Albert Speer, arquiteto oficial e um dos mais íntimos colaboradores de Adolf Hitler

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Speer, o arquiteto oficial de Hitler

 

(Photo): Albert Speer à (esq.)

(Photo): Albert Speer à (esq.)

 

Arquiteto amador: O terceiro remodelador de Berlim

 

 

Berthold Konrad Hermann Albert Speer (Mannheim, 19 de março de 1905 – Londres, 1º de setembro de 1981), foi um dos mais íntimos colaboradores de Adolf Hitler, foi o terceiro remodelador de Berlim.

 

Nas três vezes em que Berlim passou por reforma, reconstruída, ganhando os contornos que exibe até hoje, estava por detrás e existia sempre o cérebro do arquiteto Karl Friedrich Schinkel, um grande chefe. Os reis prussianos deixaram a reconfiguração de sua modesta capital nas mãos do arquiteto, que a encheu de monumentos neoclássicos.
Na segunda vez que tentaram dar a Berlim um aspecto grandioso, em 1906, o próprio kaiser Guilherme II supervisionou as obras.

Hitler encomendou de Albert Speer edifícios monumentais, alguns dos quais nunca chegaram a ser construídos.

 

Speer entrou para o Partido Nazista em 1931. Com grande talento na arquitetura, rapidamente se tornou uma das pessoas mais próximas de Hitler. O ditador designou Speer para a construção de diversas obras, incluindo a Chancelaria do Reich. Speer também fez planos para a reconstrução de Berlim, com grandes edifícios, amplas alamedas e renovação do sistema de transporte.

 

Em 1934, tornou-se o arquiteto oficial do Führer. Alguns de seus planos para Berlim, no entanto, que ele pretendia transformar num monumento vivo ao nazismo, dotada de um arco do triunfo 49 vezes maior que o de Paris, nunca chegaram a ser executados.

 

Em 1942, Hitler o nomeou ministro de Armamentos do Terceiro Reich. Preso ao terminar a guerra, foi um dos 24 chefes nazistas julgados em Nuremberg. Acusado de usar milhões de civis em trabalhos forçados, foi o único dos réus a admitir sua culpa.

 

Como Ministro do Armamento, Speer foi responsável pela grande produtividade da Alemanha neste setor nos anos finais da Segunda Guerra Mundial.

 

Em janeiro de 1938, Hitler pediu para Speer construir uma nova Chancelaria. Hitler deu prazo até 10 de janeiro de 1939, quando o führer teria uma recepção de diplomatas. O projeto foi um grande desafio, pois a Chancelaria deveria permanecer no mesmo local do que a antiga, que estava em pleno funcionamento.

 

Após consultar seus assistentes, Speer concordou com a obra. A construção foi concluída em nove meses. Ela incluía um vasto saguão, que foi projetado para ser duas vezes maior que o do Palácio de Versalhes.

 

Este setor foi muito danificado durante a Batalha de Berlim em 1945, sendo completamente destruído pelos soviéticos, que usaram o mármore das ruínas na construção do Memorial de Guerra Soviético.

 

Em 1946, ele foi julgado em Nuremberg e sentenciado a 20 anos de prisão por sua participação no regime nazista, principalmente pelo uso de trabalho escravo nos campos de concentração. Ele serviu a maior parte de sua sentença na prisão de Spandau na Berlim Ocidental.

 

Após sair de Spandau em 1966, Speer publicou dois best-sellers autobiográficos: Por Dentro do III Reich e Spandau – O Diário Secreto, detalhando seu relacionamento com Hitler e fornecendo histórias desconhecidas sobre o Terceiro Reich. Ele ainda escreveu um terceiro livro, Infiltration, sobre a Schutzstaffel.

 

Passou vinte anos na prisão de Spandau, onde escreveu suas memórias.

Albert Speer faleceu em Londres, onde se encontrava para gravar um documentário para a BBC, dia 1º de setembro de 1981, aos 76 anos, de derrame cerebral.

(Fonte: Veja, 9 de setembro de 1981 – Edição 679 – DATAS – Pág: 108)

(Fonte: Veja, 3 de janeiro de 1996 – ANO 29 – N° 1 – Edição 1 425 – ARQUITETURA/ Por William Waack, de Berlim – Pág: 98/101)

Albert Speer e o fim do mito do “bom nazista”

Filme “Speer goes to Hollywood” narra como ministro e arquiteto de Hitler distorceu fatos, eximindo-se da culpa pelo Holocausto e se tornando rico autor de best-sellers. Ele dizia que apenas cumpriu seu dever no regime.

“Encontrei um homem que encarnava o mal, e para quem a vida humana não tinha qualquer valor interior”: é o veredicto da diretora israelense Vanessa Lapa sobre Albert Speer, protagonista de seu novo filme, Speer goes to Hollywood, que teve estreia em 2020 na 70ª Berlinale. Mas acrescenta que ele trata também “do meu despertar pessoal – assim como das tentativas de Speer de embalar o mundo no esquecimento”.

Speer continua despertando enorme interesse, tanto na Alemanha quanto no resto do mundo. Nascido em Mannheim em 1905, ele pertencia ao círculo de liderança da Adolf Hitler, como ministro de Armamentos e Produção de Guerra. Arquiteto formado, além de planejar uma nova Berlim, ele realizou edificações monumentais para os nacional-socialistas.

