Carlos Filho, foi autor de mais de 300 capas de disco da MPB, entre elas de Milton Nascimento e do Clube da Esquina

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O artista plástico Cafi, foi autor de mais de 300 capas de disco da MPB

 

 

O fotógrafo Carlos Filho, conhecido com Cafi, em 2011 (Foto: Ana Branco / Agência O Globo)

 

 

 

Responsável por capas icônicas de discos da MPB

 

 

Artista foi autor de mais de 300 capas de discos, entre elas de Milton Nascimento e do Clube da Esquina

 

 

Carlos da Silva Assunção Filho (Recife, 1950 – Rio de Janeiro, 1º de janeiro de 2019), fotógrafo e artista plástico pernambucano mais conhecido como Cafi, produziu, entre as décadas de 70 e 90, mais de 260 capas de discos artistas e bandas brasileiras.

 

O artista ficou marcado por registrar algumas das principais capas de discos da MPB entre as décadas de 1970 e 1990.

 

 

Cafi, cujo nome verdadeiro era Carlos da Silva Assunção Filho, nasceu no Recife e assinou várias capas de discos de conhecidos cantores brasileiros, entre eles Milton Nascimento, como Minas e Clube da Esquina (no último, destacam-se as imagens de dois meninos, um negro e um branco).

 

 

Filho de uma tradicional família pernambucana, ele conheceu o músico mineiro e seus parceiros (Ronaldo Bastos) em 1968. Com Ronaldo Bastos, Cafi fundou o grupo Nuvem Cigana nos anos 1970 e foi muito atuante como artista gráfico, tendo assinado mais de três centenas de capas para discos de músicos brasileiros e estrangeiros.

 

São suas obras, por exemplo, capas do Clube da Esquina (1 e 2); Geraes, Minas, Milagre dos Peixes, (Milton Nascimento); Vai Passar e Cio da Terra (Chico Buarque); Vento Bravo (Edu Lobo); e outras de Beto Guedes; Geraldo Azevedo; Nana Caymmi; Toninho Horta; Fagner; Sarah Vaughan; Francis Hime; Jards Macalé; Turibio Santos; Cristina Buarque; Lô Borges; Blitz; Alceu Valença etc.

 

 

Autor de mais de 300 capas de discos da música brasileira, Cafi estudou gravura e pintura na Escolinha de Arte do Brasil. Após se mudar para o Rio, ainda na adolescência, começou a pintar cenas do Nordeste. O interesse pela fotografia surgiu após receber de presente das irmãs uma câmera, para que fotografasse seus quadros.

 

 

Entre as décadas de 1970 e 1990, Cafi especializou-se em fotografar capas de disco. A primeira foi para Marlene, a convite de Hermínio Bello de Carvalho. Cafi assinou a “vitrine” de “É a maior” (1970) com Carlos Filho. É dele a icônica capa do disco “Clube da esquina”, de 1972, fruto da parceria de Milton Nascimento com Lô Borges. Ainda para Milton Nascimento, fez as capas de  “Geraes” (1976), “Minas” (1975) e “Milagre dos Peixes” (1973).

 

 

Outro marco é a capa para o disco solo de Lô Borges de 1972, que ficou conhecido como “o disco do tênis”. Sobre ela, Cafi contava que chegou a levar uma bronca do diretor artístico da gravadora Odeon. “Levei um pito do genial Milton Moreira pois já tinha feito (a capa do) ‘Clube da esquina’, que não tinha letreiro (o nome) dos artistas (…) Daí cheguei com os tênis e ele disse que eu era maluco, porque além de tudo eram tênis velhos. Hoje é a capa do disco do tênis”.

Nascido no Recife em 1950, em Pernambuco, Cafi também trabalhou com Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Azevedo, Nana Caymmi, Jards Macalé e Alceu Valença, entre outros.

