Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, foi vocalista do Barão Vermelho e seguiu em carreira solo, que se sobressaiu no rock nacional

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Artista, foi vocalista do Barão Vermelho e seguiu em carreira solo

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Agenor de Miranda Araújo Neto (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 – Rio de Janeiro, 7 de julho de 1990), o Cazuza, cantor e compositor que se sobressaiu no rock nacional por dois motivos. Primeiro, por ser um letrista acima da média no gênero, fazendo em seus versos uma inesperada combinação entre a agilidade do rock e um romantismo rasgado ao estilo de Dolores Duran e Lupicínio Rodrigues.

 

Os cinco LPs lançados em sua carreira solo, iniciada em 1985 depois de três anos como vocalista do grupo Barão Vermelho –Exagerado (1985) Só Se For a Dois (1987), Ideologia (1988), O Tempo Não Pára (1988) e Burguesia (1989) -, são uma síntese de estilo do compositor e de sua habilidade em fazer versos de efeito desconcertante quando entoados sobre guitarras de rock.

Um exemplo:
Senhoras e Senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva.

 

A segunda razão da notoriedade de Cazuza é que, sabendo-se portador do vírus da Aids desde 1987, tornou pública a sua doença. Com a revelação, Cazuza quebrou um tabu, já que a maior parte dos artistas que contraem Aids – como Rock Hudson ou Lauro Corona – costuma esconder essa condição.

 

Desde então, seu árduo combate contra a doença – tendo como armas internações periódicas em clínicas dos Estados Unidos e tratamentos com AZT e a nova droga DDI – comoveu seus fãs. Emagrecendo dia a dia, mantendo um arsenal de equipamentos hospitalares em seu apartamento no Leblon, no Rio de janeiro, e, nos últimos meses, impossibilitado de se locomover sem o auxílio de uma cadeira de rodas, Cazuza continuou fazendo shows enquanto pôde. Não parou de compor e ainda deixou um disco póstumo com catorze músicas.

 

 

Ao longo de sua fulminante trajetória, foi vocalista do Barão Vermelho e, na sequência, seguiu em carreira solo.

 

O tempo não para: o cantor e poeta Cazuza, seu legado permanece.

 

 

A seguir, relembre histórias, músicas e curiosidades do poeta. 

 

 

1) Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de abril de 1958. Ele é ariano.

 

2) Ganhou o apelido pelo qual ficou conhecido ainda na barriga da mãe. O seu pai começou a chamá-lo de Cazuza – sinônimo de moleque no Nordeste.

3) Filho da costureira Lucinha Araújo e do produtor musical João Araújo, que chegou a presidir a gravadora Som Livre, era de uma família de classe média alta.

 

 

4) Por conta do ambiente profissional de seu pai, Cazuza cresceu cercado por artistas como Elis Regina, Caetano Veloso e os Novos Baianos.

 

 

5) Durante sua juventude, foi colega de escola e amigo do jornalista Pedro Bial.

6) Quando tinham 11 anos, os dois deveriam entrevistar alguém importante para um trabalho da escola. O pai de Cazuza conseguiu que o poeta e compositor Vinicius de Moraes recebesse a dupla. Vinicius concedeu a entrevista em sua banheira e deu uísque para os dois. O poeta teria se impressionado com o conhecimento de Cazuza e Bial.

7) Aos 15 anos, ele seguia o poeta Carlos Drummond de Andrade quando saía para passear no Leblon e em Ipanema, no Rio. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, sua mãe lembrou que costumava alertá-lo:

– Meu filho, ele vai achar que você quer assaltá-lo. E ele respondia que o poeta nem reparava e que ele fazia isso porque o admirava muito.

8) Desde jovem Cazuza já se expressava por meio da escrita. Aos 17 anos, dedicou um poema a sua avó materna, Maria, que havia morrido. Anos mais tarde, o registro viraria uma música interpretada por Ney Matogrosso, intitulada Poema.

9) Foi com 17 anos que Cazuza conheceu o cantor Ney Matogrosso. Os dois tiveram um relacionamento amoroso curto, porém a amizade permaneceu.

10) Cazuza chegou a cursar comunicação social, mas logo abandou a faculdade.

11) Ele trabalhou como divulgador na gravadora Som Livre, presidida pelo pai.

 

12) Em seguida, partiu para São Francisco, Estados Unidos, para estudar fotografia. Voltou ao Brasil sete meses depois, sem o diploma do curso.

 

 

13) Matriculou-se no curso de teatro ministrado por Perfeito Fortuna e a trupe Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador, no Arpoador, no Rio. Foi no teatro que Cazuza descobriu que gostava mesmo de cantar.

