Arthur Sulzbeger, ex-editor e diretor executivo do jornal The New York Times

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Ex-editor do ‘The New York Times’

 

 

 

Arthur O. Sulzberger

Ex-editor do NY Times, Arthur Sulzberger (Burk Uzzle/The New York Times/AFP/VEJA)

 

 

 

Nos 34 anos em que esteve à frente da publicação, ele liderou importantes mudanças no jornal, cuja tinta está no sangue de sua família há quatro gerações

 

Arthur Ochs Sulzberger (5 de fevereiro de 1926 – Southampton, Nova York, 29 de setembro de 2012), ex-editor e diretor executivo do jornal The New York Times, personagem da evolução de uma das mais prestigiadas publicações americanas.

O ex-editor e presidente do “The New York Times”, levou o jornal a novos níveis de influência e lucro em meio a alguns dos momentos mais importantes do jornalismo no século XX, era pai do atual editor e presidente-executivo da “Times Company”, Arthur Ochs Sulzberger Jr., que atendia pelo apelido de “Punch” e serviu na Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial antes de se juntar ao “Times” como repórter.

O executivo Arthur Sulzberger passou o cargo de editor para o seu filho, Arthur Sulzberger Jr., em 1992, e permaneceu como chairman até 1997, quando também passou a posição ao filho. Durante três décadas de liderança no jornal, o “NYT” ganhou 31 prêmios Pulitzer e publicou o Pentagon Papers, entre outra vitórias.

Durante sua passagem pelo jornal, iniciou uma edição nacional, comprou as suas primeiras impressoras a cores e introduziu populares e lucrativas novas seções abordando gastronomia, ciência e diversão. Sulzberger ajudou a companhia a obter estabilidade financeira incorporando também outros jornais, revistas, TVs, rádios e empresas de mídia eletrônica.

Sulzberger era o único neto de Adolph S. Ochs (1858-1935), filho de imigrantes, que comprou o jornal em 1896, a assumir o NYT e o transformou no jornal mais influente do país. A família mantém participação no grupo, em ações Classe B, que têm o direito de voto mais poderoso na companhia. Arthur Sulzberger assumiu a liderança do jornal americano em 1963, aos 37 anos, após ocupar cargos menores por oito anos no grupo de mídia. Seu cunhado, Orvil E. Dryfoos (1912-1963), publisher do jornal desde 1961, morrera um pouco antes de ataque cardíaco após uma greve de 114 dias na empresa, e a escolha de seu nome enfrentou resistência na família. Nas discussões, havia ressalvas não apenas por sua falta de experiência num cargo executivo como também por sua dislexia. Em seu primeiro dia de trabalho, Sulzberger ficou em “estado de choque”, como ele mesmo revelou anos mais tarde, já depois de ter transformado o jornal num império de mídia bilionário:

 

— Minha irmã Ruth me ligou depois do meu primeiro dia como publisher e me perguntou como foi. E eu disse, “Tomei minha primeira decisão como executivo. Decidi não renunciar”.

Na época, seu principal diário já tinha o status que exibe hoje: respeitado e influente, capaz de definir a agenda nacional. No entanto, estava em uma situação financeira periclitante. Desde que havia sido comprado por seu avô, o jornal fundado em 1851 tinha administração com características de um negócio familiar. Apontado por muitos como um visionário, Sulzberger imprimiu mais profissionalismo na gestão da empresa, criou novos produtos, diversificou o público leitor e liderou a transição da era do linotipo para a mídia digital.

Hoje, o “NYT” é distribuído de costa a costa nos EUA e integra um conglomerado que reúne jornais, revistas, televisão, emissora de rádio e sites. A expansão refletiu a crença do executivo de que uma organização de mídia, acima de tudo, tem de ser lucrativa se quiser manter sua voz vibrante e independente. Como John Akers (1934-2014), ex-presidente da IBM e que por anos ocupou uma cadeira no Conselho de Administração da New York Times Company diz: “Fazer dinheiro, de modo que você possa continuar a fazer bom jornalismo, sempre foi uma parte fundamental do pensamento dele”.

Bom jornalismo é algo que a equipe de Sulzberger sabia fazer. Ao longo de sua gestão no “NYT”, o jornal ganhou 31 prêmios Pulitzer, quase um por ano. O Pulitzer é o mais famoso prêmio do setor nos EUA. Durante esse período, o jornal também ganhou importantes brigas em prol da liberdade de imprensa.