 

 

— Fotografar era um encontro com o outro, porque uma foto nunca é só de quem tem a câmera, é também de quem está do outro lado. Pintar era uma experiência solitária. E a fotografia também era uma maneira de trazer Recife para o Rio. Ia para lá, fotografava e voltava. Coisas como o maracatu, que registrei por 40 anos e que, quando comecei, ninguém no Recife sabia o que era — contou Cafi em entrevista ao GLOBO em 2011.

 

 

Fundador do Nuvem Cigana

 

 

Cafi ainda foi um dos fundadores do coletivo Nuvem Cigana, que renovou a poesia nos anos 1970. Além disso, foi parte importante da história do Circo Voador, com participação no jornal Expresso Voador e como fundador galeria de artes do circo, a Galeria das Artes.

 

A obra de Cafi é tema do documentário inédito “Salve o prazer”, do cineasta pernambucano Lírio Ferreira, que tem roteiro do próprio fotógrafo. Entre os últimos trabalhos de Cafi, está o ensaio “Religiosidade profana no asfalto do Rio de Janeiro”, com imagens do carnaval de rua.

 

 

Para a coreógrafa Deborah Colker, que foi casada com Cafi por dez anos, o fotógrafo era “um gigante”.

 

 

— Eu sou a pessoa artística que sou porque tive a sorte desse encontro, de ter sido casada com ele. Era um cara que percebia uma situação e a transformava numa potência criativa. Sair com o Cafi para dar um passeio na esquina era perceber o mundo de uma outra maneira.  Ele foi um dos primeiros a perceber a força do maracatu no interior de Pernambuco. E fez tantas capas de disco sensacionais. A fotografia dele determinou uma época e o movimento musical de Minas Gerais — recordou Deborah, que trabalhou ao lado de  Cafi pela última vez no espetáculo “Cão sem plumas”, adaptação do poema homônimo do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), em 2017.

Filho de Cafi e Deborah, o artista Miguel Colker define o pai como um “poeta visual”.

 

 

— Um poeta visual que não gostava só de ver as coisas, mas de viver. Quem conhece meu pai sabe que ele sempre viveu intensamente. Também sempre soube transitar muito bem em diferentes tipos de arte. Teve um trabalho de grande valor com capas de disco, e depois com exposições — afirmou.

 

Cafi sofreu um infarto durante a virada do ano no Arpoador. O fotógrafo foi levado ao hospital Miguel Couto, mas não resistiu.

 

Para o fotógrafo e colunista do GLOBO Léo Aversa, Cafi foi um “mestre” para a sua geração.

 

— Não era apenas um executor de ideias. Ele ouvia o disco e pensava em como traduzir aquilo em imagens. Como a história daqueles dois meninos da capa do “Clube da esquina”, não existe exemplo melhor. Não era só uma coisa de foto bonita, sempre tinha um conceito — relembrou Aversa, que estava trabalhando com Cafi na capa do próximo disco de Jards Macalé.

 

 

— Anteontem (dia 30) mesmo ele me mandou duas ideias que teve. Éramos vizinhos, Jards, ele e eu, então quando fui convidado para fazer esta capa tive a ideia de chamá-lo, porque é minha maior referência para esse tipo de trabalho. Foi uma honra, porque além de tudo ele era uma pessoa fantástica.

Carlos Filho faleceu aos 68 anos, em 1º de janeiro de 2019, no Rio de Janeiro.

Cafi sofreu um infarto enquanto passava a virada do ano na Praia do Arpoador, na Zona Sul da cidade. Cafi chegou a ser socorrido, ainda na areia, e depois foi levado ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/musica – CULTURA / MÚSICA / Por O Globo – 01/01/2019)

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/01/01 – RIO DE JANEIRO / NOTÍCIA / Por Nicolás Satriano, G1 Rio – 01/01/2019)

(Fonte: https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/01/01 – ENTRETÊ – ENTRETENIMENTO / Por Rodolfo Vicentini Do UOL, em São Paulo – 01/01/2019)

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