AS ORTOGRAFIAS DO PORTUGUÊS

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AS ORTOGRAFIAS DO PORTUGUÊS

Saiba como evoluiu a forma de registrar por escrito a língua portuguesa:

OS PRIMÓRDIOS
Entre os séculos XIII e XVI, procurava-se aproximar ao máximo a grafia da pronúncia. Não existiam regras fixas. Por essa razão, os textos antigos apresentavam incongruências.
Conviviam, para a mesma palavra, grafias como “guerra” e “gera”. Nos anos 1200 já eram usadas formas como o “ch” (Sancho), o “nh” (ganhar) e o “lh” (velho). Havia uma série de particularidades, como o uso do “h” com valor de “i” (“sabha”, em vez de “sabia”).

INFLUÊNCIA ETIMOLÓGICA
A partir do século XVI, com a difusão do sentimento renascentista, passou-se a valorizar a etimologia na forma de escrever as palavras. Buscava-se uma aproximação com as raízes gregas e latinas do idioma. Difundiram-se formas como o “ch” (archaico), o “ph” e o “th” (orthographia), o “rh” (rhetórica) e o “gn” (assignatura).

A REFORMA PORTUGUESA DE 1911
Proclamada a República em Portugal, o país promoveu uma reforma profunda para simplificar sua ortografia, o que acentuou as diferenças em relação ao Brasil. Essa reforma reaproximava a forma escrita do idioma e a pronúncia. Foram eliminadas consoantes duplas e formas etimológicas como “ph”, “th” e “rh”.

TENTATIVA DE CONVERGÊNCIA
A partir de 1924, brasileiros e portugueses discutiram a unificação da ortografia. Esse processo culminou com um Acordo Ortográfico entre os dois países, em 1945. Os portugueses transformaram-no em lei, mas o Congresso Brasileiro nunca o ratificou, mantendo o divórcio entre a ortografia praticada nas duas margens do Atlântico.

A REFORMA BRASILEIRA DE 1943
No longo processo de discussão com os portugueses, a Academia Brasileira de Letras havia publicado em 1943 um Formulário Ortográfico que revia a ortografia da língua. Essa passou a ser, a partir daquele ano, a forma oficial no Brasil. Além de simplificar a grafia, o formulário instituiu acentos diferenciais em palavras como “gêlo”, “almôço” e “pôrto”, para diferenciá-las dos verbos “gelo”, “almoço” e “porto”.

NOVA REFORMA EM 1971
Em 1971, os brasileiros fizeram nova mudança, que eliminou 70% da diferença de grafia com os portugueses. Aboliram-se cincunflexos diferenciais (deixaram de existir formas como “sêde” e “gêlo”) e acentos subtônicos (como em “sómente”, “pézinho”).

O ACORDO DE 1990
Em 1990, Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe assinaram um Acordo Ortográfico para unificar a escrita da língua. A esse grupo uniu-se, em 2004, o recém-independente Timor. Ficou estabelecido que, para entrar em vigor,o acordo precisaria ser ratificado por todos os países, o que não aconteceu até a data prevista, 1994.

MUDANÇA NAS REGRAS
Em 2004, um Protocolo Modificativo estabeleceu que bastaria três países ratificarem o acordo para ele ser adotado em seus respectivos territórios.
Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006) o fizeram.
As novas regras podiam ser adotadas, mas tomou-se a decisão de esperar por Portugal.

MUDANÇA PARA VALER
Em maio de 2008, o parlamento português finalmente ratificou o acordo.
Com isso, o Brasil se antecipou e preparou a implantação das novas regras a partir de 1° de janeiro de 2009.
Portugal ainda não anunciou uma data, mas o ministro dos Negócios Exteriores disse em julho, que 2011 deve marcar o início da adoção. Os demais países lusófonos ainda não definiram um cronograma.

(Fonte: Zero Hora – Ano 45 – Geral – As Ortografias do Português/Por Itamar Melo – Pág; 28/29)

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