 

 

 

Executivo fazia questão de seu crachá

 

 

Uma delas foi em 1971, quando o “NYT” publicou os Papéis do Pentágono, uma série de reportagens sobre a polêmica atuação do governo americano na guerra do Vietnã. O então presidente Richard Nixon exigiu que o jornal suspendesse a publicação em nome da segurança nacional. Citando a Primeira Emenda (trecho da Constituição americana que trata da liberdade de expressão), ele se negou a seguir as ordens e conseguiu que a Corte Suprema se pronunciasse a seu favor.

 

Sulzberger nasceu em fevereiro de 1926. Mais novo de quatro irmãos, formou-se em Inglês na Universidade de Columbia, mas foi no jornalismo que fez carreira. Passou a maior parte de sua vida profissional no “Times”, onde começou como repórter de notícias cotidianas e alcançou o posto de correspondente em Paris, Roma e Londres. Antes, passou pelo “Milwaukee Journal” e serviu na Marinha.

Apesar de ter sido o mais novo publisher a assumir o jornal, aos 37 anos, foi classificado pelo jornal concorrente “The Wall Street Journal”, como “o mais preeminente publisher de sua era”.

 

Sulzberger, cuja família comprou o Times em 1896, era conhecido pelo seu apelido de infância, Punch, ele se tornou publisher (editor) do Times em 1963 e passou o posto para o filho, Arthur Sulzberger Jr., em 1992. Ele ficou como chairman até 1997, quando passou a posição ao filho.

Sulzberger ajudou a companhia a obter estabilidade financeira e distribuição nacional, assim como a incorporar outros jornais, revistas, TVs, rádios e mídia eletrônica.

Durante o comando de Sulzberger, o Times ganhou 31 prêmios Pulitzer.

Durante 34 anos, Sulzberger dirigiu o NYT após assumir como chefe de redação em 1963. Na época, apesar de influente, o jornal estava em situação financeira precária. Nos anos 90, Sulzberger foi abandonando aos poucos a direção. Entre as mudanças que promoveu, está a compra de um parque gráfico bilionário, que viabilizou a criação de uma edição nacional e de edições especiais regionais, além do uso diário de fotografias e de infográficos coloridos.

Sua vida pessoal também se confundia com o dia a dia na redação. Sulzberger teve um caso com uma repórter do “NYT”, Lilian Alexanderson, com quem teve um filho. Inicialmente, negou a paternidade, mas após um exame de DNA, Sulzberger assumiu o filho. O executivo teve mais quatro filhos de três casamentos.

Amável e extremamente reservado, Sulzberger não abusava de seu poder, afirmam seus funcionários. Um exemplo disso é que, toda manhã, quando chegava ao prédio do “NYT”, fazia questão de apresentar na portaria seu crachá, como qualquer outro funcionário.

Com uma relação quase umbilical com o “New York Times”, Sulzberger foi se afastando dos negócios aos poucos. Em 1992, foi substituído por seu filho Arthur Ochs Sulzberger Jr. como publisher do “NYT”. Em 1997, também deixou a presidência da New York Company, mas manteve voz ativa na administração até 2002, quando se despediu do Conselho da empresa.

Arthur Sulzbeger morreu em 29 de setembro de 2012, aos 86 anos, em Southampton, Nova York. O executivo estava doente havia algum tempo.

“Acima de tudo, ele elevou a qualidade do produto até um nível totalmente novo”, disse Katharine Graham, ex-presidente do “The Washington Post”, já falecida, quando Sulzberger se afastou em 1992.

Quando ela morreu, em 2001, ele devolveu o elogio, dizendo que ela “usou sua inteligência e coragem para transformar o jornalismo americano”.

“O antigo capitão nunca desistiu de uma briga e era uma absoluto e feroz defensor da imprensa”, disse Arthur Ochs Sulzberger Jr, sobre seu pai. O presidente Barack Obama também exortou a importância do executivo para a mídia. “Ele acreditava firmemente na importância da imprensa livre e independente. Não tinha medo de perseguir a verdade e contar as histórias que precisavam ser contadas”, disse Obama, em nota.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/economia – ECONOMIA / POR AP – NOVA YORK – 29/09/2012)

(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – TRIBUTO / MEMÓRIA – 29 de setembro de 2012)
(Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias – NEGÓCIOS – NOTÍCIAS – 29/09/2012)

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