Após a Segunda Guerra Mundial, escapou por pouco da pena de morte, sendo condenado a 20 anos de prisão nos Processos de Nurembergue. Libertado em 1966, ele publicou diversos livros apresentando “sua” visão dos fatos. O resumo é que ele nada sabia dos genocídios dos nazistas, e durante o regime só cumpriu seu “dever”.
Seus livros, em especial Erinnerungen (Memórias) lançado em 1969, assim como, seis anos mais tarde, Spandauer Tagebücher (Diários de Spandau), se tornaram best-sellers, com que ele faturou muito.
Como podia ser? Um nazista de alto escalão e braço direito de Hitler pretendendo não saber de nada? Um criminoso condenado pelos Aliados era agora um autor rico? Como pôde dar certo essa sua tentativa de se lavar da culpa?
Por muito tempo, Vanessa Lapa formou uma imagem errada de Speer, mas nisso não esteve sozinha. Tampouco ela é a primeira pessoa que se ocupa do “fenômeno Speer”: um ano antes da morte do nazista, em 1981, o historiador Matthias Schmidt lançou o livro Albert Speer. Das Ende eines Mythos – Speers wahre Rolle im Dritten Reich (O fim de um mito – O verdadeiro papel de Speer no Terceiro Reich).
Seguiram-se outros, sendo o mais recente Albert Speer. Eine deutsche Karriere (Uma carreira alemã), em 2017, de Magnus Brechtken. Essas publicações demonstram como o arquiteto minimizou e falsificou sua participação no nacional-socialismo. E como muitos intelectuais alemães sucumbiram a seu poder sedutor.
Não há dúvida de que ele tenha sido responsável pelo genocídio e a morte de tantos nos campos de extermínio. Enquanto ministro responsável, entre outros setores, pela indústria armamentista, é acusado sobretudo de ter aperfeiçoado o sistema de trabalhos forçados, causando a morte de muitos milhões de trabalhadores.
Contudo, mesmo após a morte de Speer manteve-se a lenda do “inocente” Albert Speer. Até mesmo grandes produções cinematográficas como A queda, de 2004, indicada para o Oscar, cuidaram para que a “lenda Speer” perdurasse. Os dados meticulosamente compilados dos historiógrafos praticamente não tiveram ressonância junto ao grande público.
Só lentamente – e, por sua vez, graças a um filme como Speer und Er (Speer e ele, 2005), de Heinrich Breloer – o mito do “bom nazista” implodiu. Speer goes to Hollywood deixa isso claro agora, ao contribuir com mais uma faceta da história da recepção.

 

 

Por dentro do Terceiro Reich

 

 

Em 1971, o estúdio cinematográfico americano Paramount planejava filmar as Memórias de Speer. Era grande a tentação de levar às telas o tema nacional-socialismo em combinação com um sobrevivente que pertencera à alta liderança do regime de extrema direita.

 

Na época com 26 anos, Andrew Birkin (irmão da atriz Jane Birkin, mais tarde bem-sucedido roteirista de O nome da rosa e O perfume, entre outros) encontrou-se com Speer para conversar sobre o roteiro de uma versão cinematográfica do best-seller.

 

Para seu filme, Vanessa Lapa examinou 40 horas dessa conversa entre Birkin e o líder nazista, nunca publicadas, e as ilustrou com imagens. Ela mostra Speer nos anos após ser libertado, também muito material do Julgamento de Nurembergue, imagens dos campos de concentração e cenas das fábricas de armamentos nazistas. O núcleo da obra, porém, é o longo diálogo, em parte lido por atores.

Aqui fica nítido como Speer conseguia seduzir, “ninar” seus interlocutores: “Ele fala livremente e sem inibições, e ‘corrige’ o passado enquanto fala”, explica a cineasta. “A aura que irradia é de um homem elegante, lembrando antes um nobre rural do que de um genocida de milhões.”

 

Descrevendo o carisma em parte responsável pela criação da lenda, ela afirma que “o segredo está em sua eloquência tranquila, seu intelecto aguçado e sua capacidade inata de encantar e manipular os indivíduos a seu redor, sejam juízes de Nurembergue ou jornalistas, editores e cineastas”. “Isso o ajudou a reescrever o passado e sua própria participação nele.”

 

O projeto da Paramount acabou por fracassar. E o estúdio desistiu de uma hora para outra, considerando grande demais o risco de um filme baseado nas “memórias” de um nazista. Entre os que perceberam a tática de Speer, esteve o cineasta britânico Carol Reed (O terceiro homem), que na época se correspondia com Birkin.

 

Uma década mais tarde, aliás, as memórias de Albert Speer acabaram sendo filmadas para a TV, pela emissora americana ABC, sob o título em inglês do livro, Inside the Third Reich (Por dentro do Terceiro Reich). Estrelada por Rutger Hauer, John Gielgud e Maria Schell, a produção oferece um olhar mais crítico e distanciado da versão da história vendida pelo arquiteto do Holocausto.
(Fonte: Deutsche Welle – NOTÍCIAS / CULTURA / CINEMA / Por Jochen Kürten – 19.03.2020)
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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