Cândido da Costa Aragão, almirante promovido pelo presidente João Figueiredo

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Aragão: apoio a Jango, exílio e anistia

Almirante das esquerdas

Cândido da Costa Aragão (Paraíba, atual João Pessoa, 4 de setembro de 1907 – Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1998), almirante promovido pelo presidente João Figueiredo. Durante o golpe de 1964, quando era vice-almirante, Aragão se destacou pela lealdade ao presidente deposto, João Goulart.

 

Era o dia 1º de abril e o golpe acabava de estourar quando, em uma emissora de rádio carioca, Aragão foi surpreendido por uma mensagem: “Aragão, covarde, incestuoso, venha decidir comigo essa parada! Quero matá-lo com meu revólver!” A voz era do então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, em resposta aos boatos — nunca confirmados — de que o vice-almirante preparava uma invasão ao Palácio Guanabara, sede do governo carioca.

 

Lacerda era um dos principais articuladores do movimento militar. Consolidado o golpe, Aragão virou persona non grata no novo governo. Foi transferido para a reserva e teve os direitos políticos cassados por dez anos. Ficou quatro meses na cadeia e depois partiu para o exílio, onde permaneceu por quinze anos. Voltou após a Lei da Anistia, em 1979. Foi promovido a almirante pelo presidente João Figueiredo.

O almirante Aragão morreu no dia 11 de novembro de 1998, no Rio de Janeiro, aos 91 anos, de insuficiência respiratória e septicemia.
(Fonte: Veja, 18 de novembro de 1998 – Edição 1573 – ANO 31 – N° 46 – DATAS/LUPA – Pág; 41)

 

 

 

 

 

 

 

 

Cândido da Costa Aragão, nasceu no dia 4 de setembro de 1907, em Paraíba (atual João Pessoa), filho de Manuel Virgílio Aragão e de Maria da Costa Aragão.

Começando como soldado, depois de fazer alguns cursos e exercer alguns comandos, chegou a capitão-tenente em 1938. Comandante militar da ilha de Trindade em 1944, em 1948 cursou a Escola de Guerra Naval. Devido a problemas disciplinares, foi reformado no posto de capitão-de-corveta em outubro de 1949. Permaneceu afastado da carreira militar até abril de 1955, quando retornou ao serviço ativo. Promovido a vice-almirante em 1963, naquele mesmo ano assumiu o comando-geral do Corpo de Fuzileiros Navais. Nesse cargo, teve destacada atuação nos acontecimentos que precederam a derrubada do presidente João Goulart.

Em 13 de março de 1964, realizou-se no Rio de Janeiro, o Comício das Reformas, presidido por Goulart, em favor das reformas de base. Logo após, a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil manifestou seu apoio ao governo, prestando homenagem aos trabalhadores da Petrobras pelo ato presidencial que encampava as refinarias particulares. O ministro da Marinha, almirante Sílvio Mota, qualificou a iniciativa como transgressão disciplinar e ameaçou punir os que dele participaram. O clima de tensão se agravou no dia 24, quando Mota ordenou a prisão dos diretores da entidade. Em resposta, cerca de dois mil praças da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais reuniram-se no Sindicato dos Metalúrgicos, na noite de 25 de março, para comemorar o segundo aniversário da associação. Cândido Aragão foi uma das autoridades escaladas para discursar. No dia seguinte, os marinheiros rebelados se entrincheiraram no Sindicato dos Metalúrgicos, dispostos a resistir a cerca de quinhentos soldados do Exército que aguardavam ordem do ministro da Marinha para invadir o prédio. Afastado do comando do Corpo de Fuzileiros Navais, Aragão recebeu ordem de prisão.

Nesse mesmo dia, Goulart enviou mediadores para negociar a rendição dos revoltosos. Os rebeldes se renderam e foram presos em unidades militares. Considerando-se desprestigiado, Sílvio Mota demitiu-se. O novo ministro, almirante Paulo Mário Rodrigues, determinou a imediata libertação dos detidos. Em 27 de março, Aragão foi homenageado por sua recondução ao comando do Corpo de Fuzileiros Navais, ganhando destaque no noticiário o fato de ele ter sido carregado nos ombros de marinheiros e fuzileiros navais que haviam participado da rebelião. Seu nome voltou a ser manchete por ocasião da festa promovida pela Associação dos Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar. Realizado na sede do Automóvel Clube em 30 de março, o evento contou com a sua presença, como convidado de honra, além da do próprio presidente da República.

Esse ato teve grande repercussão no país e serviu de estopim para o golpe militar de 31 de março, que depôs Goulart. Aragão foi preso e conduzido à fortaleza de Lajes, onde permaneceu incomunicável durante quatro meses. Devido aos maus-tratos que recebeu na prisão, ficou cego de um olho. Em 14 de abril, foi transferido para a reserva pelo Ato Institucional nº 1, e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Em 6 de agosto foi solto, devido à concessão de habeas-corpus pelo Superior Tribunal Militar e em seguida asilou-se na embaixada do Uruguai.

Durante os seus 15 anos de exílio, Aragão viveu em diversos países, tendo regressado ao Brasil em outubro de 1979. Embora a Lei de Anistia já tivesse sido promulgada, foi preso ao desembarcar Rio de Janeiro, permanecendo detido por 49 dias. Citado em diversos processos, foi finalmente absolvido de todas as acusações em de 1981.

Faleceu no dia 11 de novembro de 1998, no Rio de Janeiro.

Casou-se em primeiras núpcias com Naide Pereira Aragão, com quem teve três filhos e, em segundas núpcias, com Aldalina Bobadilla.

[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]

(Fonte: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango – A trajetória política de João Goulart)

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