe que tratava do ex-prefeito eram Raul Cutait e Paulo Hoff, os mesmo que cuidam da saúde do vice-presidente José Alencar. A esposa de Pitta, Rony Golabeck, passou a madrugada no hospital.

(Fonte: www.estadao.com.br – Ricardo Valota, da Central de Notícias/ Chiara Quintão, da Agência Estado – SÃO PAULO – NACIONAL/ Política – 21 de novembro de 2009)

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