Antonin Artaud, escritor, ator, dramaturgo, poeta maldito e visionário.

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Antonin Artaud (Marselha, 4 de setembro de 1896 – Paris, 4 de março de 1948), poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro francês.

Com forte aspirações anarquistas foi ligado fortemente ao surrealismo, foi expulso do movimento por ser contrário a filiação ao partido comunista.

Sua obra O Teatro e seu Duplo é um dos principais escritos sobre a arte do teatro no século 20, referência de grandes diretores como Peter Brook, Jerzy Grotowski e Eugenio Barba.

Antonin Artaud nasceu no dia 4 de setembro de 1896, em Marselha, e morreu em março de 1948, influenciou toda a contracultura dos anos 60.

O seu trabalho inclui poemas em prosa e verso, roteiros de cinema, diversas peças de teatro, inclusive uma ópera, ensaios sobre cinema, pintura e literatura, notas e manifestos polêmicos sobre teatro, notas sobre projetos não realizados, um monólogo dramático escrito para rádio, ensaios sobre o ritual do peyote entre os índios Tarahumara, aparições como ator em dois grandes filmes e outros menores, e centenas de cartas que são a sua forma mais dramática de expressão. Nunca, em qualquer tempo, um escritor se mutilou tanto escrevendo na primeira pessoa, como em suas cartas.

Profeticamente leu e experimentou na década de 20 tudo aquilo que faria a cabeça da contracultura ocidental na década de 60, como o Livro Tibetano dos Mortos, livros de misticismo, psiquiatria, antropologia, tarô, astrologia, Yoga e acupuntura.

Atormentado, louco, sensível, romântico, era um homem complicado e costumava andar sozinho. Aos 15 anos começou a tomar ópio para aliviar suas terríveis dores de cabeça, depois teve crises de depressão, passou por sanatórios e nunca mais conseguiu se livrar da droga.

Freqüentou os bares de Paris durante a grande festa da geração perdida nos anos 20 e 30, mas não badalava, costumava se sentar no balcão só. Sentia-se feliz em seu mundo de alucinações.

Escritor, ator, dramaturgo, poeta maldito e visionário, nos anos 30 concebeu um teatro onde não haveria nenhuma distância entre ator e plateia, todo seriam atores e todos fariam parte do processo, ao mesmo tempo.

Queria devolver ao teatro a mágica e o poder do contágio. Queria que as pessoas despertassem para o fervor, para o êxtase. Sem diálogo, sem análise. O contágio estabelecido pelo estado de êxtase. Uma vez abolido o palco, o ritual ocuparia o centro da platéia.

Esse era o Teatro da Crueldade de Artaud, que tem um pouco a ver com uma concepção romântica da Web dos primeiros dias, da eliminação das distâncias e da democratização da informação.

(Naquele tempo pré-software os artistas era os visionários e intelectuais da época. Hoje eles foram substituídos por cientistas, biólogos, historiadores – o que me parece até razoável num tempo em que o software, biogenética, inteligência artificial, ciência cognitiva, etc., passam a ocupar um espaço tão grande).

Artaud foi encontrado morto em 4 de março de 1948, em seu quarto do hospício de Ivry, bairro de Paris. Estava aos pés da cama com um sapato na mão.

Depois da morte passou a ser festejado como o homem que fez explodir os limites da vanguarda ocidental e até hoje ninguém o superou em seus conceitos e em sua loucura. A mesma violência agressiva que o prejudicou e o afastou de seu tempo produziu o sucesso póstumo de suas idéias e sua atual influência no teatro contemporâneo.

Porque será que alguém tão louco e tão distante de seu tempo, conseguiu influenciar toda a criação artística, filosófica e intelectual deste século e ainda hoje é um dos maiores referenciais para a atividade criadora ?

Possivelmente porque da complexidade de seu trabalho e de sua vida não restaram apenas obras de arte, mas uma presença singular, uma poética social, uma estética do pensamento, uma teologia da cultura, uma fenomenologia do sofrimento e principalmente um grande desconforto no pensamento contemporâneo.

(Fonte: http://quattro.com.br/passage/artaud – Alex Nabuco, 25 de agosto de 1996)
(Fonte: Veja, 3 de dezembro de 1980 – Edição nº 639 – LIVROS/ Por Caio Fernando Abreu – Pág; 113)

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