Abdullah bin Abdul Aziz, rei da Arábia Saudita, considerado um reformista e um um dos principais defensores da paz no Oriente Médio

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O rei Abdullah, da Arábia Saudita: ele foi o mais importante aliado dos EUA no mundo árabe

Abdullah bin Abdul Aziz (Riade, Arábia Saudita, em 1º de agosto de 1924 – Riade, Arábia Saudita, 23 de janeiro de 2015), rei da Arábia Saudita, era considerado um reformista e manteve uma relação bastante próxima ao parceiro EUA

O rei Abdullah subiu ao trono em 2005 após a morte de seu irmão Fahd, mas dirigia o país de fato desde 1995. Nos últimos tempos, suas aparições em público se tornaram cada vez menos frequentes, motivo pelo qual foi frequentemente representado pelo príncipe Salman.

Nascido em Riade em 1924, Abdullah é um dos doze filhos do fundador da Arábia Saudita, Abdul-Aziz Al Saud. Ele se tornou príncipe saudita em 1982 e assumiu o poder da nação rica em petróleo em 1995, quando seu irmão Fahd, então monarca, ficou incapacitado devido a um derrame. Quando Fahd morreu, em 2005, Abdullah assumiu oficialmente o trono. Ao longo do período, foi visto como reformista, com frequentes enfrentamentos com clérigos mais linha-dura do islã.

Abdullah era visto como um reformista, ampliando a participação das mulheres na sociedade, e um um dos principais defensores da paz no Oriente Médio.

Sua influência foi tão grande que, no ano 2000, Abdullah convenceu a Liga Árabe a aprovar uma oferta segundo a qual todos os países árabes – o Irã é persa – concordariam em estabelecer a paz com Israel se o Estado judaico devolvesse a seus vizinhos os territórios conquistados em 1967, na Guerra dos Seis Dias. Logo, o então presidente norte-americano, George W. Bush, passou a advogar em favor da criação do Estado Palestino, posição até então impensável a um governante americano.

O monarca inclusive visitou Bush no rancho particular do então presidente dos EUA, no Texas, em duas ocasiões (2002 e 2005).

 

Governo

 

Seu objetivo na Arábia Saudita era modernizar o reino muçulmano para encarar o futuro. Um dos maiores exportadores de petróleo, a Arábia Saudita tem grandes disparidades em termos de riqueza e uma população jovem crescente que busca postos de trabalho, habitação e educação.

 

 

Rei Abdullah (esquerda), da Arábia Saudita, (L) e o Emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, durante reunião da Organização da Conferência Islâmica (OCI) em Meca. (Foto: Arábia Agência Press / Reuters)

Rei Abdullah (esquerda), da Arábia Saudita, (L) e o Emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, durante reunião da Organização da Conferência Islâmica (OCI) em Meca. (Foto: Arábia Agência Press / Reuters)

 

 

Mais da metade da população atual de 20 milhões de habitantes tem menos de 25 anos. Para o rei Abdullah isso significava o esforço de possibilitar uma força de trabalho mais qualificada e abrir mais espaço para a participação das mulheres. Ele foi um forte apoiador de educação, criação de universidades e aumento de bolsas de intercâmbio de estudantes sauditas para o exterior.

Pela primeira vez, Abdullah deu assentos às mulheres no Conselho Sura, órgão não eleito que aconselha o rei e o governo. Ele prometeu que em 2015 as mulheres poderiam votar e disputar eleições para conselhos municipais, as únicas eleições realizadas no país. O rei saudita também nomeou a primeira vice-ministra mulher em 2009. Além disso, duas atletas mulheres competiram os Jogos Olímpicos pela primeira vez em 2012, e um pequeno grupo de mulheres recebeu licença para trabalhar como advogadas durante o seu governo.

Um dos seus projetos mais ambiciosos foi uma universidade no estilo Ocidental que leva o seu nome, a Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, aberta em 2009. Nela, homens e mulheres podem dividir a mesma sala e estudar dentro do mesmo campus, um importante ponto de partida em um país em que a conversa em público entre homens e mulheres pode levar a uma advertência da polícia.

 

O presidente egípcio, Adli Mansour, e o rei saudita Abdullah em encontro na Arábia Saudita  (Foto: Reuters)

O presidente egípcio, Adli Mansour, e o rei saudita Abdullah em encontro na Arábia Saudita (Foto: Reuters)

 

As mudanças promovidas por Abdullah podem parecer pequenas pela visão ocidental, mas tiveram poderosa ressonância interna. As cores foram permitidas nos trajes tipicamente pretos das mulheres; a TV estatal passou a transmitir música, proibida em décadas; e as feiras de livros abriram espaço para a participação de escritoras mulheres e, inclusive, livros proibidos.

 

 

Política externa
O rei Abdullah era um aliado poderoso dos Estados Unidos e se uniu a Washington na luta contra a al-Qaeda. Nos anos 2000, o rei convenceu a Liga Árabe a aprovar uma oferta de que os países árabes concordariam com a paz com Israel, se o país se retirasse das terras tomadas em 1967.