 

14) Cazuza foi indicado pelo cantor Léo Jaime para ser o vocalista de uma banda de adolescentes chamada Barão Vermelho.

 

 

15) O vocalista foi aprovado no primeiro ensaio. O grupo era formado por Frejat (guitarra), Dé (baixo), Maurício Barros (teclado) e Guto Goffi (bateria).

 

 

16) O primeiro show do Barão Vermelho foi em um festival em condomínio, na Barra da Tijuca, com Cazuza bêbado. Sempre coruja, a mãe do cantor marcou presença na apresentação.

 

 

17) O Barão Vermelho só foi gravar seu primeiro disco pela Som Livre após muita insistência do produtor Ezequiel Neves, conhecido como Zeca, e do diretor artístico Guto Graça Mello com o pai de Cazuza, que não aceitava gravar as músicas de seu filho. Só após a sétima tentativa de Ezequiel e Guto, ele resolveu dar uma chance à banda.

18) Ezequiel e Guto haviam se encantado com um fita demo da banda, gravada em 1981.

 

 

19) Lançado em 1982, o primeiro álbum do Barão Vermelho leva o nome da banda. Cazuza e Frejat compuseram boa parte das faixas. Esta parceria seria um ponto forte do grupo nos três primeiros discos.

 

 

20) Entre as faixas que se destacam do álbum de estreia estão Down em MimPonto Fraco e Todo Amor que Houver Nessa Vida.

 

 

21) Todo Amor que Houver Nessa Vida cairia nas graças de Caetano Veloso, que incluiria a música em suas apresentação.

 

 

22) O segundo disco, intitulado Barão Vermelho 2, sairia em 1983 e traria faixas como Pro Dia Nascer Feliz e Carente Profissional.

23) Até o segundo disco, o Barão Vermelho não tinha apelo comercial ou tocava nas rádios. Tudo mudou quando Ney Matogrosso decide regravar Pro Dia Nascer Feliz. As emissoras passariam a executar a versão original do Barão, tornando-se o primeiro hit da banda.

24) O bem-sucedido Maior Abandonado, terceiro álbum do grupo, seria lançado em 1984. Foi o último disco do Barão com Cazuza como vocalista.

25) A faixa que ajudaria a impulsionar as vendas do terceiro álbum seria Bete Balanço, trilha sonora de filme com o mesmo nome, de 1984.

26) Dirigido por Lael Rodrigues e estrelado por Débora Bloch, Cazuza e sua banda participariam do longa Bete Balanço.

27) Nos dias 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio. O show do dia 15 coincidiria com a eleição do presidente Tancredo Neves, simbolizando o fim da ditadura militar. Cazuza anunciou esse fato ao público presente e para comemorou cantando Pro Dia Nascer Feliz.

 

 

28) Cazuza realizava shows intensos, imprevisíveis, às vezes sob muito efeito de álcool e drogas.

 

 

29) Em uma apresentação do Barão que estava atrasada para começar, Frejat abriu à força a porta de banheiro onde Cazuza estava cheirando cocaína e, no arrombamento, machucou o supercílio e o lábio do vocalista com o trinco.

30) Cazuza saiu do Barão Vermelho em 1985, durante os preparativos do quarto álbum. Parte deste repertório seria incluso em seu disco solo de estreia. Frejat assumiria o vocal da banda.

31) Não demoraria para Cazuza e Frejat fazerem as pazes e voltar a compor juntos. O reencontro teria sido selado com um abraço de paz nos bastidores do programa Disco de Ouro, da Globo.

32) O cantor queria experimentar um repertório mais abrangente, explorando suas referências da MPB, enquanto Frejat queria que o Barão focasse no rock.

33) Foi por volta de 1985 que Cazuza passaria a ter febre quase diariamente, indícios do vírus HIV que se agravaria mais tarde.

34) Em novembro de 1985 seria lançado Exagerado, o primeiro disco solo de Cazuza.

35) Além da faixa título, o álbum de estreia do cantor é recheado de sucessos, como Mal Nenhum e Codinome Beija-Flor.

 

36) Por outro lado, a canção Só As Mães São Felizes teria sua divulgação nas rádios proibida por conter obscenidades na letra.

 

 

 

37) Só As Mães São Felizes seria o título da biografia do cantor escrita por sua mãe, Lucinha, em parceria com a jornalista Regina Echeverria. O livro foi lançado em 1997.

38) Em março de 1987, Cazuza lançaria seu segundo disco solo, Só se For a Dois. Explorando diferentes musicalidades e distanciando-se do rock, ele diria estar exercitando um lado “cantor de churrascaria” no álbum.

 

39) Entre os destaques do segundo álbum estaria O Nosso Amor a Gente Inventa (Uma Estória Romântica)Solidão Que Nada e Vai à Luta.

