André Gunder Frank, economista alemão, doutorado em Economia na Universidade de Chicago em 1957

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Um dos formuladores da “teoria da dependência”, teve divergências com FHC 

 

Maio de 2002, Riverside, CA: Economia Política da Reunião do Sistema Mundial. Da esquerda para a direita: Stephen K. Sankderson, Thomas D. Hall, Christopher Chase-Dunn, Andre Gunder Frank (The Róbinson Rojas Archive / Reprodução)

 

Andre Gunder Frank (Berlim, 24 de fevereiro de 1929 – Luxemburgo, 23 de abril de 2005), economista alemão, doutorado em Economia na Universidade de Chicago em 1957, um dos principais cientistas sociais radicais do fim do século XX, que dividia com Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto a formulação do que veio a ser conhecido como “Teoria da Dependência”.

Formado nos Estados Unidos, lecionou no Brasil, no México, no Chile, na Inglaterra, na Alemanha e na Holanda. Seu livro-tese foi Capitalismo e Desenvolvimento na América Latina.

O nome de Andreas (André) Gunder Frank está associado nas ciências sociais ao que ficou conhecido como “teoria da dependência”, da qual foi um dos formuladores nos anos 60.

Há até hoje divergências sobre a paternidade da teoria -na mesma época em que Gunder Frank publicava seu livro “Capitalismo e Subdesenvolvimento na América Latina”, os sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto finalizavam “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, lançados ambos em 1967.

Em 1992, o cientista político Robert A. Packenham, professor da Universidade de Stanford (EUA), publicou o livro “O Movimento da Dependência”, no qual questionava a primazia de FHC e Faletto sobre a teoria.

A questão, porém, é mais complexa. Não há uma “teoria da dependência”, mas um conjunto de escritos e de pensadores que, reunidos na América Latina nos anos 60, renovaram o pensamento de esquerda. As teorias acerca do imperialismo e os trabalhos desenvolvidos pela Cepal desde o final dos anos 40 sobre as relações entre centro e periferia capitalista foram absorvidos e reelaborados pelo que ficou conhecido como dependentismo.

A maior divergência entre Gunder Frank e FHC/Faletto refere-se à possibilidade de desenvolvimento das nações periféricas, como o Brasil. Enquanto o primeiro, ligado à esquerda marxista norte-americana, defendia que a dependência condenava à estagnação econômica, FHC e Faletto argumentavam que este desenvolvimento já estava ocorrendo, porém de forma subordinada. O país seria uma espécie de sócio menor do capitalismo avançado.

Isso, em particular para FHC, não era um dado negativo, mas da realidade. Daí derivam também as divergências políticas entre Gunder Frank, que pregava a ação revolucionária rumo ao socialismo, e o sociólogo brasileiro, adepto do reformismo dentro dos limites oferecidos pelo capitalismo.

Nascido em Berlim (Alemanha), Frank vivia em Luxemburgo desde o final de 2003, mas morou em diversos países. Deixou a Alemanha na década de 40. Morou, entre outros lugares, nos EUA, no Canadá, no Chile e no Brasil, no início da década de 60, onde teve seu primeiro filho.

Gunder Frank faleceu dia 23 de abril de 2005, aos 76 anos, em Luxemburgo, vítima de câncer.
(Fonte: Veja, 4 de maio de 2005 – ANO 38 – N.° 18 – Edição 1903 – DATAS)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil – FOLHA DE S.PAULO – BRASIL / MEMÓRIA / Por DA REDAÇÃO – São Paulo, 26 de abril de 2005)

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Economista alemão, doutorado em Economia na Universidade de Chicago em 1957, André Gunder Frank foi professor em diversas universidades européias, africanas e americanas, entre elas Iowa, Michigan, Santiago de Cuba, Brasília e Santiago do Chile.

Enquanto estudava economia na Universidade de Chicago ao seu redor estava se formando e desenvolvendo o núcleo duro da teoria econômica anti-keynesiana. Aquela universidade e aquele departamento foram os centros de irradiação do neomonetarismo e o neoliberalismo. Apesar disso, André G. Frank adotou as posturas radicais e neomarxistas, em contato com Paul Sweezy e a Monthly Review.

Em meados dos anos 60, Gunder Frank liderou a corrente mais radical da nascente “Teoria da Dependência”, em oposição ao desenvolvimentismo que mantinham então Raúl Prebish, Aldo Ferrer, Celso Furtado e outros. Sob a influência da revolução cubana e do debate chinês-soviético daquela época se uniu aos mais jovens e radicais teóricos latino-americanos da dependência econômica: Fernando Henrique Cardoso, Theotonio dos Santos, Ruy Mauro Marini e Vânia Bambirra.
A sociedade mundial tem desenvolvido uma dinâmica centro-periferia, na qual os países subdesenvolvidos têm sido condenados ao papel de provedores de matérias primas. Esse foi sempre o papel de América Latina, e esse papel é o que tem bloqueado seu desenvolvimento. A burguesia latino-americana, devido à forma na qual tem crescido e se sustentado, é a primeira interessada na manutenção de relações de dependência com a metrópole.

A partir dos anos 80 Gunder Frank se uniu à corrente historicista dos World Systems (também assumiu um papel de liderança na sua ala mais radical) criada por Immanuel Wallerstein, que propunha uma visão unificada do sistema econômico mundial que funciona como sistema único, no mínimo, há vinte e cinco séculos. Nesse sistema a economia chinesa teve sempre um papel central até que a revolução industrial do século XVIII deslocou o centro para a Europa.
Frank faleceu em 23 de abril de 2005, depois de ter travado uma longa luta de doze anos contra o câncer, o que não lhe impediu de seguir trabalhando e publicando até o final.
(Fonte: www.corecon-rj.org.br/Grandes Economistas)

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