No ano seguinte, enviou seu embaixador a Washington para dizer ao então presidente George Bush que o apoio dos Estados Unidos a Israel era muito tendencioso e que a Arábia Saudita passaria a agir de acordo com seus próprios interesses. Alarmado com a perspectiva de um racha, Bush defendeu, pela primeira vez, a criação de um Estado palestino.

Em vários momentos a aliança com os EUA se estremeceu, como nas crises entre israelenses e palestinos. E ser chefe de Estado do país com a segunda maior reserva de petróleo do mundo e com fortes relações comerciais com Washington só deu a Abdullah mais força nas relações.

Nos últimos anos, o rei forçou a administração de Barack Obama a se posicionar de forma mais dura contra o Irã, nação que o monarca sempre viu como inimiga devido à disputa dos países pela influencia no mundo islâmico. Abdullah também exigiu mais ajuda aos rebeldes que tentam derrubar Bashar Al-Assad do poder na Síria, parceiro iraniano e adversário natural dos sauditas.

Em 2003, quando militantes da al-Qaeda deram início a uma onda de violência na Arábia Saudita, Abdullah os reprimiu duramente e, nos três anos seguintes, as forças de segurança conseguiram forçá-los a fugir para o vizinho Iêmen.

Mais recentemente, o rei saudita também levou o governo Obama a tomar uma posição mais dura contra o Irã e a frear os rebeldes que combatem na Síria para derrubar o presidente Bashar Assad.

Após os ataques de 11 de Setembro, Abdullah foi bastante criticado pelo fato de 15 dos 19 sequestradores dos aviões usados no atentado terem vivido na Arábia Saudita – também apontada como base ideológica da Al-Qaeda, fundada pelo também saudita Osama Bin Laden.

Mas, em 2003, quando integrantes do grupo terrorista iniciaram uma onda de violência com o objetivo de chegar ao trono, Abdullah os contra-atacou com mão de ferro. Ao longo de três anos, as forças de segurança combateram militantes, que acabaram sendo forçados a se mudar ao Iêmen – o atual braço mais poderoso da Al-Qaeda.

 

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e Abdullah, rei da Arábia Saudita, se encontram (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e Abdullah, rei da Arábia Saudita, se encontram (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

 

Mais do que seus antecessores, Abdullah usou a influência de uma nação rica em petróleo para tentar moldar o Oriente Médio. Sua prioridade foi combater a influência do Irã xiita na região, sempre que o rival tentava fazer avanços. Junto com outros monarcas sunitas, ele se opôs ferrenhamente a onda de levantes pró-democracia no Oriente Médio e os via como uma ameaça à estabilidade.

 

 

Educação severa
Abdullah nasceu em 1924, um das dezenas de filhos do fundador da Arábia Saudita, o rei Abdul-Aziz Al Saud. Como todos os fihos de Abdul-Aziz, Abdullah teve educação rudimentar e severa, criado sob o islamismo tradicional. Um exemplo desta educação foram os três dias em que ficou na prisão quando jovem como uma punição de seu pai por não dar seu lugar a um visitante, uma violação da hospitalidade beduína.

Ele se sentia em casa em Nejd, o coração do deserto do reino, montando a cavalo e caçando com falcões. Abdullah tinha 22 filhos. Seriam mais de 30 filhos de cerca de uma dúzia de mulheres. Em 2014, duas das quatro filhas do rei Abdullah denunciaram estar presas pelo pai e postaram um vídeo no YouTube em que pediam ajuda à comunidade internacional para serem libertadas.

 

As princesas Sahar e Yawaher Bint Abdullah Al-Saud da Arábia Saudita denunciam condições as quais são submetidas pelo rei Abdullah em vídeo divulgado no YouTube (Foto: Reprodução/YouTube/Free The Princesses)

As princesas Sahar e Yawaher Bint Abdullah Al-Saud da Arábia Saudita denunciam condições as quais são submetidas pelo rei Abdullah em vídeo divulgado no YouTube (Foto: Reprodução/YouTube/Free The Princesses)

 

Sahar e Yawaher Bint Abdullah Al-Saud acusaram o pai de mantê-las encarceradas há 13 anos, junto com outras duas irmãs (Maha e Hala), em duas casas no interior do palácio real da cidade de Jidá. “Estamos destilando água do mar e comendo comida vencida”, comentou Sahar no vídeo. “Estão nos matando de fome”.

A ex-mulher do rei saudita, a jordaniana Alanoud Alfayez, de 57 anos, chegou a enviar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pedindo ajuda para libertar suas quatro filhas.

Abdullah bin Abdul Aziz  morreu à 1h de 23 de janeiro de 2015, pelo horário local (noite de quinta-feira no Brasil), anunciou a TV estatal da Arábia Saudita. Com a morte de Abdullah, seu meio-irmão Salman Ben Abdel Aziz, de 79 anos, se torna o novo rei da Arábia Saudita, segundo comunicado transmitido pela TV.

O rei Abdullah foi internado no dia 31 de dezembro em Riad para passar por exames médicos. No dia 2 de janeiro, a casa real anunciou que o monarca sofria de pneumonia e teve que ser entubado “para ajudá-lo a respirar”.

 

(Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01 – MUNDO – Do G1, em São Paulo – 22/01/2015)

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-01-22 – MUNDO – Por iG São Paulo – 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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