Antonio Tejero Molina, ex-tenente-coronel da Guarda Civil espanhola.

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A fracassada tentativa de golpe do coronel Tejero Molina assustou a Espanha e o processo de abertura

Antonio Tejero Molina, ex-tenente-coronel da Guarda Civil espanhola. Líder de uma tentativa de golpe de Estado ultradireita, em 23 de fevereiro de 1981, ele invadiu o Parlamento espanhol atirando e fez vários reféns. Tejero Molina que desde 1993, ia ao presídio apenas para dormir, obteve a liberdade condicional em 3 de dezembro de 1996, em Madri, depois de cumprir metade de sua pena de trinta anos.
(Fonte: Veja, 11 de dezembro de 1996 – ANO 29 – N° 50 – Edição n° 1474 – DATAS – Pág; 122)

Os órfãos de Franco

A invasão do Congresso espanhol foi tragicômica. As ramificações da tentativa de golpe de Estado, contudo, são ousadas e sérias

Vestido com o uniforme de tenente-coronel da Guarda Civil espanhola, a poderosa organização policial do país, envergando o célebre quépi tricorne da corporação e com uma pistola na mão, Antonio Tejero Molina subiu à tribuna do Parlamento da Espanha em Madri. “Todos ao chão, disse ele, cerimoniosamente, a um surpreso plenário. Rápido, todos ao chão.” Alguns vacilaram, mas logo uma dúzia de tiros para o ar convenceu os indecisos.

Começou assim, com 350 parlamentares e todos os dezesseis membros do governo da Espanha sob a mira de um indivíduo desconcertante, uma bizarra mas assustadora tentativa de golpe de Estado na Espanha, cinco anos após a morte do generalíssimo Francisco Franco e da liquidação de sua ditadura.

Os deputados espanhóis estavam aprovando a indicação do novo primeiro-ministro Leopoldo Calvo Sotelo. Ao meio dia de 24 de fevereiro estava tudo terminado. Não houve mortos nem feridos. Os reféns foram soltos, Tejero entregou-se, e os principais inspiradores do golpe de mão foram destituídos ou presos: além de 23 outros oficiais de alta patente, o general Jaime Miláns del Bosch y Ussia, da região militar de Valencia, dotada de blindados e de uma base de aviões “Mirage”, o general Alfonso Armada Comyn, vice-chefe do Estado-Maior do Exército.

A rapidez com que fracassou a tentativa de golpe deu à conspiração contornos de farsa. Mas logo ficou claro que o golpe tinha ramificações substanciais, incluindo pelo menos três dos generais de quatro estrelas que comandam as nove regiões militares da Espanha. A figura principal e grande surpresa da rebelião foi o general Alfonso Armada, destinado a presidir a junta golpista. Por 26 anos, ele esteve ao lado do rei Juan Carlos I – primeiro como seu instrutor militar e a seguir como secretário da Casa Real. Durante a longa noite, Armada – cuja função essencial seria a de convencer o rei a liderar o movimento – telefonou em vão a Juan Carlos oferecendo-se para ir ao Palácio de la Zarzuela. O monarca não o deixou sequer entrar.

(Fonte: Veja, 4 de março de 1981 – Edição n° 652 – INTERNACIONAL/ Por Marco Antônio de Rezende, de Madri – Pág; 20/21)

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