 

 

40) Cazuza foi diagnosticado com aids em 1987. Ao receber a notícia teve uma crise, sendo amparado pelo produtor Ezequiel.

 

 

41) Iniciou o tratamento contra a aids em maio de 1987, em Boston (EUA). Acompanhado de seus pais, ficou internado por dois meses.

42) Cazuza se submeteu a tratamentos com AZT, que o fizeram perder cabelo e peso. Porém, ao voltar ao Brasil, ele não iria seguir as recomendações médicas. Voltaria, então, a seu estilo boêmio de vida .

43) O cantor iria falar sobre sua relação com a aids no disco Ideologia, de 1988, em versos como “Meu prazer agora é risco de vida”, da faixa título do álbum, e “Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”, de Boas Novas.

44) O terceiro disco solo seria um dos maiores êxitos da carreira de Cazuza, com faixas aclamadas como IdeologiaBlues da Piedade e Faz Parte do Meu Show.

45) Outro destaque seria a faixa Brasil, que seria regravada por Gal Costa e se tornaria tema de abertura da novela Vale Tudo.

46) Gravado em 1988 no Canecão, no Rio, o disco ao vivo O Tempo Não Para seria lançado em janeiro de 1989. O show seria dirigido por Ney Matogrosso.

47) Em entrevista a Zeca Camargo, publicada na Folha de S.Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1989, o cantor admitiu que tinha o vírus da aids.

48) Com o título de “Uma vítima da Aids agoniza em praça pública”, Cazuza seria a capa da revista Veja do 26 de abril de 1989, que traria uma polêmica reportagem sobre o sofrimento causado pela doença no cantor. Amigos e familiares consideraram a publicação sensacionalista.

Cazuza foi a capa da revista Veja do 26 de abril de 1989. (Foto: DIREITOS RESERVADOS)

49) No livro Cazuza – Só as Mães são Felizes, Lucinha Araújo conta que seu filho começou a chorar após ler a matéria. A mãe do cantor relata que ele passou mal e precisou ser internado, com queda na pressão arterial.

50) A capa da Veja foi condenada por um manifesto preparado por artistas e músicos no Prêmio Sharp, no Rio, na mesma semana em que a publicação foi divulgada. O texto, que defendia e apoiava Cazuza, foi lido pela atriz Marília Pêra.

51) Na premiação, Cazuza recebeu os prêmios de melhor música e música do ano por Brasil, e Ideologia foi premiado como o melhor disco de rock. Em meio ao seu tratamento, o cantor compareceu à cerimônia de cadeira de rodas.

52) Em 1989, Cazuza gravou seu último disco em meio a suas internações, bastante debilitado. Intitulado Burguesia, o álbum duplo foi lançado em agosto daquele ano.

53) Em outubro de 1989, Cazuza voltou para Boston, onde ficou internado até março de 1990.

54) Aos 32 anos, Cazuza morreu no dia 7 de julho de 1990, em decorrência de um choque séptico causado pela aids.

55) Após sua morte, seus pais fundaram a ONG Sociedade Viva Cazuza, em 1990, com a finalidade de dar suporte à população carente afetada pelo HIV.

56) Em 1991 foi lançado o disco póstumo Por Aí, contendo sobras de estúdio. Nesse álbum há um cover de Camila, Camila, do Nenhum de Nós, cantado com Sandra de Sá.

57) Dirigida por Sandra Werneck e Walter Carvalho, a cinebiografia Cazuza – O Tempo Não Para foi lançada em 2004. No filme, o cantor é interpretado por Daniel de Oliveira.

58) O cantor também teve sua trajetória passada a limpo no espetáculo Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, o Musical. Lançado em 2013, a montagem foi dirigida por João Fonseca e estrelada por Emílio Dantas.

59) Em 2013, Cazuza virou holograma para apresentação em São Paulo – repetida no Rio no ano seguinte. A banda que acompanhou a projeção era formada por nomes como o George Israel, Leoni, Guto Goffi, entre outros. O show com o holograma durou 20 minutos. Gal Costa e Paulo Ricardo interpretaram outros hits do cantor.

60) Depois de anos após a sua morte, Cazuza segue vivo em festas, rádios e shows.

Cazuza morreu dia 7 de julho de 1990, aos 32 anos, no Rio de janeiro, de insuficiência respiratória e edema pulmonar, ocasionada pela Aids.

(Fonte: Veja, 18 de julho, 1990 –Edição 1139 –Datas –Pág; 78)

(Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/musica/noticia/2018/04 – Ano 54 – N° 19.053 – CULTURA E LAZER / MÚSICA / NOTÍCIA – FAZ PARTE DO SEU SHOW – 04/04/2018)

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